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Diário da Manhã completa 44 anos

Jornal se notabiliza, desde quando foi fundado pelos jornalistas Batista Custódio e Consuelo Nasser, a abrir páginas para profissionais de estilos distintos

Batista Custódio: jornalista criou publicação que é farol para a pluralidade Batista Custódio: jornalista criou publicação que é farol para a pluralidade

No dia 28 de dezembro de 1979, movido pelo espírito libertário e num ímpeto revolucionário, o jornalista Batista Custódio queria fazer um jornal que fosse pautado exclusivamente pela liberdade e pluralidade de pensamento. Poucos meses depois, no dia 12 de março de 1980, o impresso já estava nas bancas. Ao lado de Consuelo Nasser, Batista reuniu uma Redação de peso formada por nomes como Luis Carlos Bordoni, Mazinho, Mourão, Wilmar Alves, Jayro Rodrigues, Hélio Rocha e Carlos Alberto Sáfadi - este, aliás, o primeiro editor-geral.

De 1980 a 1984, período que vai da fundação ao auge do Diário da Manhã, havia sentimento coletivo de que Goiás promoveria uma revolução no jornalismo brasileiro. A Redação funcionava na Avenida 24 de Outubro, próxima ao estádio do Atlético Goianiense, no Setor Campinas. Como o trabalho exigia de seus profissionais mangas arregaçadas o dia todo, o almoço e o jantar costumavam ser ali mesmo, na Redação. E, uma vez fechada a edição, os jornalistas celebravam o término do expediente em algum boteco nas imediações.


		Diário da Manhã completa 44 anos
Consuelo Nasser: intelectual esteve à frente da criação do DM. Foto: Acervo Pessoal

Convocado pela equipe, o pintor Siron Franco se prontificava a oferecer ideias inventivas. “Na Redação, em plena torcida que trabalhava e ao mesmo tempo gritava a cada lance de perigo no jogo, Siron dava suas pinceladas numa cartolina e propunha uma ideia para a capa do caderno especial contando tudo sobre a partida”, contava Isanulfo, um dos maiores nomes do jornalismo nacional. Ele dizia que as sugestões gráficas eram aprovadas na Editoria de Arte, em meio ao que descrevia como “alegria coletiva que nos embriagava”.

Isanulfo contava, num caderno especial que comemorara os 33 anos do Diário da Manhã, em 2013, o clima dos profissionais durante a Copa do Mundo de 1982. Havia festejo, sim, mas todos ali eram movidos pelo desejo de preparar a melhor edição possível para o leitor, o que faziam com esmero. As capas, desenhadas por um já consagrado Siron, passaram à história da imprensa goiana, seja pela estética moderna ou pelos títulos bem bolados.

Com todo mundo falando alto, pessoas compartilhando ideias umas com as outras, repórteres batendo à máquina de escrever as sílabas da civilização e editores obstinados na edição a ser fechada, a Redação era habitada por uma centena de jornalistas. Afinal de contas, qualquer lugar em que seres se sentam em cadeiras para escrever reportagens precisa realmente ser um espaço aconchegante à criatividade. Naquele tempo, pré-internet e redes sociais, a comunicação se dava de forma orgânica. Falava-se muito pelo telefone.


		Diário da Manhã completa 44 anos
Jornal sempre perseguiu a modernidade. Foto: Acervo

A Redação da primeira fase se tornou uma das maiores que se tem notícia no jornalismo nacional. Havia a inteligência de Welson Silvestre, baluarte no ofício de preencher páginas com notícia, reportagem e análise para estimular a cidadania. Essa é a maior tradição do secular jornalismo impresso, na qual a atividade de reportar o cotidiano se torna um instrumento para a prática política. Pioneiro na imprensa brasileira, o DM sempre deixou suas portas - e páginas - abertas para quem desejasse manifestar seu voto e opção ideológica.

Os demais jornalistas e dirigentes, contudo, também exerciam tal direito, uma vez que não se proíbe tal manifestação no Direito Eleitoral brasileiro. Daí o DM ser, de fato, um instrumento de política e de exercício da cidadania, em busca dos direitos sociais. Sempre se observou esse compromisso ético na pena de nomes como Edson Costa e Welliton Carlos, que é o atual responsável pela edição-geral da publicação.

O DM foi ainda o primeiro diário em Goiás realmente diário, como se referia a este jornal Javier Godinho, que escreveu história de peso nas linhas do jornalismo brasileiro, pois circulava sete dias por semana. Revolucionou também ao funcionar com um conselho editorial, a ser primeiro colorido, o primeiro que teve um site, o primeiro a ter uma Redação informatizada e o primeiro a contar com um setor gráfico ultramoderno. Aliar tecnologia com jornalismo de qualidade sempre foi preocupação do presidente Júlio Nasser.


		Diário da Manhã completa 44 anos
Edição celebra 44 anos do DM. Foto: Acervo

Editor criativo, Washington Novaes sempre lembrou com carinho dos tempos de DM. Afirmava que era “um jogo de esperança” ver o jornal se engajar em tantas causas sociais, especialmente aquelas dos desfavorecidos. “Ver o jornal liderar a luta na defesa dos invasores da fazenda Caveirinha, transformados em moradores da Vila Fim Social. Foi emocionante assistir a mudança daquelas 4.500 famílias que pela primeira vez conseguiram um chão para erguer seu teto”, escreveu, no artigo “O Direito de Não Mentir”.

Nas maiores redações brasileiras e até do exterior, sempre houve jornalistas que aprenderam o básico nessa escola que formou centenas de profissionais, caso de Ulisses Aesse, Gean Carvalho, Deusmar Barreto, Bruno Rocha Lima, Tony Carlo e Fabiana Pulcinelli. Mas também se trata do veículo de comunicação que trouxe a Goiás nomes de peso do jornalismo nacional, tais como Reynaldo Jardim, Aloysio Biondi e o já citado Washington Novaes, além de Phaulo Gonçalves, João Soh e Luiz Augusto Pampinha.

Aloysio Biondi, Jorge Braga e Marco Antônio Lemos foram outros profissionais que passaram pelo DM. Nomes de destaque da mídia nacional e correspondentes internacionais levam um pouco de suas histórias no jornal. É o caso da jornalista da TV rede Globo, Lilian Teles, que iniciou sua carreira em 1987, neste jornal. Ou a falecida colunista Cristina Lôbo, do Grupo Globo, que frequentou a Redação de ambos e do extinto “Folha de Goyaz”.

O jornal é considerado uma escola de grandes jornalistas. O “Cinco de Março” venceu o prêmio Esso de 1964, ano em que o jornal se reorganizou e decidiu enfrentar, de vez, a ditadura. Tanto o Cinco de Março quanto o Diário da Manhã sofreram ataques dos governantes. Ancorados no conservadorismo, tentaram destruir a liberdade.

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