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Centro-Oeste tem crescimento moderado Estados da região acumulam déficit, exceto Goiás

A atividade econômica no Centro-Oeste moderou o ritmo de crescimento nos meses recentes, com perda de dinamismo das vendas varejistas e da produção industrial. Nesse contexto, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central Regional do Centro-Oeste (IBCR-CO) aumentou 0,4% no trimestre encerrado em fevereiro, em relação ao finalizado em novembro, quando crescera 0,6%, na mesma base de comparação. Considerados períodos de doze meses, o indicador elevou 1,0% em fevereiro (1,8% em novembro). As informações constam do Boletim Regional do BC repassadas em primeira mão ao Diário da Manhã.

Segundo o informativo, as vendas do comércio varejista no Centro-Oeste recuaram 4,2% no trimestre finalizado em fevereiro, relativamente ao encerrado em novembro, quando aumentaram 2,5%, conforme dados dessazonalizados da PMC do IBGE. Esse desempenho resultou das retrações de 7,5% em Goiás, 4% no Mato Grosso, 2,9% no Distrito Federal, e 1,5% no Mato Grosso do Sul. No conceito ampliado, que incorpora as variações nas vendas de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, as vendas diminuíram 5,3% (crescimento de 2,7% em novembro), com retrações em todas as unidades da federação da região (Goiás, 9,5%, Mato Grosso, 5,6%; Distrito Federal, 2,7%; e Mato Grosso do Sul, 0,6%).

Considerados períodos de doze meses, as vendas no varejo declinaram 0,2% em fevereiro (+2,7% em novembro). Esse resultado refletiu as variações de 3,1% no Mato Grosso do Sul, 0,6% no Mato Grosso, -1,2% em Goiás, e -1,8% no Distrito Federal. No comércio ampliado, as vendas diminuíram 3,2% no período (-0,4% em novembro).

Estatísticas agregadas do Distrito Federal e de Goiás, únicas unidades federativas da região para as quais são disponibilizados dados por ramo de atividade, indicam reduções de 10,1% nas vendas de móveis e eletrodomésticos, de 4,9% no ramo de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, de 4% em combustíveis e lubrificantes, e de 6% em veículos, no trimestre findo em fevereiro, na série dessazonalizada.

Em doze meses até fevereiro, destacaram-se as variações nos segmentos de outros artigos de uso pessoal e doméstico, 12,9%, artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, 8,6%, móveis e eletrodomésticos, e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, ambos com -4,8%, e veículos, -8,5%.

Setor de Serviços cresce 0,5%

A receita nominal do setor de serviços no Centro-Oeste cresceu 0,5% no trimestre encerrado em fevereiro (6,7% no finalizado em novembro), em relação a igual período de 2014, segundo a PMS, do IBGE. Ressaltem-se os aumentos no Mato Grosso do Sul (3,3%) e no Distrito Federal (2,0%). Em Goiás e no Distrito Federal, unidades da federação com informações estratificadas por segmentos, destacaram-se as elevações da receita nominal em outros serviços (17,9%) e em serviços prestados às famílias (4,4%). Considerados intervalos de doze meses, a receita nominal expandiu 7,8% em fevereiro (11,9% em novembro), assinalando-se o aumento de 12,4% no Distrito Federal.

As operações de crédito superiores a R$ 1 mil, contratadas no Centro-Oeste, somaram R$309 bilhões em fevereiro, com elevações de 3,3% no trimestre e de 16,7% em doze meses. Nas mesmas bases de comparação, os empréstimos com recursos direcionados cresceram, na ordem, 3,5% e 26,4%, e os com recursos livres, 3,2% e 5,6%, respectivamente.

A carteira de crédito a pessoas físicas atingiu R$174,4 bilhões em fevereiro, com aumentos de 4% no trimestre, estimulado pelo financiamento imobiliário, crédito rural e crédito consignado, e de 16,4% em doze meses. O estoque de operações no segmento de pessoas jurídicas totalizou R$134,6 bilhões (aumentos respectivos de 2,5% e 17%), com destaque no trimestre para as operações com empresas do setor elétrico, administração pública, agricultura e indústrias de papel e papelão.

A taxa de inadimplência das operações de crédito superiores a R$ 1 mil situou-se em 2,56% em fevereiro, avançando 0,04 pontos percentuais no trimestre e 0,10 ponto percentual em doze meses. O desempenho no trimestre repercutiu aumento de 0,08 pontos percentuais no segmento de pessoas físicas, parcialmente compensado por uma redução de 0,03 pontos percentuais no de pessoas jurídicas, nos quais a inadimplência atingiu 3,02% e 1,96%, respectivamente.

Eliminados 57 mil empregos

Os desembolsos do BNDES para o Centro-Oeste totalizaram R$ 6 bilhões no trimestre encerrado em dezembro e R$21,6 bilhões em 2014 (variações respectivas de -10,1% e 3,5% em relação a iguais períodos de 2013).

