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Vila Operária

Setor Centro-Oeste foi um dos primeiros a receber os pioneiros da nova capital 

Até hoje, pouco acesso se tem à história do bairro

Em meados da década de 1940 surge, em uma área que vai das margens do córrego Capim Puba até o bairro de Campinas, a vila que abrigaria principalmente trabalhadores de origem pobre, sem condições de adquirir áreas habitacionais regularizadas. O local onde fica hoje o Setor Centro-Oeste, conhecido principalmente por abrigar a Avenida Bernardo Sayão, não era, a princípio, destinado à ocupação urbana. No plano original da capital, essa área deveria formar uma faixa verde, respeitando o plano original de Atílio Correia de Lima que projetava uma “cidade jardim”.

O apito do trem, que passava por onde hoje se encontra a Avenida Leste-Oeste, é uma das memórias mais marcantes de muitos moradores do local. A linha, que foi de grande importância para a construção da capital, ligava a estação da Vila Abajá à estação da Praça do Trabalhador. Quando a nova capital foi fundada, parecia utópico imaginar que um dia o Centro e Campinas seriam emendados. Isso ocorreu na década de 1960, através da Vila Operária e dos setores Fama, Norte Ferroviário e dos Funcionários. Os primeiros prédios apareciam na paisagem urbana, e com a expansão explosiva de Goiânia, a Vila passava a adquirir o status de bairro centralizado.

A mudança de nome para Setor Centro-Oeste veio em 1973, quando o vereador Arlindo Lourenço de Souza, através de uma votação feita pelos moradores, escreveu a lei n. 4767/73. O nome atual do setor venceu a proposta de manutenção do nome “Vila Operária” por mais de 800 votos. Segundo a urbanista Kátia Ortiz, para o portal Goiás de Norte a Sul, a denominação de vila já trazia de fora uma visão preconceituosa do local.

Antes do fim da década de 1970, o bairro ainda carecia de infraestrutura adequada. Ainda em meados da década de 1970, o mesmo vereador viabilizou burocraticamente a chegada de asfalto, água e iluminação ao setor, e a outras vilas da região. O Setor Fama foi extinto e dividido entre os setores Centro-Oeste e Marechal Rondon. O tratamento de esgoto da região foi semi-bancado por empresários da avenida Bernardo Sayão e pela prefeitura.

Símbolos

Grandes representantes do Estado de Goiás em território nacional surgiram na Vila Operária, como conta o jornalista Arthur Rezende ao Jornal da Imprensa em 2011. O ator Stepan Nercessian é um dos exemplos. “ele vinha de bicicleta levar as coisas que eu pedia. E depois eu ficava com muita pena dele, porque ele morava longe não é? A TV Anhanguera era aqui no Centro e ele morava na Vila Operária”. Os cantores Zezé di Camargo e Luciano também habitaram a vila, ao chegarem à capital. E a Cristal Alimentos teve sua origem em uma mercearia da vila.

A feira do Setor Centro-Oeste, que ocorre duas vezes por semana, sendo uma das maiores feiras de bairro da capital, foi deslocada da Praça A, em 1975, para dar lugar à expansão da Avenida Anhanguera. A capela Nossa Senhora das Graças, que fica na Rua Monsenhor Confúcio foi uma conquista dos moradores da região, fundada em 1961, e inclusive originou uma das opções de nome para o setor no plesbicito de 1973. A Segunda Igreja Presbiteriana de Goiânia também surgiu em 1961, denominada de Igreja Presbiteriana de Vila Operária. Seu nome foi alterado em 1993, e hoje ela possui uma estrutura bastante ampliada.

O mercado da Vila Operária, um dos sete mercados municipais de Goiânia, foi fundado no ano de 1958, na administração de Iris Rezende. O mercado foi reformado em 1991, e no ano de 2007 contava com 16 lojas de comércio. A feira do setor é realizada ao redor do Mercado. Outra referência ao setor é o samba de Siqueira e Renato Castelo, que na época da ditadura militar ecoava os versos “na Vila Operária tem um bar que se chama liberdade...” Mais tarde o samba foi gravado pelo cantor Marcelo Barra.

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