Diante dos casos subnotificados de Covid-19, o total de infectados por coronavírus no Brasil até ontem, terça-feira (5), poderia ser de 1.657.752, segundo um estudo publicado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).
O número prevê uma variação de casos para mais ou para menos, considerando 1.345.034 casos no melhor cenário e 2.021.177 no pior. Os valores são muito além dos 114.715 casos oficiais divulgados hoje, quarta-feira (6), pelo Ministério da Saúde.
Para um dos pesquisadores envolvido nos estudos, Domingos Alves, os números apontam o Brasil como o "epicentro global do coronavírus". Atualmente, os Estados Unidos são considerados o epicentro mundial, com 1.171.510 casos oficiais confirmados até esta tarde, segundo o Centro para Combate e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC).
A estimativa é feita a partir da taxa de letalidade da Covid-19 na Coréia do Sul, país que está testando a população em massa, diferentemente do Brasil, que vêm aplicando testes apenas em casos graves. Usando o índice sul- coreano como base, o estudo adaptou a taxa de letalidade e a redistribuiu pelas faixas etárias brasileiras, chegando a 1,11% da taxa esperada. "A taxa de letalidade dos casos ajustada representa uma taxa de letalidade mais real, ajustando o cálculo da taxa pelo tempo médio entre a confirmação do caso e o óbito, de 10 dias", diz um trecho da pesquisa.
Um estudo feito por pesquisadores brasileiros apontou que o Brasil deve ser o próximo epicentro de contágio do novo coronavírus no mundo. Como ainda não há medicamentos para tratar a Covid-19, nem vacina para preveni- la, medidas de isolamento social são apontados por autoridades sanitárias como as únicas maneiras de reduzir a contaminação do novo coronavírus.
São Paulo passa de 3 mil mortos
De acordo com dados divulgados hoje pelo governo estadual, São Paulo registrou 194 mortes nas últimas 24 horas e chegou a 3.045 óbitos por Covid-19. Os hospitais do estado estão com 86% dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) ocupados por pacientes infectados pela doença causada pelo novo coronavírus. Os dados não se referem a mortes efetivamente ocorridas ontem, mas sim a soma de diagnósticos cujos resultados saíram nas últimas 24 horas.
A situação fez com que o governador João Dória (PSDB) decretasse luto oficial por tempo indeterminado no estado. Para o governador essa atitude é em homenagem aos mortos pela doença. "O maior volume de mortes pela doença, circunstância em que, em menos de 60 dias, 3 mil vidas foram perdidas. Em respeito, o Diário Oficial virá com decreto de luto oficial em todo o estado, perdurando durante todo o período em que durar", afirmou o governador.
Críticas a Bolsonaro
O governador de São Paulo voltou a criticar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Questionado sobre a taxa de isolamento social, que mais uma vez ficou em 47%, Dória negou que ter falado em flexibilização no estado tenha colaborado para o relaxamento das pessoas. Para ele quem está dando mau exemplo é o presidente.
"O que tem estimulado lamentavelmente o relaxamento das pessoas é a conduta errática do presidente que, dando maus exemplos, todos os finais de semana sai para fazer passeios na Esplanada dos Ministérios ou em cidades satélites de Brasília", sustentou.