Tom Carlos
Faça as contas: um...dois. Em dois meses, duas fugas ocorreram na Delegacia da Polícia Civil de Planaltina de Goiás.
A cidade tem um dos maiores índices de homicídios do Brasil, conforme o “Mapa da Violência”, do Instituto Sangari.
E delegados e Justiça tentam de tudo para acomodar os presos e reduzir os danos da criminalidade. Mas sem recursos e local para atender detentos, resta ou colocá-los nas ruas ou aceitar de forma resignada as fugas. A conta não fecha: a maioria das notícias que envolve o município diz respeito às fugas.
Na madrugada de terça-feira, oito destes detentos fugiram. Conforme a delegacia, os presos forçaram a grade e escaparam, demonstrando que inexiste estrutura física eficaz para atestar uma das funções do Estado, que é garantir a prisão daqueles que praticam infrações penais.
A Polícia Militar informou ao Diário da Manhã que apenas às 5h é que a delegacia deu pela falta dos presidiários. O problema em Planaltina é crônico. “Acho que o secretário de Segurança Pública de Goiás deve pensar que é Planaltina do DF. Secretário, é de Goiás! Cadê a solução?”, diz Laércio da Silva, proprietário de um comércio próximo à delegacia e que reclama constantemente da falta de segurança no município.
BIZARRO
A situação de Planaltina chega a ser bizarra: decisões recentes da Justiça mandaram que a cadeia pública colocasse nas ruas presos por falta de condições de recebê-los.
O delegado Cristiomário Medeiros já não sabe mais o que fazer. Se prende, não tem lugar para colocar. E se não prende, a cidade brilha nas estatísticas negras que mostram Goiás em reta ascendente em número de mortes.
O problema do delegado agora é onde colocar os 20 presos que restaram. Ele precisa temporariamente consertar o estrago deixado pela fuga.
Reportagem de ontem do Correio Braziliense repercutiu a crise da segurança pública em Goiás: o Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Goiás (Sinpol-GO) deu prazo de 40 dias para que a situação de guarda de presos fosse solucionada pelo Estado.
Nada que Ministério Público, Defensoria Pública e Justiça já não tenham pedido.