Home / Cotidiano

COTIDIANO

Violência contra jornalistas aumenta 17,52% no Brasil

  • Documento informa que cinco comunicadores, radialistas e blogueiros foram executados
  • Um jornalista assassinado em Goiás, na cidade Santo Antônio do Descoberto, Entorno do DF
  • Maria José Braga [GO] denuncia o cerceamento à liberdade de imprensa com ações judiciais

Levantamento realizado pela Fenaj [Federação Nacional dos Jornalistas] mostra que houveram 161 casos de violência contra jornalistas em 2016. Com dois assassinatos. Além de 222 registros de ocorrências contra profissionais da comunicação no Brasil. Um aumento de 17, 52% em comparação com o turbulento ano de 2015, no País. Os dados compõem documento cuja apresentação é assinada pela jornalista Maria José Braga [GO], presidente da entidade.

O relatório denominado Violência - Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil aponta também o crescimento de decisões judiciais que condenam jornalistas à penas de prisão. Em tempo: os classificados crimes contra a honra estão tipificados nos Códigos Civil e Penal. A pena, porém, aos jornalistas, seria desproporcional ao agravo, diz a sindicalista.

Mais cinco assassinatos de comunicadores integram a lista oficial. Assim como a morte, em acidente aéreo, de 21 jornalistas que estavam no avião da Lamia, empresa da Bolívia que operava com irregularidades e que transportava a equipe da Chapecoense, para a final do Campeonato Sul-Americano de Futebol Profissional. Esses casos não entraram nas estatísticas.

A denúncia pública dos casos de agressões contra jornalistas é um importante instrumento de combate à impunidade, afirma Maria José Braga na apresentação do 'dossiê' do ano de 2016. O jornalista é imprescindível à democracia, explica ela. Não se faz jornalismo sem jornalistas, observa, indignada, a dirigente da Fenaj. A sociedade precisa assumir a sua defesa, insiste.

- O Brasil continua a ser um País violento para o exercício do jornalismo!

O número de agressões em 2016, em comparação com 2015, que já havia registrado uma evolução em relação ao ano de 2014, é alarmante, mostra o Relatório da Fenaj. Números oficiais: foram 24 casos a mais do que os de 2015 - 161 casos de violência contra 137.  O total de vítimas teria sido, como mostra o documento, 222 jornalistas, em todo o Brasil.

O jornalista Maurício Campos, dono do jornal 'O Grito', do Estado de Minas Gerais, foi assas-sinado em 2016. Em Santo Antônio do Descoberto, Goiás, localizado no Entorno do Distrito Federal, João Miranda do Carmo, responsável pelo site na internet 'Sem Censura' acabou morto. Dois blogueiros, dois radialistas e um comunicador morreram no ano passado.

- Executados!

Agressões físicas

Agressões físicas constituem os registros mais comuns. Uma repetição dos anos anteriores, pontua o Relatório de 2016 Violência - Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil. Um total de 58 casos. Detalhe: nove a mais do que o ano de 2015. Agressões verbais computadas totalizariam 26 casos, com 24 ameaças e intimidações e até cinco atentados.

- Além de 18 casos de cerceamento à liberdade de imprensa com ações judiciais.

Ano eleitoral, 2016 registrou ações judiciais de coligações, partidos políticos e candidatos para tentar impedir a circulação de informações, sobretudo nas redes sociais. As petições invocavam a Legislação Eleitoral. O maior número de ocorrências de violência a jornalistas ocorreu na Região Sudeste, formada por São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.

- Do total de 161 ocorrências, 71 foram registradas nos Estados na Região Sudeste.

São Paulo é o Estado mais violento, com 44 casos. Rio de Janeiro, 12. Minas Gerais, dez. Espírito Santo, cinco agressões contra jornalistas profissionais. A Região Sul - Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul - aparece em segundo lugar no ranking nacional da violência contra trabalhadores da categoria: 30 casos. Um porcentual de 18,63% do total.

O Norte é a terceira região mais violenta. Para os jornalistas brasileiros. O número de ocorrências chegou a 26. O Pará apresentou dez registros. Rondônia, quatro agressões notificadas. Estado do Tocantins, três casos. Amapá, três casos. Acre, dois. Amazonas, dois. Roraima, dois.  Um porcentual de 16,15% do total monitorado pela Federação dos Jornalistas.

O Distrito Federal [DF] lidera os casos registrados de agressões e violência contra jornalistas profissionais na Região Centro-Oeste: oito. O Estado de Goiás fica em segundo lugar, com cinco casos. Mato Grosso, quatro. Mato Grosso do Sul, um único caso. O total na região é de 18 ocorrências. Um porcentual de 11,18% do total, anota o dossiê organizado pela Fenaj.

O Relatório de 2016 Violência - Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil informa ainda que o Nordeste do País foi a região menos violenta. Com 16 ocorrências. Um porcentual de 9,94%  do total registrado, de 161 casos com 222 vítimas. Sete registros no Estado do Ceará. Ala-goas, três agressões a jornalistas. No Estado da Bahia, duas agressões.

- Paraíba, Piauí, Sergipe e Pernambuco, uma agressão notificada em cada Estado.

Televisão

Os jornalistas mais agredidos em 2016 teriam sido os profissionais que trabalham no suporte televisão. Em segundo lugar, os trabalhadores da mídia impressa. Repórteres cinematográficos e fotográficos compõem a relação. Jornalistas que trabalham em portais, sites, blogs - mídias digitais - ocupam o terceiro lugar. Dezoito trabalhadores do rádio foram vítimas de violência.

Os agressores são, em 25,47% dos casos, policiais militares e guardas. Manifestantes, 18,63%. Políticos, seus assessores e até mesmo os parentes  constituem 15,53% dos responsáveis pelas violações dos direitos dos jornalistas. Juízes, procuradores e oficiais de justiça integram as estatísticas em 10,56% dos registros. Empresários,  3,73%. Dados oficiais do relatório de 2016.

Análise

Maria José Braga, presidente da Fenaj, diz que, apesar de os números serem alarmantes, os dados podem ainda estar subestimados. "Muitos casos não se tornam públicos, pois o jornalista tem medo de se expor ao denunciar quando é vítima de violência", desabafa. Identificar os casos de censura constitui ainda é um desafio, dispara a líder da categoria.

- No relatório, são poucos, mas sabemos que esse número é muito maior..

João Miranda do Carmo, morto com sete tiros, por denunciar em seu blog problemas em Santo Antônio do Descoberto, em Goiás, Entorno do Distrito Federal” Relatório Violência - Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil   Temos que encontrar uma forma de resguardar a integridade física dos profissionais de imagem” Maria José Braga,Presidente da Fenaj

Leia também:

  

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias