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Povo clama por socorro

A paralisação dos funcionários da rede municipal de saúde de Goiânia, que teve início em 13 de abril, continua sem data para acabar. As negociações com a prefeitura e o Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindisaúde-GO) não têm avançado.

Os servidores reivindicam melhores condições de trabalho, pagamento da data-base com retroatividade, adicional por insalubridade, dentre outros benefícios. E enquanto o embate não termina, o reflexo dos cerca de quatro mil servidores municipais da saúde, que aderiram à greve, se projeta na população que sofre com a demora no atendimento e superlotação em algumas unidades de saúde na Capital.

A situação precária se estende a boa parte dos Centros de Atendimento Integral a Saúde em Goiânia. No Cais Jardim Novo Mundo, os pais de uma garotinha de um ano e dez meses já não sabem mais a quem recorrer para socorrer a filha, que desde a última quinta-feira (16) apresenta um grave quadro de saúde.

“Suspeitamos que nossa filha esteja com dengue, ela não está comendo, tem febre de 39 graus, está fraca, com manchas pelo corpo, com desmaios frequentes e essa é a terceira vez que estamos aqui e os atendentes sempre remarcam a consulta com a desculpa de que estão em greve e a gente não sabe mais o que fazer”, descreve a desesperada mãe da menina, Letícia Ribeiro Aguiar, 17 anos.

O pai da criança, Júlio Rodrigues, 21 anos, apresenta olhar de medo. Ele que também está de atestado médico se diz desesperançado diante das limitações que a saúde pública o condiciona e o impede de fazer algo pela vida da filha. “Ela está tão fraca que sequer consegue abrir os olhos, o caso da minha filha é muito grave como saber se minha filha vai aguentar? Desde a última quinta-feira que estamos em busca de atendimento sem sucesso!”.

Um passo a frente da família desesperada estava a aposentada Maria Pereira Rezende, 78 anos, acompanhada pela filha Elza Teodoro Marques, 56 anos, que recorda que a mãe tem enfisema pulmonar, bronquite e há quatro dias não se alimenta. “Ela não come. Trouxe minha mãe em busca de socorro o caso dela é de urgência. Não acho justo a greve: nós pagamos nossos impostos, eles dizem que 30% dos servidores estão atendendo, mas não acredito”, protesta Elza.

A situação crítica também é presenciada no Cais Chácara do Governador em que até as 15 horas de ontem já haviam passados pelo local aproximadamente 200 pessoas em busca de atendimento e desse total apenas 80 haviam sido atendidas.

LAMENTO

O vendedor Geovane Jesus da Silva, 27 anos, que tem um problema sério de gastrite, procurou o Cais com intuito de receber atendimento para ele e a filhinha de apenas um ano e dois meses, que nos últimos dias apresentou forte tosse a ponto de não dormir durante a noite. “Não culpo os médicos, culpo os governantes, se eles não pagam bem os servidores estes tomam atitudes como estas que prejudicam toda a população”, protesta.

No Cais Vila Nova, a servidora administrativa Maria Divina da Silva, 55 anos, lamenta o alto preço que a população está tendo que pagar pela falta de compreensão das autoridades que deveriam já ter dado um basta nessa crise reconhecendo os direitos dos servidores. “Que o prefeito decida logo, porque a população precisa de mais, é muito ruim ver as pessoas sofrerem sem poder fazer nada” diz a servidora.

De acordo com informações da assessoria de comunicação do Sindicato dos trabalhadores do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindisaúde-GO), ontem foi realizado um encontro dos representantes do sindicato e outras entidades sindicais com o secretário municipal de governo e de relações institucionais, Osmar Magalhães, mas, mais uma vez não houve avanço nas negociações.

“Não tivemos nenhum resultado, eles não estão interessados em negociar porque não apresentam nenhuma proposta. Amanhã (hoje), às 8h30, teremos uma assembleia geral com os trabalhadores na Câmara Municipal para tratar do assunto”, informa a assessoria.

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