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COTIDIANO

Costureira do papel

Com liberdade em misturar técnicas, temas e estilos, Camila Valle homenageia o Diário da Manhã, através da delicadeza de suas linhas

REPORTAGEM: Rariana pinheiro

Artistas e leitores se unem para homenagear os 21 anos de história do Cinco de Março e os 35 anos de existência do Diário da Manhã. Nasce assim a “Coleção de Artes 56 Anos de Liberdade”, que poderá ser vista de maneira permanente na sede deste Jornal, marcando ainda o surgimento de um novo espaço físico dedicado à manifestação criativa, ao encontro e à reflexão. Acrescentando vigor e diversidade a esta homenagem, está sendo formada dia a dia uma corrente em que os 35 participantes da primeira fase do projeto da Coleção indicam 21 outros artistas que ainda não tenham sido citados pela imprensa goiana em geral, e que nem por isso deixam de fazer uma arte digna do nome. É, uma vez mais, um garimpo de pedras preciosas que este Jornal, na área das artes como do jornalismo, promove em nome da evolução que é fruto de uma criteriosa renovação. Testemunhamos aqui, de forma privilegiada, a arte que dá mão à arte, o olhar que acende uma luz, a liberdade que se soma à liberdade. Em meio a tantas possibilidades, o resultado é um só: assim se torna cada vez maior e mais forte a corrente que interliga o leitor aos novos tempos.

Nesta edição, a artista Alessandra Teles nos apresenta Camila Valle


MULHER

Até onde se sabe, Camila Valle não é pertencente da família do escultor Veiga Valle, mas bem que poderia ser. Além de dividir o mesmo sobrenome e a profissão, ela é ainda apaixonada confessa pelo estilo barroco, do celebrado artista goiano. Dessa forma, seu trabalho imprime uma anacronia ímpar ao circular entre o clássico e contemporâneo. É a personificação da mistura de épocas, estilos e temas.

Mas, além da atração pelo exagero do Século XVI que a faz ficar por horas em igrejas reparando imagens barrocas, outra característica chama especialmente a atenção de Camila nas obras de Veiga Valle: as vestes de seus santos. “Gosto do traço e composição que fazia nos mantos”, explica.

Esta ligação com o mundo dos tecidos é, aliás, uma das características do trabalho desta artista, pois são justamente nas linhas, que lhe indicam a direção e – inspiração – para seu trabalho. “Costumo dizer que sou uma costureira papel. Meu desenho é de ponto e de linha e, tudo isso, faz parte do meu diálogo”, esclarece.

Assim, se expressa também, por meio do desenho em aquarela sobre papel, onde reproduz o movimento da agulha, fazendo traços que abusam da delicadeza e feminilidade. E, para isso, utiliza-se de algo que pode ser o símbolo de sua natureza retrô: o bico de pena.

Porém, sua arte ainda é mais ampla. Pois, traz crochês com fio de cobre e sempre estilosas instalações. Por vezes, pode-se ver traços de outra especialização sua: a fundição. Camila é qualificada em Joalheria e Acabamento em Joias.

Com a liberdade de fazer o que bem entender com suas amplas virtudes, ela também integra o rol de artistas, que celebra os 56 anos do Diário da Manhã. “Estou contente em participar desta homenagem, pois estamos falando de um veículo que contempla, não apenas os artistas veteranos, mas também dá oportunidade para novos talentos aparecerem”, elogia.

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