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Morte de taxista causa pânico

Taxista morto na madrugada de domingo, em Senador Canedo, foi enterrado na manhã de ontem às 10 horas na cidade de Mara Rosa. Welton Alves da Silva, 29 anos, deixou esposa e dois filhos, um de nove anos e um bebê de apenas quatro meses. Colegas de trabalho da vítima que atuam no município suspeitam de atuação de quadrilha no local onde os motoristas aguardam ser chamados.

Após decidir mudar-se do município de Mara Rosa com a família em busca de uma vida melhor, Welton Alves morava há quatro anos no Bairro Vila São Sebastião, em Senador Canedo. De acordo com conhecidos do casal que preferem não ser identificados, por medo, a vítima não tinha inimigos.

“Aqui em casa temos o táxi do meu sogro e o do meu marido. Sou esposa de taxista e recentemente anterior a esse fato com o Welton um taxista sofreu agressão desse tipo, sorte que ele conseguiu sobreviver. A gente está achando que são as mesmas pessoas que estão fazendo essa abordagem criminosa”, revela amedrontada O. S.

Ela conta que o esposo que trabalha há mais de nove anos como taxista está assustado com a onda de violência contra taxistas na cidade. Ela narra que há duas semanas o taxista E. foi abordado na Praça Criativa, em Senador Canedo, local onde os trabalhadores aguardam corrida, por três homens que o levaram para uma região mais afastada e após roubá-lo tentaram enforcá-lo.

“Ele foi agredido e levaram o dinheiro dele. A gente acredita que a intenção era assustá-lo, pegaram o carro dele e o liberaram. Welton também foi abordado na Praça Criativa e levado para o Setor Boa Vista. Ele levou duas facadas. O crime ocorreu por volta de 4 horas da madrugada de domingo, a gente não sabe se foi porque ele reagiu. Ninguém sabe dizer o que houve”.

Os taxistas que atuam na cidade estão com medo de atender chamadas à noite porque com frequência vem sofrendo tentativas de assalto. Suspeitam ainda que a onda de crimes aumentou porque os criminosos acreditam que o trabalhadores terão mais dinheiro.

“Os clientes chamam à noite porque não tem ônibus, mas estamos com muito medo de atender os chamados nesses horários. Com os dois taxistas os crimes ocorreram à noite. Acreditamos que são as mesmas pessoas estão cometendo esses crimes. Eles estão achando que o taxista, nesse mês de dezembro está lucrando mais e talvez por isso estejamos mais visados” menciona O.S, que faz parte da equipe do esposo e sogro.

Vulnerabilidade


Para o presidente da Associação dos Permissionários de Táxi no Município de Goiânia, Hugo Marcelo Nascimento Silva, a realidade dos taxistas hoje é de extrema vulnerabilidade. Ele revela que rotineiramente os profissionais dessa categoria são vítimas de assaltos que não viram notícia e nem estatísticas nas Secretarias. A explicação, diz ele, é o fato dos bandidos levarem apenas dinheiro e pertences pessoais, o que leva a grande maioria dos taxista a não registrar ocorrência, por não acreditar em resultados positivos ao registrar a ocorrência do crime.

“É lamentável, em Goiânia tivemos dois assassinatos esse ano, um da Rádio Táxi ABC e outro da Bandeirantes, o primeiro a tiro e o segundo a facadas. O trabalho noturno é o mais vulnerável, pois aí sim apenas contamos com a proteção de Deus, pois a polícia se esforça, mas sabemos que é impossível” desabafa.

Mas Hugo reconhece a importância da atuação da polícia quando afirma: “não deixamos de pedir pelas abordagens durante a noite, é a forma da polícia nos ajudar e coibir as ações desses marginais. Lamentamos profundamente a morte de mais um colega e pela família” define.

Ele observa que a onda de crimes contra taxistas em Goiânia e região metropolitana não era frequente, mas tem se tornado uma característica nova na realidade do taxista. Ele avalia que um dos motivos da violência contra o taxista é o fato desse profissional não trabalhar diretamente com dinheiro em espécie. “De cada dez corrida em média sete a oito são pagas com cartão de crédito ou débito. Aí quando o assaltante aborda o taxista o que ele quer é dinheiro e quando ele descobre que o taxista não tem, ele o agride chegando até a matar”, considera Hugo.

Welton foi assassinado a facadas por três homens na noite de domingo. Os suspeitos se passaram por clientes e tentaram roubar o carro de Welton, depois de esfaqueá-lo. De acordo com a polícia, os homens desistiram da ação quando bateram o veículo em um muro. O corpo de Welton foi jogado em uma mata próxima a região. O caso foi encaminhado a Delegacia Estadual de Investigações de Homicídio (DIH).

Protesto


Taxistas de estado de Goiás se movimentaram ontem (21), em protesto a morte do motorista de táxi. Como modo de protesto o grupo de taxistas escreveu a palavra “luto” em seus carros e amarraram uma fita preta no retrovisor. Depois saíram em carreata buzinando ao longo do percurso, que passou pelas principais ruas de Senador Canedo.

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