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Queima do Alho resgata costumes dos antigos peões boiadeiros

Oníria Guimarães Especial para Cidades

A Queima do Alho tem sido uma das principais atrações da Exposição Agropecuária de Rio Verde. A festa é realizada antes do início da feira, em espaço exclusivo para o encontro das comitivas. Neste dia milhares de pessoas participam do encontro entre grupos apaixonados pela cultura interiorana que resgata os antigos costumes dos peões de boiadeiros, hoje uma atividade extinta no País devido ao transporte de gado feito através das rodas.

Uma “Queima do Alho” especial e tradicional tem atraído pessoas de várias cidades da região e acontece nos dias que antecedem a exposição agropecuária, mas outras acontecem ao longo do ano na região.

Durante este dia de “Queima do Alho”, que de alho queimado nada tem, as comitivas preparam deliciosos pratos utilizando os mesmos ingredientes e forma de preparo, baseados nos antigos peões durante o seu trabalho, quando conduziam gado bovino tocado pelas estradas de Goiás e até em direção a outros Estados mais distantes do País. Nesse trajeto era comum a presença de comitivas, geralmente formadas por um capitão, ou comandante, com peões boiadeiros muito bem preparados para conduzir e não deixar escapar nenhuma rês nas estradas, mas com o único objetivo de entregar o número exato de bois ou vacas no local e no prazo determinados.

Durante esse trajeto, as comitivas paravam para preparar suas refeições, onde pernoitavam e tudo era feito de forma improvisada. Porém, não faltavam o bom tempero e ingredientes escolhidos a dedo e que resultassem em pratos rápidos, práticos e saborosos, sempre em grandes quantidades, já que em algumas comitivas o grupo era grande e a fome da peonada ainda maior.

Refeições ocorriam durante as paradas

Os pratos preparados pelas comitivas levavam carne seca ou de lata, arroz, feijão gordo, farinha, paçoca de carne e muito tempero, principalmente alho, além do churrasco, que é assado em brasas no chão ou em churrasqueiras improvisadas. Esses ingredientes eram conservados em sacos ou em latas, conduzidas sobre o lombo de burros, assim como os utensílios domésticos para utilização no preparo dessas refeições.

Entre estes estavam os tachos de ferro, de alumínio ou de cobre. Essas refeições eram feitas durante as paradas, em acampamentos improvisados, afinal, o gado deveria ser entregue no prazo determinado e o tempo era pouco para descanso ou alimentação e tudo era feito de forma a sustentar a peonada, sem nenhum conforto ou exigência por parte dos cozinheiros, os grandes artistas da “Queima do Alho”.

CULTURA

Esse movimento socioeconômico e cultural ocorreu mais intensamente na região compreendida pelo norte do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.

No último sábado, dia 2, aconteceu mais uma “Queima do Alho” na região, desta vez, na Fazenda Castelo Branco. Participaram as comitivas Fonseca, Só Muares, Fazenda Castelo Branco e Burro Xucro.

Cada comitiva apresentou seu talento e criatividade, seja na ‘traia’ dos animais, nos uniformes e principalmente nos pratos, entre estes o arroz de carreteiro, a linguiça muito bem temperada, o torresminho, a farinha temperada, ou farofa, dentre outros.

Entre os convidados ilustres deste evento estavam o deputado estadual Lissauer Vieira, o presidente da Câmara Municipal, vereador Iran Mendonça Cabral; o secretário de Comunicação e de Turismo, Danilo Moraes, dentre outros.

Para Lissauer, o evento é importante como forma de resgate cultural. “É muito importante para a cultura goiana a permanência de costumes como esses. Eventos dessa natureza enobrecem as nossas tradições. E povo sem tradição morre a cada geração”, disse o deputado.

Saiba mais

Grupos participam uniformizados

Em Rio Verde, essa tradição não é esquecida e muitos grupos são bem organizados, inclusive uniformizados, revivem esses momentos com a realização do evento em muitas fazendas da região ou em locais próximos às propriedades rurais, onde os grupos se reúnem, chegando todos a cavalos ou no lombo de mulas.
O ápice da festa é a refeição, quando as comitivas preparam, em fogões improvisados, pratos diferenciados ou semelhantes nos ingredientes, porém com temperos diversos e toque diferenciado dos cozinheiros chefes.

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