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COTIDIANO

Cores e formas que embelezam o céu

Fernanda Laune,Da Editoria de Cidades

Voar no céu de Capadócia, na Túrquia, já passou pela cabeça de alguns brasileiros. Por ter suas formas geológicas, os passeios de balão tornaram-se uma atração especial para ver as formações cônicas, criadas a partir da erosão de cinzas vulcânicas. Porém, não é preciso viajar para outro país para conhecer e viajar num balão. O balonismo foi apresentado aos brasileiros pelo paulistano Victorio Truffi, que, aos 57 anos, entrou para a história da Aeronáutica como o primeiro homem a pilotar um balão na América do Sul, em outubro de 1970. O balão azul com 35 metros de diâmetro subiu a 500 metros de altura e sobrevoou em Araraquara, São Paulo. Atualmente, cerca de inúmeros festivais e competições dão um colorido especial nos céus pelo Brasil.

Em Goiás, vales, serras e rios compõem paisagens acidentadas que, por sua vez, permitem a mudança de ventos que podem ser exploradas pelo piloto. Paisagens planas também podem ser aproveitadas por aqueles que preferem voos como os de países frios. Crescem alternativas para quem vê, no balão, uma oportunidade de lazer e também de negócios.

O Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco e a Represa do João Leite, na saída para Anápolis, o centro histórico de Pirenópolis, a Serra dos Pirineus, seus vales, riachos e cascatas, e a Serra de Caldas Novas, com sua bacia termal, são alguns dos lugares já explorados por profissionais e admiradores do balonismo.

O balão de ar quente é considerado o transporte aéreo mais seguro do mundo, segundo estatísticas da Aeronáutica, e as exigências para pilotar são controladas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Até hoje, só houve um acidente com vítimas fatais na história do balonismo brasileiro, ocorrido em Boituba, interior de São Paulo, em 2010.

A Anac informa que a prática pode ser executada de duas maneiras: como aerodesporto (voos particulares para competições, demonstrações e lazer) e de forma comercial (voos remunerados turísticos). O balonista deve ter licença para piloto de balão livre ou licença de Piloto Comercial (PC).

Experiência, cuidado e responsabilidade são uns dos fatores que o piloto precisa ter para colocar esse gigante no ar. As condições climáticas também são fatores imprescindíveis para voar. O calor do interior do balão tem que ser três vezes mais quente que a do lado de fora. Por isso, o balonista aciona o maçarico a cada dez segundos. Em segundos, o balão sobe embalado pelo vento. A velocidade e a direção de deslocação vão de acordo com o vento, o piloto dirige pelas diferentes camadas de ar da atmosfera para que o balão mude de trajetória. A altura ideal para se voar é de 330m, chegando ao máximo 16 mil metros.

Negócio

Lupércio Lima, goiano, balonista e empreendedor, aposta no potencial do balonismo. "Iniciamos, recentemente, operações mais regulares em Goiânia e Pirenópolis com o objetivo de realizar o sonho de muitos de voar de balão. Escolhemos esses lugares pela beleza e praticidade para o voo, que proporcionam uma experiência fascinante e inesquecível”, declara.

Para ele, o uso do balão em estratégias de marketing e propaganda vem crescendo. Isso porque possui um diferencial que poucas outras formas de publicidade oferecem: a capacidade de gerar engajamento do público. “É um tipo de anúncio que faz com que as pessoas se empenhem, prazerosamente, em registrar e compartilhar com todo seu círculo social. O momento privilegiado e também a marca do anunciante ficam para sempre na memória”, argumenta.

O atleta explica que os altos custos do esporte tornam a prática pouco popular, já que no Brasil há cerca de 150 pilotos profissionais num universo de 30 mil pilotos no mundo. “Viajei por muitos países e posso dizer que o povo brasileiro é um dos mais apaixonados por balões com que convivi. Essa afinidade expli

ca porque, apesar de termos poucos pilotos, ocupamos a posição de quarta melhor potência do mundo do esporte".

Goiano se destaca no balonismo

Atualmente, Lupércio é o 3º colocado no Campeonato Mundial de Balonismo, sexto colocado no Ranking Mundial de Balonismo e considerado melhor piloto da América Latina, além de tricampeão nacional e único brasileiro da história a figurar no pódio nos últimos oito anos. Ele e demais pilotos: Amarildo Tozi, Lupércio Lima, Renato Alemão, Marcos Paulo, Jonathan Padulla, Edu Cibella, David Inhambelli e Felipe Ribeiro participam do 2º Festival de Balonismo de Anápolis, que será realizado até amanhã como parte das comemorações dos 108 anos da cidade.

