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Mistério perto do fim

A Polícia Civil de Goiás e a Polícia Civil de Santa Catarina prenderam suspeitos de envolvimento no desaparecimento da enfermeira Deise Faria Ferreira, 41 anos. Ela sumiu depois de participar de um ritual da seita Daime em uma chácara próxima a Nerópolis, em julho de 2015. Os suspeitos o engenheiro agrônomo, Antônio Deivid dos Santos Filho, foi preso em Santa Catarina, na terça-feira (26) e o líder do Instituto Céu do Patriarca e Matriarca em Goiânia, Cláudio Pereira Leite, foi preso na manhã de ontem (28), em Goiás.

Para a família a notícia da prisão não surpreende no que se refere aos suspeitos. Eles se mostram otimistas com a possibilidade, finalmente, de encontrar respostas sobre o que, de fato, aconteceu com Deise. “O desgaste emocional é um sofrimento muito grande. Ela não vai voltar, contudo, pelo menos desvenda esse mistério”, descreve a mãe de Deise, dona Marilu Rosa de Faria.

“Há muito tempo já não temos esperança da minha mãe estar viva e a troco de que eles iam esconder ela, minha mãe não é rica, não tem dinheiro. Agora é esperar para ver o desfecho. Nunca tive ódio deles e sempre peço a Deus para desinquietar o coração deles para contar a verdade. Pelo menos há esperança de a família descobrir o que aconteceu com ela”, acrescenta a filha de Deise, Apoena Faria de Souza, 23 anos.

Apoena recorda que tudo começou quando a mãe decidiu buscar uma conexão espiritual e acabou encontrando na internet a seita do Santo Daime Céu do Patriarca e Matriarca com sede em Abadia de Goiás. Em uma espécie de ritual do Daime é costume ingerir o chá da ayahuasca famoso por suas propriedades psicotrópicas. Deise tinha se tornado adepta da seita havia três meses antes de desaparecer em um encontro do grupo realizado em uma chácara nas proximidades de Nerópolis.

A jovem lamenta o fato da série de incidentes ocorridos com a mãe, justo onde ela acreditou que encontraria refugio. Ressalta que a mãe não tinha nenhum problema de saúde até começar frequentar a seita e fazer uso do chá. Apoena afirma que que após o uso frequente da substância, Deise teria desenvolvido problemas de pressão alta, momento em que a família decidiu afastá-la dos encontros da seita, para que buscasse  tratamento.

“Ela começou a ter o problema de pressão alta foi quando a gente levou ela para Brasília para fazer o tratamento de pressão alta. Como o médico sabia que deixar de tomar o chá daria abstinência, receitou um ansiolítico para diminuir a ansiedade junto com o remédio para pressão alta. Minha mãe era funcionária pública há mais de dez anos e nunca havia tirando uma licença a não ser para realizar procedimento estético” afirma.

Deise ficou apenas 20 dias em Brasília e voltou para Goiânia, para uma perícia médica porque desejava voltar trabalhar. “A médica a autorizou trabalhar, mas ela tinha que continuar o tratamento. Pediu para ela não interrompe o tratamento e nem mistura com o chá. Minha tia conversou com ela e ela prometeu. Mas mesmo ela estando em Brasília os membros da seita continuavam conversando ela”.

De acordo Apoena os membros da seita insistiram para que Deise continuasse frequentando as reuniões e para isso ela precisava antes se desintoxicar dos “venenos” - uma referência aos medicamentos.  “Ela conversou com minha vó dizendo que iria ao encontro do grupo em uma chácara em Nerópolis participar da reunião onde seria feito um “trabalho diferente” para a desintoxicação. Mas prometeu para minha vó que não tomaria o chá. No entanto, de acordo como próprio Cláudio ela tomou o chá e por isso ficou desconsertada e teria desaparecido”.

Apoena recorda que só depois de 24 horas que Antônio resolveu aparecer para devolver o carro de sua mãe, para uma conhecida da família que também é integrante da seita. “Na hora a gente viu que tinha alguma coisa de errado porque dentro do carro estava todos os pertence dela documento, dinheiro, celular, roupas e ele simplesmente entregou o carro contando que estava trazendo minha mãe e do “nada” na porta da chácara ela sai do carro e ele a  perdeu de vista”.

Investigação

De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil o inquérito ainda está sendo finalizado e por isso o delegado responsável pelo caso, Thiago Damasceno, não vai divulgar mais detalhes até a finalização do caso. “O delegado responsável pelo caso é muito cauteloso em relação à investigação e entendo o fato dele não passar detalhes nem mesmo para a família”, descreve Apoena.

No entanto ela tem esperança de com base nas prisões de ter uma prova mais concreta para a resolução do desaparecimento. “Na chácara onde minha mãe participou da seita a perícia através do luminol ativou a presença de sangue, mas não pode ser comprovado como sendo da minha mãe”, revela.

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