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Com belas ilustrações de ipês, baru, barbatimão, buriti e faveira, Evandra Rocha homenageia o Diário da Manhã e também deixa apelo em favor da preservação de um dos maiores biomas do mundo
Artistas e leitores se unem para homenagear os 21 anos de história do Cinco de Março e os 35 anos de existência do Diário da Manhã. Nasce assim a “Coleção de Artes 56 Anos de Liberdade”, que poderá ser vista de maneira permanente na sede deste Jornal, marcando ainda o surgimento de um novo espaço físico dedicado à manifestação criativa, ao encontro e à reflexão. Acrescentando vigor e diversidade a esta homenagem, está sendo formada dia a dia uma corrente em que os 35 participantes da primeira fase do projeto da Coleção indicam 21 outros artistas que ainda não tenham sido citados pela imprensa goiana em geral, e que nem por isso deixam de fazer uma arte digna do nome. É, uma vez mais, um garimpo de pedras preciosas que este Jornal, na área das artes como do jornalismo, promove em nome da evolução que é fruto de uma criteriosa renovação. Testemunhamos aqui, de forma privilegiada, a arte que dá mão à arte, o olhar que acende uma luz, a liberdade que se soma à liberdade. Em meio a tantas possibilidades, o resultado é um só: assim se torna cada vez maior e mais forte a corrente que interliga o leitor aos novos tempos.
______________________________________________________ PX Silveira
Nesta edição, o artista Auriovane D’Ávila nos apresenta Evandra Rocha:
REPORTAGEM: Rariana pinheiro
A capacidade da vegetação do Cerrado em se tornar ainda mais exuberante nos períodos de seca ferrenha com suas árvores retorcidas e de raízes profundas e até alguns segredos é que Evandra Rocha sente prazer em revelar: “Quando aflora o primeiro ipê branco, pode saber que vem a primeira chuva de setembro”. São estas particularidades do bioma, não apenas as maiores inspiradoras desta artista, como, há 17 anos, as únicas donas de sua criação.
Por meio da arte minuciosa da aquarela, faz uma pintura realista, em que a observação do Cerrado é o segredo de tamanha perfeição. “Quando vejo uma planta que gosto de verdade, sento perto dela e analiso tudo, folhas, cascas, fruto, cada detalhe”, acrescenta.
Nascida em Minas Gerais, ela foi uma das moradoras pioneiras de Goiânia. Este solo, que quando chegou, em 1964, tinha bem menos concreto e mais verde, tornou-se, aos poucos, determinante na escolha pela ilustração botânica. “A natureza estava em nosso quintal. Podíamos até ver raposas e lobos do lado de casa”, recorda.
Mas bem antes de se envolver com as plantas, a intimidade com as cores já prenunciava os traços de seu futuro. Os rabiscos da infância, logo deram lugar a uma adolescência repleta de arte, incentivada no internato do qual estudou. Na busca pela legítima inspiração, chegou a desenhar casarios e paisagens bucólicas, até direcionar o foco exclusivamente no Cerrado.
O dom foi devidamente ressaltando em diversas especializações. Participou, por exemplo, de diversas edições do Festival de Arte de Minas Gerais, de cursos do departamento de Cerrado da Universidade de São Paulo (USP), entre vários outros.
Logo, as mais minuciosas peculiaridades e belezas da vegetação do Centro-Oeste brasileiro foi o que Evandra mostrou em importantes exposições do pelo Brasil afora e até do mundo. Suas obras estão ainda em diversos livros, o último é o consagrado Jardim da Vida, uma parceria com Carlos Rodrigues Brandão.
Dessa forma, com técnica, precisão e sensibilidade, Evandra cuidou de deixar para humanidade um rico acervo de uma vegetação, que, se não cuidada, poderá ser vista apenas em suas aquarelas. Por isso, é com uma arte, que além de bela, é consciente, ela homenageia a história do Diário da Manhã. Mas, conjuntamente à celebração, deixa recado aos seus leitores: “precisamos preservar toda esta riqueza. Porque o Cerrado está morrendo”, alerta.
Assista a entrevista completa com Evandra Rocha no DMTV, a TV on-line do Diário da Manhã.
dm.com.br/dmtv fb.me/dmtvonline