Os critérios do campeonato de Anápolis serão definidos pelo diretor de provas, que analisa as condições climáticas e define as provas na hora. "O livro de regras prevê 20 diferentes modelos de provas, que podem ser combinadas ou alteradas de maneiras diversas. Acreditamos que, para Anápolis, as provas Caça à Raposa, Fly-in, Valsa de hesitação e Alvo declarado pelo diretor sejam algumas das mais prováveis, entre outras", afirma o piloto Lupércio. Já estão mapeados e catalogados mais de 100 alvos pela cidade e zona rural de Anápolis, que poderão ser utilizados pelo diretor.

SAIBA MAIS

Equipamentos necessários para a prática do balonismo

Cesto: local onde os passageiros permanecem durante o voo. No seu interior encontram-se as botijas de gás propano que aquecem o ar interior do balão e que, consequentemente, o levam à subida.

Envelope: parte de tecido que mantém o ar quente e é isso que permite que o balão flutue. O material mais utilizado na confecção do envelope é o nylon rip stop, o polyester e outros tecidos que podem ser pontualmente utilizados. O envelope chama a atenção pelas suas proporções (geralmente as pessoas apelidam de balão ao tecido que o compõe) e junto ao cesto forma-se a boca que vai permitir queimar o ar. Nesta zona, dada a proximidade do fogo, utiliza-se um material chamado Nomex, utilizado também nos carros de competição e nas fardas dos bombeiros devido as suas propriedades resistentes e anti-inflamáveis;

Maçarico: posicionado acima da cabeça dos passageiros, produz uma enorme chama para aquecer o ar dentro do envelope. A chama do maçarico provém das botijas de propano, que se encontram previamente instaladas no cesto do balão. O aquecimento do ar, no interior do envelope, permite a subida do balão, assim como o arrefecimento possibilita a descida;

Ventilador: no momento de se montar o balão, o ventilador é um equipamento de extrema importância, na medida em que ajuda a insuflar o ar do envelope;

Cordas: são três as cordas obrigatórias de um balão: a corda da coroa, de cativo e a de segurança. A corda da coroa encontra-se no topo do balão e é utilizada para garantir estabilidade ao balão. Quanto às cordas de cativo, estas são utilizadas para amarrar o balão e permitem deixá-lo em exposição e em segurança numa demonstração. No que diz respeito à corda de segurança, esta é usada em apenas algumas situações de pouso difícil; o piloto lança a corda para a equipe de resgate para que esta puxe o balão para um local mais adequado;

Altímetro, termômetro e variômetro: estes três elementos oferecem uma série de informações complementares que fazem com que o voo seja perfeito. Com o altímetro é possível verificar a altitude a que o balão se encontra, o termômetro indica a temperatura que se encontra no interior do envelope e o variômetro mostra a velocidade de descida ou subida a que o balão transita;

GPS: O Sistema de Posicionamento Global, mais conhecido como GPS, não auxilia apenas na condução de um automóvel; no balonismo ele tem também um papel fundamental. Através de um GPS, um piloto estabelece as coordenadas exatas para obter a melhor rota;

Carta tipográfica e bússola: O GPS veio, de certa forma, fazer com que a carta tipográfica e a bússola caíssem em desuso. Contudo, os amantes da modalidade consideram que estes dois elementos são muito importantes na caracterização do balonismo, na medida em que lhes atribui um toque mais rudimentar e natural;

Rádio aeronáutico: é um elemento principal no balonismo porque permite manter a comunicação entre o balão e o posto de controle;

Máquina fotográfica: não é um elemento obrigatório para a prática do balonismo. Contudo, uma viagem de balão é uma experiência imperdível para todos os seus praticantes na qual, de certeza, quererá tirar muitas fotografias para mais tarde recordar e também para provocar inveja dos seus amigos!

Fonte: Blog do Balonista

Exigências da Anac

Para ser um operador particular, basta o proprietário registrar o balão na Anac, na modalidade TPP, e seguir as manutenções necessárias, além de observar as regras de voo, que são expedidas pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), da Aeronáutica.

Para ser um operador comercial, basta o proprietário registrar o balão na Anac, na modalidade TPX, constituir uma empresa de táxi-aéreo e seguir as manutenções necessárias, além de observar as regras de voo, que são Decea. Para pilotar, o interessado deve ter licença para piloto de balão livre – (RBAC 61, Subparte I); e licença de Piloto Comercial (PC) – (RBAC 61, Subparte E).

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