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COTIDIANO

Direitos violados

O estudante do curso de Química da Universidade Federal de Goiás (UFG) Lucas Fagundes de Paula, juntamente com sua advogada Cláudia Helena Gomes, professora da Faculdade de Direito da UFG, procurou a reportagem do Diário da Manhã para denunciar uma série de abusos cometidos contra o jovem após ter sido abordado por supostos agentes policiais.

Visivelmente transtornado e com notório receio de trazer a público os momentos de desespero e pânico que passou sob a mira de armas e pontapés, Lucas afirma que só tomou a decisão de expor as agressões sofridas por contar com apoio de familiares e amigos que acreditam que só poderá haver mudanças se a realidade for revelada e debatida pela sociedade.

Para Lucas, o dia 14 de fevereiro seria um dia comum, como outro qualquer. O jovem trafegava na Avenida Nero Macedo, saindo de sua casa com destino à Igreja Sagrada Família, no Bairro Vila Canaã, onde pretendia se confessar, mas, por algum motivo o qual nem ele sabe, percebeu que estava sendo perseguido por um veículo cor branca, marca Renault/Duster.

Suspeitando ser um assalto, uma vez que o veículo não continha nada que o identificasse como sendo da polícia, Lucas tentou esquivar-se do encalço, sendo perseguido em alta velocidade. Para sua surpresa e terror, os ocupantes do veículo passaram a atirar em sua direção. Ao ter o carro atingido, já em total desespero, ele acabou batendo em outros carros parados em frente a uma oficina, na esquina da Avenida Consolação.

De acordo com ele, nesse momento os ocupantes do veículo que o perseguia saíram do carro e em “tom agressivo passaram a bater nele dizendo que o mesmo era maconheiro e traficante”. “Em seguida fui levado para a Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), sendo que, naquela especializada, ainda fui agredido e torturado para assumir que era traficante de drogas”, denuncia.

Lucas acusa os policiais de não terem se identificado e estes, não satisfeitos, ainda foram até sua casa, para surpresa da mãe que ficou em choque, e revistaram toda a residência sem ordem judicial. Mas ele afirma que nada foi encontrado na revista. “Depois que constataram que não havia nada de errado na minha conduta, fui liberado, mas antes fui levado ao IML onde os policiais pressionaram os peritos a indicar que as lesões sofridas foram em decorrência da batida do carro”, lamenta o estudante.

Justiça

A advogada Cláudia Gomes observa que o estudante conta com o apoio de um grupo de advogados do Núcleo de Prática Jurídica da Faculdade de Direito da UFG. “Todos nós estamos representando o Lucas nesses acontecimentos. Vamos buscar a identificação desses agentes policiais civis que são quatro e a responsabilização por vários crimes: abuso de autoridade; tortura; homicídio tentado (quando dos disparos contra o carro); prisão ilegal; e dano ao patrimônio. Todos quatro serão responsabilizados por essa sequência de crimes”, assegura.

Cláudia menciona que Lucas tem em seu favor documento emitido pela Deic constando sua passagem, como se houvesse razão para sua prisão, apontando o fato ocorrido como um Termo Circunstanciado de Ocorrência, além de fotografias, comprovando as lesões corporais e estragos causados a seu veículo.

Foi requerido na corregedoria e no Ministério Público que seja solicitado do IML o laudo pericial relativo às lesões sofridas pelo estudante. A abertura de inquérito policial contra os agentes públicos que cometeram delitos; a abertura de procedimento administrativo contra os mesmos, bem como que o carro de Lucas seja imediatamente encaminhado à polícia técnica para a devida perícia e o imediato ressarcimento a ele dos prejuízos com seu veículo e dos demais carros atingidos.

Esclarecimento da Polícia

A reportagem do DM entrou em contato com Assessoria de Imprensa da Polícia Civil, a qual informou que: “De acordo com registro de atendimento integrado, o autor resistiu à prisão, após ter empreendido fuga de cerca de dois minutos, após identificação dos policiais. Os mesmos estavam a bordo de viatura munida de giroflex e sirene. Foram dadas as vozes de comando de praxe e determinaram que o autor parasse o veículo, mas ele não obedeceu, empreendeu fuga, invadiu um condomínio variando a cancela do imóvel, momento que foi possível realizar a abordagem policial. Sendo que o autor resistiu à prisão, obrigando os policiais a fazer uso da força para imobilizá-lo e conduzi-lo até a delegacia de polícia para lavratura do procedimento.

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