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Romaria arco-íris em Trindade

A comunidade de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBTT) espera reunir um contingente de cerca de 3 mil militantes para irem em romaria a Trindade rezar para o Divino Pai Eterno. Será uma “Marcha para Jesus LGBT” com foco no combate à intolerância, à homofobia e à discriminação que eles sofrem.

De acordo com o comerciário Paulo Henrique Borges, um dos organizadores da marcha, o objetivo é chamar a atenção para o respeito que eles querem da sociedade, principalmente da Igreja que ainda os discrimina. “Vamos fazer a ‘Marcha para Jesus LGBT’ mostrando que somos pessoas, somos devotos e também temos sentimentos e objetivos como todos os que vão a Trindade fazer suas orações e demonstrar sua religiosidade”.

Junto com Paulo Henrique, que é presidente da Associação Aparecidense dos Direitos Humanos e Cultura estão outras entidades que também congregam segmentos LGBT em Goiás, a exemplo da ONG Art Gay, o Grupo Eles por Eles e a Associação das Paradas Gays de Goiás. Juntos eles elaboraram um protocolo de intenções sobre o que vão expor como seus propósitos na devoção ao Divino Pai Eterno.

“Queremos mostrar que ainda há muita intolerância das pessoas para com gays, lésbicas, bissexuais e travestis, principalmente na Igreja Católica e igrejas evangélicas de modo geral e que ainda somos muito perseguidos”, frisa Paulo Henrique. Ele lembra que praticamente todos os dias um homossexual é assassinado em virtude dessa intolerância religiosa e moralista que ainda perdura na sociedade e que faz da homofobia o principal gargalo de violência contra essa comunidade.

Desrespeito

Na própria Igreja Católica ainda persiste uma resistência grande para com homossexuais, lembra Paulo Henrique e o objetivo deles é ir quebrando esses paradigmas de modo lento e gradual. Ele observa que independentemente de serem gays, lésbicas, homossexuais e travestis, eles são indivíduos inseridos na sociedade e que maioria também tem sua orientação religiosa, mesmo que sua orientação ou opção sexual seja diversa da maioria dos outros romeiros.

“Podemos ser gays, lésbicas ou outra opção sexual, mas também somos filhos de Deus e vamos demonstrar isso com nossa devoção em uma romaria”, frisa. Paulo Henrique lembrou que o assunto foi amplamente discutido entre os militantes desses grupos e que a “Marcha para Jesus LGBT” será um evento diferente do que todos esperam, justamente por se tratar de uma atividade religiosa.

Porta

Para os coordenadores dos movimentos gays uma manifestação em especial de autoridade religiosa significou poderoso alento para eles. O papa Francisco, em 2013, quando retornava do Brasil para o Vaticano disse que a Igreja precisa saber acolher os gays e que se eles “buscam Deus e têm boa vontade”, ele não poderia julgá-los.

Paulo Henrique é enfático ao considerar que os gays tiveram um avanço significativo após essa postura do sumo-pontífice e que começaram a haver mudanças em setores da Igreja Católica. “Quando o papa disse que não se deve marginalizar as pessoas por sua opção ou orientação sexual e que ao contrário disso é preciso integrá-las à sociedade, significou uma porta aberta para podermos revelar nossa fé e religiosidade independente da nossa condição de gays ou lésbicas”. Ele considera que ainda haja muita intolerância na Igreja e que somente com o tempo isso irá ser contornado.

“Nós somos seres humanos como todos os outros, nossa fé é a mesma, no mesmo Deus e a diferença é nossa orientação sexual. Mas, o importante é lembrarmos que Deus ama todos os seus filhos e merecemos respeito como todos os outros indivíduos. Amamos, sonhamos, temos nossos projetos de vida e queremos um mundo melhor com igualdade e respeito como todo mundo”, assevera Paulo Henrique.

Um dos discursos que a comunidade LGBT irá levar em sua romaria é justamente com respeito ao respeito mútuo que eles querem da sociedade e dos organismos religiosos. “Se você quer ser respeitado em sua família, em sua comunidade, com seus valores e seus diretos precisa aprender a respeitar o próximo, porque não é porque ele é gay, lésbica ou travesti que ele será inferiorizado. Ao contrário, ele é igual e um ser humano também, portanto quem quer respeito precisa aprender a respeitar”, finaliza.

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