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Vendas de imóveis novos devem sobressair

Com as mudanças da Caixa para o financiamento de imóveis usados, o mercado de imóveis novos deve ser aquecido, como acredita o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi), Renato de Sousa Correia. Para ele, a demanda pela primeira moradia será o propulsor para que o mercado imobiliário se adapte às novas regras para financiamento. "Isso é uma questão momentânea e o mercado imobiliário, em curto prazo, terá uma dificuldade de recurso, mas em médio e longo prazos não", destaca.

Renato aponta que o momento que o País vive, com alta da inflação, não afetará, por enquanto, o uso do FGTS para financiar imóveis novos. O que pode ser considerado vantajoso para quem tem o recurso disponível, sendo o momento recomendado para quem deseja investir usando o Fundo de Garantia, visto que as taxas de juros são baixas.

Confira abaixo a entrevista completa com o presidente da Ademi a  respeito das mudanças promovidas pela Caixa para financiamento de imóveis.

DM - Com as alterações que a Caixa promoveu para financiamento, existe a possibilidade de uma progressiva redução do preço dos imóveis?

Renato - A Caixa determinou que imóveis usados só serão financiados 50% ou 40%, dependendo do valor. Isso impacta apenas a área de imóveis usados que por um lado sofre, porque se tira uma série grande de compradores para imóveis usados e pode até impactar no preço deles, por outro lado, a demanda para imóvel novo pode ser reforçada. Então, tem um outro ponto de vista: para imóvel usado a regra não é boa, mas para imóvel novo a regra não afeta e pode até induzir a compra. É importante que o imóvel novo seja valorizado, porque é nele que se tem obras em produção e se tem geração de empregos e, com a escassez de recursos que o País se encontra, vai ser preciso escolher.

Estamos vivendo uma fase muito difícil em termos de liquidez no mercado, visto que a inflação subiu, as taxas de juros tendem a acompanhar e a poupança - que abastece o mercado imobiliário - fica desguarnecida, desta forma, o governo necessita tomar algumas providências, que é refrear até que as coisas se reequilibrem.

DM - As construtoras, incorporadoras e imobiliárias poderão ser prejudicadas com as mudanças?

Renato - Não serão prejudicadas, mas terão que se adaptar a um momento de poucos recursos. Terão de ser mais seletivas com o produto, já que sabem que a obtenção de crédito será menor e a expectativa é que se tenham menos lançamentos. Apesar de tudo, espera-se que a produção de imóveis seja igual ao que foi o ano passado, às vezes com até um acréscimo, dependendo do que acontecer no segundo semestre. Mas nada que vá levar a uma condição de insustentabilidade. Temos consciência que são medidas duras, que precisam ser tomadas e no curto prazo têm um impacto de volume, mas para médio e longo prazo irá se organizar, porque a demanda existe. As pessoas precisam de casa, precisam da primeira moradia.

DM - O setor imobiliário já previa tais mudanças? O FGTS também pode ser afetado?

Renato - No atual cenário, com alta da inflação, o risco disso acontecer era grande, mas depende da situação de caixa dos programas. O FGTS não foi influenciado ainda, mas tem se diminuindo a empregabilidade e, se persistir o desemprego alto por muito tempo, pode diminuir o uso do FGTS. Até o momento o FGTS não teve implicação. Mas quem se encaixa para usar o FGTS deveria realizar a compra do imóvel "ontem", porque a pessoa jamais irá conseguir uma taxa de juros tão baixa. Comparada com inflação, é um dos melhores investimentos que uma pessoa pode fazer. Dependendo da renda, a taxa de juros para o financiamento é de 7% ao ano, sendo que somente a Selic está em 13% e a inflação em 8%. Para quem tem, esta é uma ótima oportunidade de comprar imóvel usando o FGTS.

DM - Em Goiânia, o imóvel é uma forte moeda. Com o fato de apenas 50% do valor de um imóvel usado poder ser financiado, o mercado poderá ter uma recessão?

Renato - As pessoas continuarão encontrando promoções de curtíssimo prazo, mas nada que coloque o imóvel como um investimento ruim. O imóvel é um investimento que tem retorno a longo prazo, sendo que a demanda continua alta. Com a regularização da economia, os financiamentos voltam a ser implementados e o imóvel continuará sendo moeda forte, não sendo apenas em Goiânia. Quando os empresários analisam o médio e longo prazos, constatam que é uma situação passageira e que vai se resolver. A população de jovens brasileiros está no seu ápice, o chamado bônus demográfico e esse grande número, se não resolver o problema de moradia agora, o ano que terá de resolver ou no outro ano. O problema de habitação no Brasil, cada vez que o governo tem dificuldades com o setor imobiliário, está represando habitação e isso em algum momento irá reverter.

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