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Tribunal das redes: de quem é a culpa?

Os casos de morte por fake news no Brasil têm chamado a atenção para a impunidade dos responsáveis pela disseminação de informações falsas

- Foto: Ilustração Imagem - Foto: Ilustração Imagem

Os casos de morte por fake news no Brasil têm chamado a atenção para a impunidade dos responsáveis pela disseminação de informações falsas. No último ano foram pelo menos três mortes noticiadas: Osil Vicente Guedes, 49 anos, Jéssica Vitória Canedo, de 22 e PC Siqueira, 37. Três vítimas do "reality show" mais brutal da atualidade que acontece nas redes sociais e exibida em tempo real.


		Tribunal das redes: de quem é a culpa?
Osil Vicente Guedes. – Foto: Divulgação


Em maio de 2023, Osil Vicente Guedes, foi espancado até a morte no dia 7, por moradores de Guarujá após ser acusado de roubar uma motocicleta. As imagens do espancamento foram compartilhadas nas redes sociais e geraram uma onda de ódio contra a vítima. O homem era dono de uma empresa de reciclagem e tinha um filho de apenas 9 anos. A polícia ainda investiga quem seriam os autores da notícia falsa que ele teria sido vítima.


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Jéssica Vitória Canedo. – Foto: Divulgação


No dia 22 de dezembro de 2023, Jéssica Vitória Canedo, tirou a própria vida após ser vítima de uma fake que indicava ela ter um relacionamento amoroso com o influenciador digital Whindersson Nunes. A jovem já enfrentava problemas de saúde mental e a repercussão da notícia falsa que iniciou na rede social 'Garoto do Blog' e foi amplamente divulgada pela 'Choquei', onde inclusive o proprietário da página, teria feito posts com seu perfil pessoal para debochar de Jéssica, agravando seu quadro. Jéssica passou a sofrer perseguição de milhares de perfis que passaram a torturá-la pelas redes sociais, com comentários, ameaças e Cyberbullying.


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PC Siqueira. – Foto: Reprodução


Menos de uma semana depois do caso Jéssica, no dia 27, PC Siqueira que vinha sofrendo há pelo menos cinco anos as consequências de uma fake news com a falsa acusação do crime de pedofilia, tirou a própria vida. O caso que ocorreu com PC Siqueira foi o terceiro fato grave de denuncia falsa. Ele, que após acusações de cometer pedofilia, que foram descartadas pela polícia por falta de provas, ainda sofria perseguição, linchamento virtual e assédio moral seguidamente.

Primeiro caso de Fake News registrado no Brasil


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Fabiana da Silva. – Foto: Divulgação


No Brasil o primeiro caso de fake News que causou morte, foi o linchamento de Fabiana da Silva, uma dona de casa de 38 anos, no Guarujá, litoral de São Paulo, em 5 de maio de 2014. A mulher foi espancada até a morte por uma multidão que a acusou de raptar crianças para rituais de magia negra.

Fabiana estava voltando do trabalho quando foi abordada por um grupo de pessoas que a acusou de estar com uma criança sequestrada. A mulher tentou explicar que a criança era sua filha, mas não foi ouvida. Ela foi espancada com socos, chutes, pauladas e pedradas. A polícia foi chamada, mas Fabiana já estava morta quando os agentes chegaram ao local. O caso foi registrado como homicídio. Embora uma grande quantidade de pessoas tenham contribuido e participado ativamente do linchamento, apenas cinco homens foram condenados. Sendo três a 40 anos de reclusão, um a 30, outro a 26. O boato começou através da página 'Guarujá News'.

Uma das fotos de seu linchamento é compartilhada ainda hoje, juntamente com outros factoides, por três anos a imagem ficou vinculada à de uma criança sob a manchete: “Mulher é linchada até a morte após violentar neném com soda cáustica”.

Após a morte de Fabiana, o Senado passou a reavaliar a necessidade de leis próprias para o ambiente virtual. Uma das mais significativas mudanças foi realizada um ano após sua morte sendo a criação da Lei Nº 13.185/2015 que incluí o crime de Cyberbullying. Embora não puna os autores da fake news, se torna um condutor importante no combate a perseguição e também para processar os suspeitos de intimidação sistemática através da internet.

Uma fake news, ou notícia falsa, geralmente começa de maneiras diversas, mas algumas características comuns podem ser identificadas.

Boatos e Fofocas: Muitas fake news começam como boatos não confirmados ou fofocas. Alguém pode criar uma história sensacionalista para chamar a atenção, mesmo que não haja base factual.

Interpretação Seletiva: Às vezes, as fake news surgem quando as pessoas interpretam seletivamente informações reais para se adequar a uma narrativa específica. Isso pode envolver a manipulação de fatos ou a omissão de detalhes cruciais.

Sátira ou Paródia Mal-entendida: Algumas fake news começam como sátiras ou paródias, mas as pessoas as interpretam literalmente, levando a uma disseminação equivocada.

Desinformação Intencional: Existem casos em que indivíduos ou grupos têm a intenção deliberada de espalhar informações falsas para promover seus interesses pessoais, políticos ou ideológicos.

Conteúdo Forjado: Fake news também pode ser criada a partir do zero, com conteúdo completamente inventado. Fotos ou vídeos manipulados, por exemplo, podem ser usados para criar uma narrativa fictícia.

Uso de Fontes Não Confiáveis: A disseminação de informações de fontes não confiáveis ou sites conhecidos por publicar notícias falsas pode ser o ponto de origem de muitas fake news.

Descontextualização: Às vezes, uma notícia verdadeira é retirada do seu contexto original e apresentada de uma maneira que distorce seu significado original.

Teorias da Conspiração: Fake news pode ser impulsionada por teorias da conspiração, muitas vezes baseadas em suposições sem evidências sólidas.

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