O mercado de trabalho no Centro-Oeste eliminou 57,8 mil empregos formais no trimestre encerrado em fevereiro (-6,6 mil no mesmo trimestre em 2014), de acordo com o Caged/MTE. A construção civil respondeu pela redução de 21,7 mil postos e a indústria de transformação suprimiu 12,4 mil. Considerando a série com ajuste sazonal, o nível do emprego formal recuou 0,6% no período, comparativamente ao trimestre anterior, quando houve estabilidade.

O superávit primário dos governos dos Estados, das capitais e dos principais municípios do Centro-Oeste somou R$185 milhões em 2014. Houve recuo de R$ 1,4 bilhão em relação ao superávit de 2013, refletindo, principalmente, a redução do resultado dos governos estaduais. A arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) variou 9,3% no período.

Os juros nominais, apropriados por competência, consolidados para as três esferas, somaram R$ 2,6 bilhões, enquanto o déficit nominal atingiu R$ 2,4 bilhões no período (R$ 979 milhões em 2013).

A dívida líquida totalizou R$ 28,6 bilhões em 2014 (4,4% da dívida total das regiões), aumentando 7,6% relativamente a 2013. As dívidas e negociadas/reestruturadas pela União representaram 68,8% do endividamento líquido ao final do ano, e as dívidas bancária e externa, 42,8% e 10,4%, respectivamente. A posição credora em disponibilidades líquidas representava 22,0% da dívida líquida da região, no período.

Goiás tem superávit

Os governos dos Estados, capitais e principais municípios do Centro-Oeste acumularam déficit primário de R$ 667 milhões no período de doze meses até fevereiro de 2015, com destaque para o déficit de R$ 880 milhões do Distrito Federal e o superávit de R$ 712 milhões de Goiás. Os juros nominais, apropriados por competência, alcançaram R$ 2,6 bilhões e o déficit nominal, R$ 3,3 bilhões.

O endividamento líquido alcançou R$ 28,7 bilhões em fevereiro (R$ 28,6 bilhões em dezembro de 2013), mantendo a participação de 4,4% no total da dívida dos Estados, capitais e principais municípios do País.

Safra de 80,6 milhões de toneladas

A safra de grãos da Região Centro-Oeste deverá totalizar 80,6 milhões de toneladas em 2015, recuo de 2,9% em relação a de 2014, de acordo com o LSPA de março, do IBGE. Esse resultado reflete as diminuições de 8,4% na produção de milho, de 10,2% na colheita de feijão; e de 13,8% na cultura de algodão. O crescimento da lavoura de soja foi estimado em 2,8%. Em referência às demais cultura, ressalta-se a diminuição anual de 3,9% para a produção de cana-de-açúcar.

Os abates de bovinos em estabelecimentos fiscalizados pelo SIF (de 95% do total na região) recuaram 17,8% no primeiro bimestre do ano, na comparação com o mesmo intervalo de 2014, repercutindo contrações de 21,1% no Mato Grosso, 25,7% em Goiás e 6,9% no Mato Grosso do Sul. Restrições do lado da oferta, especialmente associadas a fatores climáticos, pressionaram as cotações da arroba do boi gordo, que variaram 23,4% ante o mesmo período de 2014. Os abates de aves aumentaram 10%, enquanto os de suínos decresceram 2,5%. As exportações de carne de bovinos reduziram 32,4%, no período, influenciadas pelas menores vendas para Rússia, Irã e Venezuela, e as relacionadas a frangos e suínos variaram -27,4% e -36,4%, respectivamente.

Indústria retrai

A produção industrial no Centro-Oeste, considerando o agregado de Goiás e Mato Grosso, únicos Estados da região divulgados pela PIM-PF do IBGE, recuou 3,3% no trimestre encerrado em fevereiro, em relação ao finalizado em novembro, quando havia aumentado 1,6%, nesse tipo de comparação na série dessazonalizada. A produção da indústria de transformação diminuiu 4,2%, destacando-se a retração de 9,4% na fabricação de produtos de minerais não metálicos. Na comparação interanual, no trimestre encerrado em fevereiro a indústria da região retraiu 2,5%, influenciada pelos recuos de 4,8% na extrativa e de 2,4% na de transformação, ressaltando-se o crescimento de 64,4% da indústria de coque e derivados de petróleo e a queda de 36,8% na fabricação de produtos farmacêuticos.

Em doze meses até fevereiro, a produção da indústria da região aumentou 1,6% na comparação com igual intervalo de 2014 (3,4% em novembro). A indústria extrativa avançou 0,8% e a de transformação, 1,7%, impulsionada pelos crescimentos no segmento de coque, derivados de petróleo e biocombustíveis, 17%; e indústria alimentícia, 3,2%. Em contrapartida, houve reduções significativas nos segmentos de produtos farmacêuticos, de produtos de metal, e de minerais não-metálicos, respectivamente de 19,7%, 15,2% e 11%.

Pessimismo em Goiás

O Icei de Goiás, divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), atingiu 39,1 pontos em março (46,7 pontos em dezembro e 57,8 pontos em março de 2014), mantendo-se na zona de pessimismo pelo nono mês consecutivo. A trajetória trimestral refletiu a redução de 7,3 pontos no Índice de Condições Atuais e de 8 pontos no Indicador de Expectativas.

