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Jovens contam experiência com ayahuasca

Jovem que bebeu ayahuasca descreve sensação: “O gosto é forte, meio alcoólico, como se fosse uma pinga de madeira, meio barroso”, descreve o estudante(Foto: divulgação)

Com o custo de R$ 15, o estudante universitário E.V., 20 anos, participou de um culto com o uso de ayahuasca em uma chácara na Região Metropolitana de Goiânia. O dinheiro seria usado para custear a compra de café da manhã e as raízes da planta, que teriam sido compradas, no Acre, por R$ 90 a cada dois litros. Durante a sessão religiosa, o chá foi oferecido em dois momentos em um intervalo de três horas, na medida de um copo de plástico de café.

“O gosto é forte, meio alcoólico, como se fosse uma pinga de madeira, meio barroso”, descreve o estudante. Após a primeira dose, ele diz ter sentido os músculos relaxados e começou a ter visões, principalmente quando fechava os olhos. “Vi imagens geométricas e mandalas. Você consegue pensar em coisas específicas da sua vida pessoal e aprofundar seu pensamento nisso”.

Após a segunda dose, E.V. conta que ficou com a mente bastante confusa. “É o pico da viagem. Dura cerca de 30 minutos. Eles chamam de “força” e dizem que quando ela chega em você , você não consegue fazer mais nada”. No dia seguinte, os cerca de 20 participantes do ritual relatam sua experiência em uma roda de conversa.

A estudante Janaína Vidal, 24 anos, participa do Santo Daime desde criança e explica que existem diferenças de nome e de interpretações entre os grupos que utilizam o chá. A denominação “seita”, por exemplo, não é bem-vista pela religiosa. “O nome certo é igreja”, explica. Ela também diz que o Santo Daime é um dos grupos que atuam em Goiânia, mas que existem outros, como a União do Vegetal e o Xamanismo. O caso relatado pelo estudante E.V. e frequentado pela técnica de enfermagem Deise Faria Ferreira são de xamanismo. (Veja o quadro) Janaína se preocupa com a forma negativa como sua religião pode ser interpretada pela sociedade. “Tem muito preconceito, igual tem com Umbanda e Candomblé. Cada coisa é uma coisa, muitos fazem uso da planta, mas o nome Daime ficou mais comum”, explica. Apesar das diferentes formas de uso, Janaína diz que existe uma boa relação entre os grupos religiosos, desde que a utilização da bebida seja feita utilizando alguma doutrina religiosa.

Entenda as diferenças


A bebida ayahuasca é feita com uma mistura de cipó e plantas típicas. Sua produção varia de acordo com o grupo religioso que a consome, mas em todos os casos possuí propriedades alucinógenas. Alguns autores usam a denominação “enteógena” para se referir a plantas religiosas que provocam alteração de consciência e são usadas em rituais religiosos.

  •  Santo Daime


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É a vertente ligada ao Raimundo Irineu Serra, precursor do uso da planta em rituais religiosos, na década de 1920 no Acre. Ele diz ter recebido uma revelação da doutrina religiosa de Nossa Senhora da Conceição. O grupo tem a corrente mais tradicional Iluminação Cristã e o Culto Eclético, uma reinterpretação de um seguidor de Mestre Raimundo.

  • União do Vegetal


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Fundado em 1961 pelo então seringueiro José Gabriel da Costa, também no Acre. O grupo acredita na evolução da alma através da reencarnação e prega a preservação do meio ambiente e a caridade. Vegetal é a forma como eles chamam a bebida utilizada em rituais.

  • Xamanismo


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No final da década de 1990, Emiliano Linhares se desligou do Santo Daime e fundou o Instituto Céu Nossa Senhora da Conceição. Essa nova doutrina prega uma “democratização” do uso da ayahuasca e promove cursos de formação para uso da bebida. Existem pelo menos seis grupos em Goiás que são abastecidos com a bebida pelo instituto.

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