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Terceiro maior crime no mundo

Não são incomuns casos de animais silvestres encontrados pela polícia em aprisionamento para venda ou em cativeiros de situação irregular. Na última quarta-feira (30), três homens foram presos com 300 aves silvestres em uma casa em Aparecida de Goiânia. Os pássaros haviam sido capturadas na Bahia e em Tocantins e seriam vendidos em São Paulo. Os policiais que fizeram o flagrante informaram que os animais, entre os quais filhotes de arara, eram maltratados.

As aves foram levadas para o Centro de Triagem de Animais Silvestre (Cetas), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Os homens foram presos e as armas encontradas na residência, possivelmente utilizadas na retirada das aves da natureza, foram apreendidas. A multa para crimes ambientais varia de R$ 3 a R$ 5 mil e mais R$ 500 por animal apreendido.

Na última semana uma mulher de 29 anos, foi detida pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na BR-153, em Uruaçu, por transportar quatro animais silvestres, ilegalmente, em uma caixa dentro de seu carro. O veículo foi parado para que os agentes aplicassem teste de alcoolemia. Estavam na caixa, um filhote de arara, dois de maritacas e um de periquito tirados do ninho.

A passageira admitiu ser dona dos animais e contou que sua intensão era levá-los para sua casa em Uruaçu. Ela conta também que o filhote de arara foi retirado de seu ninho, em uma árvore em um assento rural, próximo ao município de Mara Rosa. Os pássaros foram apreendidos e a ocorrência encaminhada a Polícia Civil local.

Caso seja verificado que a mulher não possui conhecimento sobre a regulamentação para a criação de animais silvestres, os animais serão apreendidos e não receberá multa pelo porte ilegal desses animais.

Em ambos os casos, aves silvestres são tiradas da natureza. No primeiro as aves estavam sendo traficadas para venda, já no segundo a finalidade era ter os animais em casa. Porém o tráfico também tem a finalidade de vender para quem deseja possui-los.

Tráfico

O tráfico de animais é um crime gravíssimo, está em terceiro lugar nas atividades ilícitas do mundo, logo após as armas e as drogas. Ela chega a movimentar de 10 a 20 milhões de dólares no mundo anualmente. O Brasil chega a participar de 5 a 15% do total mundial dessas comercializações.

O biólogo Felipe Francisco Barbosa afirma que a legislação brasileira em relação ao tráfico de animais vem melhorando nos últimos anos, mas ainda não é dado a devida atenção a causa. Ele fala também sobre o descaso das pessoas em relação ao tráfico de animais: “Muitas pessoas nem se interessam, enquanto que o trafico de animais é uma das três atividades ilegais que mais circula dinheiro no mundo” afirma.

Há uma estimativa de que sejam retirados anualmente da natureza 38 milhões de espécimes no Brasil, sendo quatro milhões destinados ao comércio. O país chega a arrecadar 2,5 milhões de reais ao ano na venda desses animais, sendo que 80% dos dos animais comercializados são pássaros. Apenas 1% deles chega com vida a seu destino final.

O biólogo explica que as aves são as mais comercializadas por chamarem mais atenção devido à coloração das suas penas, dentre outras características e explica: “Aves , em geral, são mais fáceis de criar e manter do que grandes mamíferos”.

Graças a prática do tráfico de animais o Brasil possui 218 espécies animais ameaçadas de extinção e sete espécies consideradas extintas por não ser encontradas em seus habitats há cerca de 50 anos.

Informações disponibillizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mostram que o número de apreensões realizadas no estado subiu de 83 para 117 desde o ano passado. Foram apreendidos do ano de 2014 para 2015 quase 1.500 animais silvestres.

Em nota o Ibama ainda afirma que esse número pode ser maior devido a entrega voluntária de animais ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) por medo da fiscalização. “Assim a entrada [de animais] nos dois anos saltaria de 1429 para no mínimo 3 mil animais silvestres vítimas do tráfico somente no Estado de Goiás” afirma o órgão.

Como ter um animal silvestre

Não são todos os animais que precisam de registro de adoção. Os animais que são considerados domésticos como o cachorro e o gato, como já é do conhecimento de todos, não necessita de nenhum registro para ser criados por admiradores de animais.

Felipe Francisco Barbosa, biólogo, conta que é contra a adoção de animais silvestres pois muitas vezes a criação indevida dos bichinhos pode prejudicar a fauna local e incentivar o tráfico de animais.

Segundo o setor de Fauna do Ibama, para se ter um animal silvestre o interessado deve se encaixar em uma das categorias disponíveis para a criação. Essas categorias englobam desde mantenedores da fauna, criadores amadores até criadores comerciais.

Os mantenedores de fauna, se oferecem para criar os animais que não podem mais ser reintegrados à natureza. Essa categoria, ainda que semelhante, é diferente da criação do zoológico. Eles criam os animais com a permissão da Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima), mas não podem deixá-los se multiplicar nem comercializar suas crias.

Para se registrar como mantenedor de animais é necessário pedir permissão da Secima. O órgão verificará se o interessado tem condições de manter o animal e depois de verificadas e aprovadas pelo órgão, ele é enviado ao local para que possa ser criado pelo mantenedor, porém sempre com acompanhamento.

Criadores

Os comerciantes, ao contrario dos mantenedores, tem a permissão para comercializar as crias de seus animais, desde que estejam regularizados em relação ao tratamento, acompanhamento veterinário e registro.

Os comerciantes de animais têm a permissão de vender estes animais para a classe chamada “amadora”, aquela que cria por amor, sem que seja necessário fazer nenhum tipo de cadastro em qualquer órgão de regulamentação e proteção ao meio ambiente.

Para os que desejam ter um bichinho diferente, é necessário lembrar de verificar se a loja está em dia com o registro de permissão e tratamento, para não ter seu bichinho apreendido, já que animais irregulares não podem ser regularizados mesmo após a compra.

O biólogo aconselha aos criadores a prestar atenção e estudar sobre a alimentação, ambiente e saúde do animal, pois cada espécie deve ser tratada de maneira diferente. Ele também fala sobre os erros mais comuns dos criadores desses animais: “[São erros] principalmente cuidados com o ambiente, como viveiros e gaiolas muito pequenas, mas falta de cuidados com alimentação e saúde também são comuns”.

Operação apreende 134 animais irregulares em zonas da Capital

Em agosto a Secretaria das Cidades e do Meio Ambiente (Secima) realizou, junto a Agência Municipal do Meio Ambiente de Goiânia (Amma), uma operação que apreendeu e entregou ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaveis (Ibama) 134 animais irregulares. Grande maioria dos animais apreendidos eram pássaros, silvestres e exóticos, e três jabutis. Também foram apreendidos também 33 quilos de caça e pescado.

As fiscalizações foram feitas a partir de denuncias feitas pelo Disque-Denúncia da ouvidoria do Secima e da Linha verde do Ibama. Três criatórios  de pássaros tiveram licenças no Sistema Sispass bloqueadas por terem sido verificados crimes e irregularidades nos locais.

Lista dos animais mais traficados no Estado:

Arara-canindé

Canário-da-terra

Maritaca

Papa-capim

Papagaio-verdadeiro

Pássaro-preto

Periquito-de-encontro-amarelo

Sabiá-laranjeira

Trinca-ferro

(Fonte: Ibama)

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