Home / Cultura

CULTURA

A Goiânia Oriental

Rariana Pinheiro,Da editoria DMRevista

Sakê na entrada para os maiores de 18 anos. Sushi, sashimi, tempurá, tofu, yakisoba e outras iguarias à vontade. Para muitas pessoas o cardápio de comida japonesa do 63º Jantar Típico, que acontece hoje, a partir das 20h, na sede da Associação Nipo-Brasileira do Estado de Goiás (Kaikan), não é muito atrativo – nem mesmo compreensível. Em contrapartida, um número crescente de goianos chegados a uma feijoada ou leitoa à pururuca o acham irresistível. A popularidade desta festa confirma ainda que a gastronomia oriental tem cada dia mais dividido espaço com o nosso arroz com pequi.

Organizado pela Associação Nipo-Brasileira do Estado de Goiás (ANBG), há mais de seis décadas, podemos dizer que o Jantar Típico se tornou uma tradição. Mas não apenas para a colônia japonesa daqui de Goiânia, mas também para boa parte da população em geral que aprecia ou quer conhecer mais sobre a cultura japonesa.

“Para o jantar, nós até limitamos os ingressos, não vendemos mais de mil. Porque prezamos atender a todos com qualidade. Se passar disso, ela fica comprometida. Temos um padrão japonês de qualidade”, explica o presidente da ANGB, Idério Wacanabe.

Para alcançar este “padrão japonês de qualidade”, de acordo com Idério, grande parte das 500 famílias da ANGB colocam, literalmente, a mão na massa, inclusive ele. “Sou especialista em sashimi. Minha mulher em sushi. E, para o jantar, se tem um segredo é a de optar pela boa condição dos alimentos. Costumo dizer que o peixe para sashimi precisa ser boiola. É porque ele tem que ser muito fresco. Não usamos nada congelado”, diz ele rindo da própria piada.

Por tais cuidados podemos ainda dizer que todos os anos os organizadores preparam um prato cheio de opções. Mas agora não estamos falando apenas das iguarias gastronômicas, pois são também ponto alto da festa outros elementos da cultura nipônica. Já virou tradição, por exemplo, apresentações do taiko (em que jovens e crianças tocam instrumentos de percussão típicos do Japão). Ainda estará disponível a todos os populares karaokês. E, nesta toada, a festa seguirá até as 23h.

Barraca do Japão

Por fazer parte há tanto tempo dos eventos culturais de Goiânia, o Jantar Típico, da ANBG, coincide com a própria disseminação da culinária japonesa na Capital. Hoje é possível encontrar com facilidade restaurantes destinados a esta comida. Há 60 anos, quando a “semente“ deste evento foi criada, não era bem assim.

Em meados da década 50, época em que era raro entre os “não descendentes de japoneses” consumirem as iguarias nipônicas, um local ganhava destaque durante a Festa Agropecuária do Estado de Goiás. Era a Barraca do Japão. Administrada pela colônia japonesa, aos poucos ela ia ganhando olhares dos goianienses sem olhos puxados, ao comercializar o até então exótico sushi.

Há cerca de 30 anos, a Barraca do Japão se transformou no Jantar Típico, e ganhou maiores proporções, justamente, segundo Idério Wacanabe, pelo “padrão de qualidade” japonês, que desde o início era buscado. No entanto, algumas modificações na Pecuária (que passou de 10 para 20 dias de duração) também ajudaram na mudança de local.

“Na Pecuária a barraca já era mantida pela colônia japonesa, e seus membros trabalhavam de forma voluntária. Com o aumento da duração da festa começou a ficar difícil a equipe se deslocar todos os dias e manter a mesma qualidade da nossa comida. Todos começaram a ficar sobrecarregados. Assim, há cerca de 30 anos, transformamos a barraca em um jantar no kaikan”, explica.

O sucesso e longevidade da festa se deve à própria disseminação da comida japonesa no Brasil e no mundo. Ele atribui também à natureza saudável destas iguarias. “A comida japonesa é bem leve, usa-se muitos produtos naturais e tem fácil digestão”, explica Idério, que conta ainda não rejeitar uma bela feijoada nos finais de semana.

De pai para filho

O gosto de Idério pelos nossos pratos típicos é bem justificado. Apesar de ser neto de japoneses, ele é filho de mineiros e cresceu no interior de Goiás, mais especificamente em Inhumas. Mesmo se definindo como “goiano do pé rachado”, ele acha importante manter suas raízes e acredita que eventos como o Jantar Típico, além de reunir adeptos desta gastronomia, também colaboram na importante missão de preservar suas raízes.

Sua própria história prova que a iniciativa tem funcionado, pois Idério ajuda nesta festa desde garoto, desde quando atendia pelo nome de Barraca do Japão. Foi lá que se tornou o especialista em sashimi de mão cheia que é hoje. “Passamos para nossos filhos o que aprendemos com nossos pais”, completa ele, ressaltando que as tradições nipônicas são mantidas na associação, durante todo ano, com a realização de aulas de japonês nos finais de semana, entre outras atividades.

Jantar Típico ANBG

Kaikan

Quando: Hoje, entre 20h e 23h

Onde: Associação Nipo-Brasileira do Estado de Goiás (Av. Planície s/nº - Conj. Itatiaia ( Próx. ao Campus II da UFG)

Convites individuais: R$ 70 (antecipado),  R$ 80 (bilheteria)  e R$ 40 (crianças de 7 a 12 anos)

Informações: (62) 3205-3947 e  (62) 7812-2092

SAIBA MAIS

Não vai ao Jantar Típico, mas ficou curioso em saber mais sobre a gastronomia nipônica? Conheça a seguir alguns termos e pratos tradicionais dos japoneses

Hashi

oriental3

São os tradicionais conhecidos palitinhos que servem como talheres na cultura japonesa. São utilzados ainda na China, Japão, Vietnã e Coreia.

Shoyu

oriental5

É um molho de soja fabricado a partir da mistura entre soja, cereal torrado, água e sal marinho, fermentando-os com microrganismos Aspergillus oryzae e/ou Aspergillus sojae. É utilizado para substituir o sal, acrescentar aroma e reforçar a coloração dos alimentos, sendo um condimento tradicional em países asiáticos.

Sakê

oriental4

Também conhecido como sake ou saquê, é uma antiga bebida alcoólica japonesa produzida com grãos de arroz. É tomada geralmente quente e em grandes comemorações, como ano n ovo e cerimônias xintoístas de casamento.

Sushi

oriental6

Comida japonesa, que é feita com arroz temperado com molho de vinagre, açúcar e sal, Combinado com algum tipo de peixe ou fruto do mar, vegetais ou ovo. A tradição japonesa é de servi-lo acompanhado de wasabi (pasta de raiz forte). Possui origem numa antiga técnica de conservação da carne de peixe em arroz avinagrado.

Sashimi

oriental7

Iguaria da culinária japonesa que consiste de peixes e frutos do mar muito frescos, fatiados em pequenos pedaços e servidos apenas com algum tipo de molho, no qual ele pode ser mergulhado (geralmente shoyu, pasta de wasabi, condimentos como gengibre fresco ralado ou ponzu), e guarnições simples como shiso e raiz de daikon fatiada.

Leia também:

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias