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Goiás terá fábrica de tratores de Belarus

A comitiva goiana chefiada pelo vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico (SED), José Eliton, formalizou nesta segunda-feira (29), em Minsk (Belarus), negociações que viabilizam a instalação em Goiás de uma unidade industrial da MTZ-Belarus. Trata-se da maior fábrica de tratores do leste europeu, responsável por 6 a 8% da produção mundial. A empresa também produz colheitadeiras, tratores florestais e equipamentos agrícolas. Exporta para mais de 125 países. Emprega, sozinha, 22 mil trabalhadores. A conquista é mais um resultado de missões anteriormente empreendidas pelo governador Marconi Perillo à Europa.

Os entendimentos foram conduzidos pelo vice-governador José Eliton e pelo primeiro vice-presidente da MTZ (Belarus Minsk Tractor Works), Vladimir Makarenko. O dirigente informou que precisa de duas a três semanas para finalizar detalhes técnicos da proposta. A viagem a Goiás acontecerá em julho ou agosto. A indústria já tem em formatação um business plan. Para a interlocução técnica foi designado o superintendente de Comércio Exterior da Secretaria de Desenvolvimento (SED), Luiz Medeiros.

Durante a visita a Goiás, a delegação de Belarus já conhecerá possíveis áreas para a instalação da planta industrial. Na ocasião, será assinado o protocolo de intenções com critérios, deveres e direitos que envolvem as duas partes. “Certamente teremos uma pauta de trabalho muito positiva em nosso Estado”, disse José Eliton. “Vamos consolidar os projetos o mais rápido possível”, informou. “O governo está preparado para atender as solicitações dos investidores”.

Na sua apresentação, o primeiro vice-presidente da MTZ (Belarus Minsk Tractor Works), Vladimir Makarenko, disse que a indústria completa 70 anos com capacidade de produção de até 100 mil tratores/ano. “Temos agora a tarefa de instalar uma unidade no glorioso Brasil e temos grande interesse para dar continuidade aos entendimentos”, disse.

“Não existe no Brasil nenhum lugar mais apropriado para este investimento, senão em Goiás”, disse o vice-governador em sua apresentação. Ele citou facilidades existentes no Estado, como o ambiente interno de regulação, logística apropriada com ligações para os demais estados brasileiros por meio de rodovias, ferrovias, aeroportos, incentivos fiscais e tributários. “Nossos interesses convergem para com a visão estratégica da empresa”, disse ao referir-se a Goiás como importante player do agronegócio, com 20 milhões de toneladas de grãos por safra, sendo ainda o segundo produtor nacional de etanol e açúcar.

A comitiva goiana foi recepcionada na seda da fábrica de tratores MTZ-Belarus, em Minsk, pelo chefe do Departamento de Protocolos, Solomevich Pavel, que traçou o panorama da empresa que, fez questão de destacar, trabalha com sistemas ecologicamente corretos. Segundo informa, ali são produzidas unidades sofisticadas e que funcionam com maior número de implementos. Um dos modelos mais sofisticados acolhe oito computadores. Segundo Pavel, “é possível guiar a máquina como se fosse um veículo de passeio, ao mesmo tempo em que se corta a terra, lavra, coloca a semente e adubos”. O preço de mercado de uma unidade com esse nível de complexidade seria em torno de US$ 150 mil a US$ 160 mil.

Goianos visitam Belaruskali, gigante do setor de fertilizantes

No período da tarde, a missão goiana liderada pelo vice-governador José Eliton visitou a indústria de fertilizantes Belaruskali, na cidade de Soligorski, com 100 mil habitantes e situada a 130 quilômetros da capital Minsk. O gigantesco complexo dedica-se à extração de potássio. Exporta para mais de 60 países e detém um terço do mercado mundial. Brasil, China, Índia e sudeste asiático são os principais parceiros comerciais.

O total exportado para o Brasil chegou a 2,3 milhões de toneladas em 2014. O volume de negócios atingiu US$ 690 milhões. A comitiva goiana foi recepcionada pelo vice-presidente da companhia, Andrei Rybak. Goiás ainda não é parceiro desta indústria de fertilizantes e a visita teve o objetivo de estabelecer os primeiros contatos.

