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Obesidade faz refém 40% das mulheres

Conforme pesquisa, células com gordura ativam hormônios que potencializam inúmeras espécies de doençasPesquisa britânica divulgada na terça-feira (17), pela Cancer Research UK, um centro público de levantamentos do Reino Unido, revela que mulheres obesas

Conforme pesquisa, células com gordura ativam hormônios que potencializam inúmeras espécies de doenças

Pesquisa britânica divulgada na terça-feira (17), pela Cancer Research UK, um centro público de levantamentos do Reino Unido, revela que mulheres obesas têm chance 40% maior de desenvolver câncer. O estudo investigou pelo menos sete possibilidades diferentes da doença, como os riscos de cânceres de intestino, mama após a menopausa, vesícula biliar, rins, pâncreas, útero e esôfago. Por causa do sobrepeso, o sexo feminino tem ainda chance de ser acometido por quatro tumores.

De acordo com os responsáveis pela pesquisa, a obesidade pode elevar o risco de desenvolver a doença de diversas formas. Entre as chances é que o câncer esteja relacionado à produção de hormônios em células de gordura, especialmente o estrogênio. Acredita-se que essa substância funcione como fonte alimentadora para o desenvolvimento dos tumores.

“As células de gordura são ativas e aumentam os níveis de certos hormônios e compostos químicos – especialmente os hormônios sexuais – que circulam no nosso corpo. Isso pode levar ao desenvolvimento de tumores como o câncer de mama”, explica a médica Julie Sharp, uma das autoras deste estudo. Outra observação relevante da médica é em relação à parte do organismo onde se tem maior excesso de peso.

“A gordura em torno do estômago parece aumentar os riscos de câncer mais que o peso nos quadris, por exemplo. Isso pode estar ligado à proximidade das células de gordura ativas em relação a órgãos como os rins e intestinos”, acredita Julie. O estudo verificou que em um grupo de mil obesas, 274 foram diagnosticadas alguma vez na vida com câncer relacionado ao aumento de peso. Já num grupo com mulheres consideradas saudáveis – no peso ideal –, 194 manifestaram algum tipo da doença.

Para a médica Julie, a conclusão da pesquisa deixou clara a relação entre câncer e obesidade em mulheres. Contudo, ela alerta que os dados se restringem para o Reino Unido, local onde o estudo foi direcionado, e não servem de parâmetros fidedignos a outros países. Apesar disso, no Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde, 47,4% das mulheres estão acima do peso considerado ideal. O percentual é referente a um levantamento sobre o assunto em 2014.

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) responsabiliza a obesidade como responsável por 14% dos casos de câncer de mama. O instituto diz que uma parte dos índices da doença, no País, poderia ser evitada com controle da moléstia. Julie Sharp frisa que mudanças no estilo de vida como: parar de fumar, manter o peso saudável, ter uma dieta equilibrada e diminuir o consumo de álcool possibilita redução de risco de desenvolver o câncer. “Fazer estas mudanças não é uma garantia contra o mal, mas aumenta as possibilidades a nosso favor”, afirma.

A recomendação da pesquisadora britânica vem ao encontro da necessidade também de aliar atividades físicas ao estilo de vida. E a partir destas atitudes, as mulheres obesas já podem ajudar a si própria e evitar chances de câncer. “Perder peso não é fácil, mas você não tem que entrar para uma academia e correr quilômetros todo dia, ou desistir de sua comida favorita para sempre”, disse Julie.