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O espetáculo, de autoria do dramaturgo Léo Pereira e direção de Humberto Pedrancini, traz a história escrita em 2007, com uma visão crítica do atual colapso do sistema capitalista que, na sua lógica cancerígena e corrupta, coloca o valor acumular capital acima de todos os outros valores humanos, subvertendo (oprimindo/corrompendo) todo trabalho humano e, especialmente, as atividades humanas relativas ao exercício do prazer.
A dramaturgia proposta coloca dois gladiadores em relação de tese e antítese, regidos por suas culpas e pela obsessão de trabalhar incessantemente em função do crescimento de um senhor Grande Número (espelho do Deus inexistente proposto em Godot).
Em contraposição a estes seres, Gladiador Negro e Gladiador Branco que, numa possibilidade de caracterização literal, poderíamos classificar, por exemplo, como um suposto embate de culpas entre um banqueiro corrupto e um traficante de favela, aparece a personagem Girassol que os conduz a uma possibilidade de libertação que não se realiza para os Gladiadores. Mas permite ao mesmo Girassol transferir para a plateia a massa poética desse embate, buscando um estágio de consciência coletiva que possa libertar a humanidade de seus preconceitos e colocar em xeque-mate nossas instituições corridas pelo sistema e sua inércia.
A Doença do Acúmulo é, portanto, um objeto filosófico de enorme valor pedagógico para a sociedade do nosso tempo que, apesar do absurdo desenvolvimento científico, tecnológico, financeiro e industrial; do ponto de vista das relações com o prazer humano e com a convivência do humano com o ambiental, ainda está presa nos medos da guerra fria e nos conceitos e pré-conceitos da Idade Média. É um manifesto pelo exercício do prazer, da liberdade e do trabalho pelos caminhos da filosofia, da poesia e dos valores do sertão, buscando um rio dentro do humano.
A Doença do Acúmulo
Data: 29 e 30 de Maio Horário: 20h
Onde: Cia Novo Ato – Rua Doutor Sebastiao Fleury Curado – St. Crimeia Leste
Ingressos: 20 a inteira
