Home / Cotidiano

COTIDIANO

USP abre sindicância para apurar ofensas contra alunas em Piracicaba

 Agência BrasilA unidade da Universidade de São Paulo (USP) de Piracicaba, no interior paulista, abriu sindicância para apurar ofensas e a exposição da intimidade de alunas. Em nota, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) informou que um

Agência Brasil

A unidade da Universidade de São Paulo (USP) de Piracicaba, no interior paulista, abriu sindicância para apurar ofensas e a exposição da intimidade de alunas. Em nota, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) informou que uma comissão está apurando os fatos a respeito de material com “conteúdo inadequado ao ambiente universitário” exposto no mural do centro de vivência do campus.

Fotos e relatos de estudantes, divulgados nas redes sociais, mostram um cartaz com listas de nomes de alunas. No material, as jovens são classificadas com expressões grosseiras, segundo características físicas e comportamento sexual. “O cartaz tem questões contra as mulheres, afrodescendentes e homoafetivas. São valores ou falta de valores de um grupo que existe dentro da universidade”, enfatiza o professor Antonio Ribeiro de Almeida Junior, que leciona na Esalq e pesquisa os trotes estudantis.

Segundo o professor, a atitude foi desaprovada pelo corpo estudantil. “Houve um repúdio muito grande dentro do campus a tudo isso”, destacou. Para ele, a universidade deve adotar medidas efetivas contra esse tipo de comportamento. “Eles se sentem impunes, acima dos demais. O que está ligado à questão da distinção: a pessoa entra na universidade e se torna uma pessoa distinta, portanto, melhor do que as outras”, acrescentou.

A estudante de Gestão Ambiental Élice Botelho denunciou o caso nas redes sociais. “Eu me senti ofendida com o cartaz. Em primeiro lugar, porque poderia ter meu nome escrito nele e, em segundo, porque são características comuns sendo usadas para inferiorizar outras pessoas”, ressaltou. Para a jovem de 22 anos, é importante protestar contra esse tipo de atitude. “Para mim, particularmente, não se posicionar contra aquele cartaz é ser conivente com o que ele representa: um caso explícito de machismo, racismo, LGBTfobia e misoginia.”

CPI

No final do ano passado, a Assembleia Legislativa de São Paulo instalou uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar as denúncias de abuso sexual e violência dentro da USP. Durante as audiências, a comissão recebeu diversos relatos de estupros e trotes violentos dentro da instituição.

A USP também abriu uma investigação interna sobre os casos. A Faculdade de Medicina chegou a proibir a comercialização de bebidas com álcool e suspendeu, por tempo indeterminado, a realização de festas. Foi criado ainda um centro de defesa dos direitos humanos, para dar assistência jurídica, psicológica e de saúde para alunos que se sentirem vítimas de algum tipo de violação.