O Icei de Mato Grosso, divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (FIEMT), atingiu 36 pontos em março (44,5 pontos em dezembro e 50,5 pontos em março de 2014) mantendo-se, nos doze últimos meses, na zona de pessimismo. O desempenho no trimestre repercutiu a redução de 9,3 pontos no Índice de Condições Atuais e de 9,6 pontos no Indicador de Expectativas.

O indicador de expectativas de demanda da Sondagem Industrial da CNI para o Centro-Oeste atingiu 50,5 pontos em março (49,6 pontos em dezembro e 61,8 pontos em março de 2014) e o Indicador de Estoques, 47 pontos em fevereiro (50,5 pontos em novembro e 45,8 pontos em fevereiro de 2014). Embora o nível de atividade da indústria da região tenha recuado, a percepção da demanda aumentou em relação a dezembro e se encontra na área de otimismo enquanto os estoques são percebidos em patamar adequado, abaixo do que foi planejado pelos empresários.

Superávit  da balança

O superávit da balança comercial do Centro-Oeste atingiu US$2,5 bilhões no primeiro trimestre de 2015, com queda de 23,1% em relação ao mesmo período de 2014, de acordo com o MDIC. As exportações somaram US$5 bilhões e as importações, US$2,6 bilhões, com recuos respectivos de 20,0% e de 16,8%.

O desempenho das exportações repercutiu as quedas de 7,5% no quantum e de 13,5% nos preços. Houve recuo nas vendas dos produtos básicos, 24% (soja mesmo triturada, -44,5%; carne bovina, -27,1%; e carne de frango, -28,5%).

As vendas de semimanufaturados aumentaram 2,7% (açúcar de cana em bruto, 24,3%; e pastas químicas de madeira, 4,2%) e as de manufaturados 0,2% (açúcar refinado, 44,2%; e papel e cartão para fins gráficos, 55,2%). As exportações do Centro-Oeste destinadas a Hong Kong, Indonésia, Holanda, Vietnã, Irã e China representaram, em conjunto, 53% do total no período.

A trajetória das importações refletiu de variações de -3,4% nos preços e de -13,9% no quantum, evidenciando recuos nas compras em todas as categorias de uso: -39,6% nas aquisições de bens de capital (-58,3% nas compras de maquinaria industrial); -10,4% nas matérias-primas e produtos intermediários (-35,2% nas compras de acessórios de equipamentos de transporte); -7,8% nos bens de consumo (-57,8% nas aquisições de veículos de passageiros); e - 1,9% nos combustíveis e lubrificantes (-21,4% nas importações de gás natural). As importações provenientes da Bolívia, China, Estados Unidos, Alemanha e Japão totalizaram 58% das compras no período.

Variação do IPCA

A variação do IPCA no Centro-Oeste, resultado da agregação dos indicadores de Brasília, Goiânia e Campo Grande, atingiu 3,53% no primeiro trimestre de 2015 (2,57% no quarto trimestre de 2014), com desaceleração dos preços livres, de 2,55% para 1,91%, e aceleração dos monitorados, de 2,62% para 8,98%. Sobressaíram as variações nos grupos habitação (10,18%), educação (6,95%) e alimentação e bebidas (3,53%).

A evolução dos preços livres refletiu as desacelerações nos preços dos não comercializáveis, de 3,05% para 2,13% (tubérculos, raízes e legumes, 4,73%; cursos regulares, 9,25%; alimentação fora do domicílio, 3,32%); e dos comercializáveis, de 1,95% para 1,64% (cigarro, 7,83%; automóvel novo, 6,28%; e carnes, 2,34%). A maior variação dos preços monitorados foi influenciada, em parte, pelas elevações nos preços da energia elétrica residencial (38,92%), taxa de água e esgoto (9,06%) e gasolina (8,17%). O índice de difusão atingiu 61,8% no primeiro trimestre de 2015 (61,4% no quarto trimestre de 2014).

Em doze meses, até março, o IPCA do Centro-Oeste variou 8,55% (6,81% em 2014). A aceleração repercutiu, em especial, o aumento de 6,09% para 14,46% na variação dos preços monitorados (energia elétrica residencial, 58,59%; taxa de água e esgoto, 11,99 %; ônibus urbano, 11,64% e gasolina, 11,09%). A variação dos preços livres, por sua vez, passou de 7,01% para 6,80%, com aceleração dos preços dos produtos comercializáveis (de 6,11% para 6,53%) e desaceleração dos preços dos não comercializáveis (de 7,75% para 7,01%).

O arrefecimento da atividade econômica do Centro-Oeste refletiu, em especial, os desempenhos negativos do setor exportador – com retração das vendas de produtos básicos –, e da indústria. Para os próximos trimestres, as perspectivas são continuidade do crescimento em ritmo moderado, considerando-se o cenário de incertezas no setor primário, influenciado pelas menores cotações internacionais das commodities agrícolas, mas com maior crescimento da economia mundial e preços competitivos para a pecuária.

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