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O caos migra para a Rua 44

Os arredores da Rua 44 têm se tornado o principal ponto do comércio atacadista de roupas no Estado. A “avenida” conta com galerias, lojas, hotéis e com a realização da Feira Hippie, que atraem comerciantes varejistas de todo o País graças ao preço e a qualidade das roupas aqui vendidas.

São mais de oito mil lojas que tomam conta da região sem contar os ambulantes. Entretanto, a falta de cuidados com meio ambiente e o grande conglomerado de pessoas e carros prejudica a qualidade de vida e de atendimento. Não é raro escutar dos clientes que jamais voltarão ao local que cresceu de forma desordenada e sem respeitar as particularidades da região.

O título de maior ponto atacadista de roupas no Estado era desfrutado desde a década de 1980 pela Avenida Bernardo Sayão, que sofre queda no número de lojistas presentes no local. No meio do ano de 2013 foi constatado que 216 estabelecimentos, o equivalente a 9% do total de lojas da época, havia fechado suas portas.

A empresária e fashion designer da loja Perfil Mix, Larissa Moura Noda Taia, tem suas duas filiais localizadas na Rua 44 há oito anos e conta que fechou outra, que ficava na Avenida 85, devido ao crescimento do polo comercial na avenida, inclusive por sua proximidade da rodoviária.

Segundo a empresária a movimentação causada pela Feira Hippie foi responsável pelo crescimento do setor e que, ao perceberem as vantagens econômicas que teriam, os comerciantes de outros polos atacadistas se mudaram para os arredores da Rua 44.

Apesar de todos esses indicadores de crescimento, como todo polo comercial, a Rua 44 sofre de inúmeros problemas. O local não possui a estrutura necessária para abrigar a quantidade de pessoas que por lá passam, o movimento crescente gera a dificuldade de locomoção para os veículos e os ambulantes ainda são um problema para os comerciantes mesmo com a fiscalização do local.

Larissa reclama da baixa acessibilidade que o cliente tem às galerias: “Só na rua do shopping (Araguaia) chegam a estacionar 45 ônibus, sem contar as ruas dos outros shoppings próximos a avenida”.

Código de Posturas

A migração do comércio forte para a região da Rua 44 trouxe o caos das irregularidades urbanas. Basta pegar o Código de Posturas do Município para perceber que inúmeros ilícitos são praticados diariamente na região. A começar da iniciativa de alguns empresários, que tentam improvisar hotéis, estacionamentos e pontos de descarte de lixo.

Os capítulos das irregularidades começam com a higiene nos logradouros e termina com o acondicionamento incorreto de lixo. O sossego público, um capítulo exclusivo do Código de Posturas, é negligenciado.  No momento em que a reportagem do DM visitou a região, os decibéis estavam tranquilamente acima do 120.

A ocupação dos passeios com mesas, cadeiras e churrasqueiras dominam a região próxima da rodoviária.  Sem aplicação das regras, a região perde o ar de elegância que se exige ao mercado de moda.

Restam reclamações sobre cheiro ruim e ausência de local para estacionamento. “Vou sempre comprar na 44, mas em muitos pontos fede. Falta uma fiscalização eficiente da prefeitura”, diz Ana Aparecida, que tem loja em Rio Verde.

Os visitantes têm reclamado também da falta de segurança: furtos de celulares e bolsas são comuns. Por isso a Prefeitura de Goiânia colocou a Guarda Municipal mais ativa na região, tendo em vista reforçar o monitoramento.

A Guarda atua em conjunto com o Núcleo de Apoio à Fiscalização (NAF) e procura defender os visitantes, que não raro testemunham atos de vandalismo e arruaça.

Empresas tentam criar diferencial

Para os comerciantes, a Avenida Bernardo Sayão se mostra ainda mais confiável que a Rua 44 quando se trata da questão da regularidade das compras. Os comerciantes que chegam de outros Estados ainda dão certa prioridade a este setor devido a emissão do cupom fiscal, que garante a legalidade das compras caso os compradores caiam em vistoria, além de devido a grande quantidade de pequenas lojas e barracas presentes na Rua 44 tornar-se um ponto mais fechado para as lojas atacadistas conhecidas, implicando em uma produção de maior qualidade, porém menor variedade e com preços elevados, tanto na questão do custo das peças quanto no aluguel das salas. O que leva os empresários a terem de escolher entre um ponto “caro e exclusivo” ou um “econômico e competitivo”.

Outro motivo pelo qual as lojas da Rua 44 se tornaram populares foi graças ao constante investimento dos lojistas na contratação de modelos para campanhas e presenças em suas lojas. Apesar de o ato acontecer nos dois polos comerciais, o número de apresentações de celebridades nas lojas e shoppings da Rua 44 já são mais conhecidos pelos clientes.

Esse investimento no mercado têxtil da Capital cresce a cada ano trazendo novos modelos de roupas que não só encantam os passantes como também inovam a maneira de vestir dos goianos. Muitas lojas atacadistas vêm investindo na contratação de celebridades para patrocinarem suas roupas para que sejam conhecidos fora do Estado.

Rafaella Kalimann, modelo e noiva do cantor Rodolffo, da dupla Israel e Rodolffo, foi contratada para estrear um ensaio fotográfico da loja de Larissa. A modelo diz que estas divulgações ajudam na popularização das marcas: “Chama muita atenção esse tipo de marketing”.

Um bom exemplo desta espécie de evento aconteceu no início do mês passado, quando o Shopping Estação Goiânia convidou três celebridades nacionais e uma internacional para participarem de uma ação de caridade para doação de roupas.

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