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Alunos em apuros

Anúncio de cortes de verbas para Casas de Apoio, mantidas em Goiânia e Anápolis, pela prefeitura de Goianésia preocupa 74 estudantes beneficiados que dizem não ter condições de continuar estudando sem o apoio da prefeitura. Prefeitura justifica que a medida foi tomada pela necessidade de corte de gastos a qual resultará numa economia de um milhão e seiscentos mil reais ao ano.

“Não sei o que vou fazer, tenho muito medo. Minha família não tem condições de me manter aqui em Goiânia”, exprime o estudante, Lucas Cassio de Moraes, 23 anos, do 6º período de jornalismo, o sentimento que preocupa todos os 74 alunos que são de Goianésia e dependem do apoio da prefeitura para morar e estudar na capital.

Lucas conta que hoje na República de Goiânia moram 42 estudantes e em Anápolis 32, todos, ele afirma, de baixa renda. “Foi uma surpresa muito desagradável para a gente, estamos todos muitos assustados. A maioria dos estudantes não tem mínimas condições de permanecer em na cidade sem a ajuda da casa”, ressalta.

De acordo com os estudantes todos foram pegos de surpresa após a Secretaria de Promoção Social de Goianésia enviar um comunicado, por e-mail, à coordenadora da república, onde os estudantes moram em Goiânia, informando que “a medida visa adequação de conduta da administração municipal frente aos gastos em subvenção social e atendimento da lei de responsabilidade fiscal”.

“Não falaram diretamente com a gente, o que sabemos é que é para corte de gastos, mas muitos fizeram o compromisso de estudar em Goiânia porque tinham a certeza que a prefeitura iria honrar com o compromisso de nos manter aqui até a nossa formação. Agora que estou na reta final do curso é triste saber que ele poderá ser interrompido pela falta de compromisso da prefeitura”, lamenta Lucas.

Com o intuito de evitar a determinação que põe fim ao sonho da graduação os estudantes da casa estão mobilizados para conseguir o apoio de vereadores. Os quais tentaram inúmeras vezes falar com o prefeito e com a secretaria, mas não obtiveram respostas.

“Como não obtivemos respostas estamos utilizando as redes sociais para nos manifestar. Só o prefeito e os vereadores podem mudar a situação. Alguns vereadores afirmam que as despesas da casa já estavam previstas no orçamento do próximo ano. Essa informação deixa a gente mais confuso ainda”, desabafa.

Outra dúvida que incomoda os estudantes são boatos, dizem eles, de que a prefeitura de Goianésia estaria investindo cerca de dez milhões na construção de faculdade de medicina no município. Esta teria se comprometido em doar um terreno de cerca de trezentos mil reais. Além de ceder prédios públicos para o inicio das aulas.

Asseguram que o mais curioso seria o fato de apenas três alunos que reside em Goianésia estudarem na faculdade. “Considero que não justifica cortar gastos que beneficia 74 alunos enquanto fazem investimentos tão altos para beneficiar apenas três estudantes de medicina na cidade”.

A república universitária foi criada em abril de 2001 por meio de um projeto de lei, assinado pelo então prefeito Otavio Lage de Siqueira Filho e abriga estudantes de baixa renda do município de Goianésia. A prefeitura da cidade é responsável pelos gastos com aluguel e contas de água e energia.

Os estudantes não escondem o medo diante do futuro incerto. “Tenho medo de parar de estudar. Não temos condições de ficar em Goiânia sem essa ajuda, é impossível. É nosso futuro que está em jogo”, conta Ludimila de Oliveira, estudante do curso de Direito, e que mora junto com outros 41 universitários na casa da capital.

Posicionamento

Em resposta as dúvidas e questionamentos dos estudantes a prefeitura de Goianésia explicou que nenhum estudante que reside nas Casas de Apoio em Goiânia e Anápolis foi despejado. E que o Município, através da Secretaria de Promoção Social emitiu um comunicado sobre as adequações nos recursos de subvenção social que serão realizados a partir do mês de janeiro de 2016.

“O município entende que quando esse auxílio foi criado, a cidade não podia garantir à comunidade oferta de cursos superiores, e buscou na época incentivar os jovens a estudar em Goiânia e Anápolis em busca de melhor qualificação profissional. Diante da nova realidade da cidade, que hoje possui inúmeras universidades com cursos de alto nível, se faz necessária a adequação do benefício, que custa aos cofres públicos um milhão e seiscentos mil reais ao ano e atende 340 universitários, mas não apoia os 4 mil estudantes que hoje cursam ensino superior em Goianésia” informa a nota.

Quanto ao questionamento feito pelo Jornal Diário da Manhã sobre os investimentos no curso de medicina da Universidade de Rio Verde – Polo Goianésia (UniRV), a prefeitura informamou que a verba destinada atualmente para apoio estudantil nas Casas de Apoio em Anápolis e Goiânia trata-se uma subvenção social, “ela não se relaciona com o apoio que o município cede à UniRV, que é de apoio logístico e de manutenção visando a instalação do curso em Goianésia, ou seja, não se transfere uma subvenção social para outro fim que não seja assistencialista”.

Acrescentam que o governo de Goianésia já estaria formatando um modelo de Bolsa Estudantil Municipal, que funcionará em substituição ao modelo atual, de forma a atender alunos universitários que necessitam de apoio para a conclusão de seus estudos. “Os gestores da Secretaria de Promoção Social já têm reunião agendada para a próxima semana, com alunos e pais para tratar deste assunto e esclarecer todas as duvidas que porventura persistirem” conclui.

Estudantes Casa de Apoio em Goiânia

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