A comitiva goiana ficou impressionada com os engenhos e a dimensão de Belaruskali. São 950 trabalhadores que se dedicam à dura tarefa de extrair cloreto de potássio granulado, fino e técnico. Inúmeros cursos de capacitação selecionam os recursos humanos. A cada turno, simultaneamente 250 operários se movimentam em estruturas mecanizadas de até 950 metros de profundidade. Inúmeras ramificações horizontais fazem desta indústria de fertilizantes uma verdadeira cidade subterrânea. Ventiladores ultra especializados fornecem oxigênio para equipes em ambiente de intensa profundidade.

Para que tenham segurança e para que o sistema de extração de potássio prospere sem interrupção, os trabalhadores precisam usar roupas apropriadas e serem submetidos a um regime especial, como se fosse um exército. O engenho é medido por segundos. Um atraso mínimo é inconcebível. Não se pode perder um minuto sequer. Há um rígido sistema de vigilância sobre o gás metano, todo ele computadorizado. Uma máquina funciona 18 horas de forma direta. Para garantir a segurança, equipes reveem e mantêm os equipamentos seis horas diárias. Com isso, a produção chega a 1 milhão de toneladas/dia.

O vice-governador José Eliton e comitiva viram de perto o funcionamento de uma imensa peça de extração de potássio, num cenário ao mesmo tempo rústico e sofisticado nos seus mecanismos. São cinco potentes equipamentos no complexo da indústria de fertilizantes Belaruskali. Cada um levou cinco anos para ser implantado, ao custo de US$ 200 milhões. No total, os investimentos chegaram a US$ 1 bilhão. A potência elétrica é composta por dois transformadores de 40 megawatts. A produção bruta anual chega a 6 milhões de toneladas de potássio (2 milhões do produto puro).

Interesses comerciais entre Goiás e Belarus se mostram convergentes

O Estado de Goiás e a República de Belarus manifestam interesses convergentes no sentido de ampliar a corrente comercial, bem como as estratégias e diretrizes para fazer avançar o mercado. Esta foi a tônica da reunião no Comitê Executivo da Região de Minsk, último compromisso da missão goiana nesta segunda-feira (29). A comitiva brasileira foi recepcionada pelo primeiro vice-governador do organismo, Makár Ígor Nikoláevich. “Nosso potencial de cooperação é grande”, disse ele.

O vice-governador José Eliton reiterou a determinação do governo de Goiás para ampliar relações comerciais com Belarus. Um dos pontos centrais de sua intervenção foi no sentido de retomar o processo de exportação de carnes, e assim superar o atual embargo. “Temos um rebanho com cerca de 20 milhões de cabeças de gado. Exportamos carnes praticamente para todo o planeta. Temos condições sanitárias adequadas para retomar o processo de comercialização. Nosso produto já chega na Europa, Rússia, EUA, Austrália e, agora mesmo, o mercado chinês se abriu. Essa pauta é muito relevante”, disse Eliton.

“Se, no passado, a distância e as diferença culturais nos separavam, hoje são fatores que nos aproximam devido às mudanças da geopolítica mundial”, disse o vice-governador. Pela parte brasileira, fizeram apresentações o representante da Assembleia Legislativa, deputado Zé Antônio (PTB), e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Pedro Alves.

“Buscamos em Belarus parceria comercial no centro da Europa, da mesma forma que o Estado pode ser um porto seguro para este país no centro do Brasil”, continuou o vice-governador José Eliton. Ele manifestou também interesse de ampliar relações de natureza cultural, com intercâmbio de conhecimento entre instituições de ensino superior.

“Belurus fará de tudo para ampliar as relações em todos os setores”, disse o vice-governador do Comitê Executivo da Região de Minsk, Makár Ígor Nikoláevich. Segundo ele, o país quer ampliar a comercialização de cloreto de potássio para Goiás e expressou interesse de intercâmbio em questões de âmbito científico. Ofereceu veículos automotivos, incluindo tratores e caminhões. Reiterou interesse em alimentos produzidos no Estado e disse que, no setor de fármacos, “o potencial é bem alto”.

Segundo Makár Ígor Nikoláevich, as duas partes vão fazer de tudo para estudar pontos de coincidência e dar continuidade aos negócios. Em suas apresentações, empresários de Belarus deixaram claro que o Brasil é um mercado estratégico, e que existe plena disposição para a cooperação comercial com Goiás e criação de esquemas logísticos para promover a distribuição de produtos.

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