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Sem Cais para atender povo, Goiânia lota Aparecida

Sem o atendimento da população, devido a greve dos servidores, as falhas do sistema de saúde de Goiânia têm prejudicado os serviços de Aparecida de Goiânia.

No domingo, a reportagem do Diário da Manhã foi até o Cais Jardim Nova Era, em Aparecida de Goiânia, no período da manhã, e constatou o que já era uma suspeita: o atendimento  sobrecarregado da estrutura.

Conforme informações apuradas junto ao Cais, quatro médicos se revezavam no atendimento. Mas o ritmo de saída da unidade era lentíssimo: quem chegou no Nova Era, por exemplo, às 9h, para fazer simples exame de dengue, ainda permanecia no local às 19h30 para receber atendimento médico.

Após notificada que estava com  dengue, uma paciente informou que estava no Cais esperando atendimento desde sábado. “Isso aqui é desumano”, lamuriava.

O problema ficou ainda pior por conta da desativação do Cais do Setor Garavelo, que amortecia a busca de atendimento dos moradores daquele setor e de outros bairros vizinhos de Goiânia – caso do Novo Horizonte e Faiçalville.

O atendimento tem sido receptivo pelos funcionários, que não questionam a procedência dos pacientes. O morador de Goiânia Américo Rodrigues aguardava atendimento resignado: “É aqui ou morrer. Goiânia está um deserto”.

A unidade funciona a partir da emergência e dos casos de investigação de dengue. Todos são colocados em fila. Após medirem pressão, eles são encaminhados para realização de exame e posterior realização de atendimento médico.

No período da manhã, na sala de entrada do Nova Era, existiam 64 cadeiras, todas lotadas. Estavam em pé 42 pessoas, que aguardavam atendimento ou acompanhavam pacientes. Na hora do almoço diminui a intensidade de procura. A partir das 14h, todavia, a rotina volta a massacrar os presentes: um batalhão de pessoas chega em busca de ajuda.  Surgem pessoas arrastando pernas, cambalenado, trotando, em cadeira de rodas e inúmeros indivíduos com água de coco nas mãos – a maioria com suspeita de dengue. A crise tornou-se um negócio: vendedores de água de coco se degladiam para ‘medicar’ quem busca atendimento.

O procedimento de atendimento é um risco. Há uma semana, um jovem que passou pela unidade não aguentou e morreu de dengue.

A família do auxiliar de cozinha Eli Filho Cardoso da Silva, de 26 anos, diz que o jovem tentou duas vezes atendimento e foi piorando a ponto de chegar ao estágio de óbito.

Quando chegou no Hospital de Doenças Tropicais (HDT), informa a unidade ao Diário da  Manhã, ele já estava morto.

A rotina do Cais  tem sido essa de trabalho ininterrupto dos servidores. Ocorre que sem uma triagem adequada, pessoas com leves suspeitas da doença tem direito ao espçao na fila da mesma forma que àquelas com nítida e visível debilidade. Assim, sem uma análise mais profunda nos corredores, é possível que pessoas que buscam a urgência nas filas não recebam a devida atenção.  E com isso podem ocorrer casos como o de Eli, que aparentemente estava bem quando procurou ajuda pela primeira vez.

Em Goiânia, os servidores querem um rol de  direitos:  data-base com a retroatividade; cumprimento do Plano de Carreira; manutenção do quinquênio, dentre outros.

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