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Boletim da violência combate abuso doméstico em Goiânia

DA ASSESSORIA COM REDAÇÃO

A Secretaria da Saúde passou a compor, em 2014, a Rede Integrada de Segurança, coordenada pela Secretaria de Segurança Pública, em parceria com entidades de classe e outros órgãos do poder público. A coordenadora de Vigilância de Violência e Acidente da SES, Maria de Fátima Rodrigues, explica que os mapeamentos estão sendo executados para identificar os principais focos de violência doméstica em Goiânia e, assim, traçar medidas de combate a tais abusos.

Em setembro foi divulgado o sexto Boletim Epidemiológico da violência na Capital. Em entrevista, a coordenadora de VVC da SES fala sobre como está funcionando a vigilância.

Como a Secretaria da Saúde tem contribuído para o trabalho realizado pela Rede Integrada de Segurança?

Maria de Fátima Rodrigues – A SES trabalha na prevenção e na vigilância epidemiológica das violências domésticas, sexual e outros tipos de violência. Ou seja, ela faz toda a análise dos dados registrados de óbito e de internações decorrentes dessas violências e esse boletim serve para subsidiar outros órgãos e parceiros na implantação de ações que possam reduzir essas ocorrências em Goiânia. Cabe à Secretaria Estadual de Saúde: recrutar dados e fazer a análise para propor e viabilizar ações que venham reduzir a violência na área delimitada como mancha criminal goiana.

Algumas áreas foram eleitas para receber esse trabalho mais de perto. Como elas foram escolhidas?

Maria de Fátima Rodrigues – Quinze bairros de Goiânia compõem a mancha criminal. Esses bairros foram elencados a partir das taxas de mortalidade por homicídio doloso levantadas pela Secretaria de Segurança Pública. Neste último boletim, vimos que as áreas que mais se destacaram nos casos de violência foram Jardim Guanabara, Novo Mundo e Setor Central.

Como é feito o levantamento para compor os boletins epidemiológicos da violência?

Maria de Fátima Rodrigues – Os dados são extraídos do Data SUS, referente ao sistema de informação de mortalidade, e também das notificações de violência. Todos os usuários das redes de atenção à saúde, sejam elas atendidas em unidades de saúde municipal ou estadual, passam a integrar essa estatística. Então, a partir dos dados de mortalidade e de violência contra pessoas, podendo ser tanto mulher quanto idoso, criança ou adolescente. A partir desse levantamento formulamos as análises para compor o Boletim Epidemiológico.

Isso significa que a vítima de violência, ao ser atendida na rede pública de saúde, precisa revelar que foi agredida?

Maria de Fátima Rodrigues – Na verdade, as vítimas de violência normalmente não relatam que foram vítima de algum abuso: sexual ou doméstico. Mas os profissionais de Saúde que as atendem já estão capacitados para identificar a natureza das lesões, amparados em indícios científicos. Então quando eles identificam ou confirmam a violência é feito esse registro. A maioria das vítimas sofre em silêncio. Ainda assim, os profissionais conseguem fazer a identificação.

Quais os principais indícios levantados no último Boletim Epidemiológico sobre a violência?

Maria de Fátima Rodrigues – A violência está mais predominante no sexo feminino, embora também ocorra no sexo masculino. Lembrando que violência doméstica não é só aquela cometida contra a mulher, mas a que é voltada contra o idoso, a criança. O fato de ser doméstico significa que o autor da violência tem um vínculo com a vítima, seja um parentesco ou um laço de amizade. Muitas vezes ela fica associada apenas à agressão contra a mulher, mas é muito mais ampla. E outro dado que o boletim traz é que ao separar por faixa etária, a violência está mais presente entre adultos jovens de 20 a 59 anos, contra o sexo feminino. Já na faixa etária de adolescentes entre 10 a 19 anos, a violência está mais caracterizada no sexo masculino.

Diante desse boletim, quais ações a secretaria consegue realizar?

Maria de Fátima Rodrigues – A partir desses dados, estamos montando uma capacitação para os profissionais de saúde, além de qualificar ainda mais todos os profissionais, principalmente, os que integram a unidade de saúde localizada dentro dessa mancha criminal, para auxiliar na detecção dessas vítimas de violência. Por vezes, essas vítimas chegam à unidade, não relatam as causas e o profissional precisa estar atento para fazer esse registro. Desde junho, foi percebida a necessidade de capacitar esse profissional. Esse registro é fundamental para observar o que está acontecendo, fazer um mapeamento mais efetivo para propor ações de erradicação da violência.

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