Home / Cotidiano

COTIDIANO

Homem carrega cruz por quilômetros em protesto contra o FIES

Beto Silva

O produtor de hortaliças Francisco Cândido Neto, 52, está arriscando a própria vida para conseguir financiamento pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) para pagar o curso de medicina da filha, Bruna Larissa Vitti Cândido, de 21 anos.

Ele está carregando uma cruz de mais de 60 quilos desde qunta-feira (30/07). Seu objetivo é ir de Alexânia, entorno de Brasília, em direção ao Palácio do Planalto, 95 quilômetros de distância.

Sua filha cursa medicina desde 2014 no Instituto Master de Ensino Presidente Antônio Carlos, em Araguari, Minas Gerais. Ela levou quatro anos para entrar em uma faculdade de medicina, mas não consegue financiar o curso pelo Fies.

A renda da família é de R$ 3 mil por mês e só a mensalidade do curso de medicina custa R$ 5,3 mil. Francisco chegou a pedir dinheiro emprestado para quitar o primeiro semestre da faculdade de Bruna Larissa, mas agora as dívidas de 2015 se acumularam em R$ 45 mil. A estudante tem até o dia 5 de agosto para pagar as mensalidades, caso contrário terá que sair da universidade, sem direito a trancar a matrícula. Ou seja, terá que prestar outro vestibular.

Novo Fies

No último semestre estudantes apresentaram dificuldade para realizar o contrato do financiamento. Problemas no site impediam os estudantes de realizar cadastro. Foram 250 mil novos contratos em 2015 até agora. Durante todo ano de 2014 foram 732,2 mil contratos.

Foram abertas as inscrições para o Fies deste semestre na segunda-feira (03/08). O prazo limite para realizar o cadastro no sistema é até o dia 6 de agosto. São 61,5 mil vagas em um processo seletivo mais rigoroso.

O estudante será selecionado a partir de sua nota no Enem, que deverá ser de pelo menos 450 pontos. E a renda familiar deve ser abaixo de 2,5 salários mínimos por pessoa. Professores da rede estadual não precisam cumprir essas novas regras. Estudantes que terminaram o Ensino Médio antes de 2010 não precisam cumprir o requisito da nota do Enem.

Farra do Fies

Em 2014 o Brasil aumentou em mais de R$ 5 bilhões o investimento na Educação. Entretanto, a maior parte desse dinheiro foi usada no financiamento de cursos em universidades privadas. O grupo de universidades Kroton-Anhanguera por exemplo, foi a empresa que mais recebeu dinheiro do governo federal em 2014, deixando para trás empresas como a Embraer, que fabrica aviões e a empreiteira Odebrecht.

Ao mesmo tempo, as universidades privadas não aumentaram nas mesmas proporções a quantidade de estudantes matriculados. O aumento do lucro de algumas empresas privadas de educação permitiu que elas chegassem a aumentar investimento na bolsa de valores e ao mesmo tempo diminuíssem o gasto com a folha de pagamento dos professores. As investigações jornalísticas a cerca da distribuição do dinheiro do Fies ficou conhecida como A Farra do Fies.

Leia também:

  

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias