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Mais de 17 mil não tem energia elétrica em assentamentos goianos

No assentamento Josué e Calebe, município de Mara Rosa, norte de Goiás, 30 famílias vivem sem energia elétrica. “A maioria aqui roda na lamparina”, conta Paulo Antônio da Silva, 50, que vive no lugar.

Sem eletricidade, os assentados tem dificuldade de ter acesso à água, escassa na região. “Nosso assentamento não tem água perene. Quem teve condição de comprar um gerador para puxar água deu conta, mas a maioria aqui não tem condição financeira”, explica Paulo. No atual período de seca a situação se agrava no assentamento. Um projeto de horta comunitária foi interrompido pela falta de água.

A mais de 700 quilômetros de Paulo, Silvani Rodrigues de Souza, 34, moradora do assentamento Raposa Serra do Sol no município de Caçu, sudoeste goiano, também sofre com a falta de energia elétrica. A maior parte das 13 famílias do assentamento produz leite. “Muitos que mexem com leite querem colocar tanque para resfriar. Hoje, o leite deles tem que entregar em outras fazendas ou fazer queijo”.

Silvani vive com o marido e dois filhos. Eles fazem planos para a chegada da eletricidade. “A gente quer mexer com frango, mas a gente quer vender morto e não tem como fazer isso porque não tem como congelar”, diz.


Licitação


Na última quarta-feira (29) lideranças de assentamentos rurais participaram de uma reunião na Companhia Energética de Goiás (Celg). No dia 6 de julho o grupo, organizado pelo Movimento Terra Livre, fez uma manifestação no prédio da empresa reivindicando energia elétrica para 64 assentamentos, que fazem parte da superintendência regional Goiás do Instituto Regional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). (Vermelho no mapa)

De acordo com informações da Celg, 120 assentamentos em Goiás esperam a chegada de energia elétrica, totalizando 5514 famílias sem luz. O diretor de distribuição da companhia, Francisco de Assis Soares explica que o atraso de algumas obras se deve a paralização da empresa licitada Terra Engenharia. “Nós tivemos um problema com a empresa de topografia que não cumpriu o contrato conosco e nós tivemos que descadastrar ela”.

A reportagem não conseguiu contato com a Terra Engenharia, que fica no município Pimenta Bueno em Rondônia. A última postagem do site da empresa, datada de 2012, diz que está sendo realizado um trabalho junto a Celg de “georreferenciamento, topografia e cadastramento de 5 mil quilômetros em todo o Estado de Goiás”. De acordo com o texto, o contrato teria sido firmado em maio de 2013, através de licitação pública.

Além da Terra Engenharia, o superintendente da Celg, Antônio Almeida alegou outro problema com empresas licitadas, mas na área da mão-de-obra. “Teve uma grande licitação no final do ano passado e ganhou uma empresa que nem chegou a começar. Ela foi até penalizada, levou multa altíssima”, contou.

Durante a reunião com os assentados, ele explicou que nem todos os assentamentos reivindicados são de responsabilidade da Celg. Cinco são administrados por outras concessionárias e 25 ainda não foram regularizados pelo Incra. Sob a responsabilidade da companhia goiana atualmente estão 89 assentamentos, sendo que 57 aguardando a topografia, nove com o projeto sendo elaborado e 22 com o projeto aprovado, pronto para licitar a empresa construtora.

Apenas o assentamento Presidente Lula em Cristalina, com 97 famílias, está com o processo de eletrificação em execução. Uma nova licitação vai ser aberta no próximo semestre. “O grosso da obra vai acontecer só em 2016”, esclarece o diretor Francisco de Assis. A moradora do assentamento Raposa Serra do Sol, Silvani Rodrigues é positiva “De março até ano que vem já tem energia”, diz animada.

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