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Violência afugenta moradores das residências

Entre os principais fenômenos ligados à violência e criminalidade urbanas, destaca-se o sentimento de insegurança. O aumento de assaltos em residências convencionais tem feito com que a população de Goiânia procure moradias em condomínios fechados a fim de garantir segurança e tranquilidade.

De acordo com especialista em mercado imobiliário Ricardo Teixeira, o mercado teve um aumento de aproximadamente 30% no fechamento de negócios, esse ano, comparados ao ano passado. “O mercado tem trabalhado com esses tipos de empreendimentos oferecendo conforto, segurança e bem-estar”, diz o especialista.

Para Ricardo, a demanda por um imóvel seja vertical ou horizontal é muito grande, Goiânia é uma cidade jovem e economicamente ativa, ou seja, além da demanda natural vem o fato da insegurança que aumenta na Capital. “Somos a última metrópole que começa a sentir o peso do problema de segurança, todas as outras já sofreram isso. Somada a demanda natural de imóvel, há também a demanda das pessoas que estão sendo assaltadas, que moram em casa e estão com medo”, justifica.

Dados da Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Estado de Goiás (SSPAP) apontam que em cinco anos o número de registros de roubo a residências no Estado aumentou 42%, saltando de 1.968 em 2012, para 4.610 em 2016. Só entre janeiro e abril deste ano foram mais de 1.200 ocorrências em Goiás e as quatro principais cidades que compõem a região metropolitana (Goiânia, Aparecida de Goiânia, Senador Canedo e Trindade) respondem por mais de 52% das notificações desse tipo de crime.

Segundo o engenheiro civil Eduardo Oliveira, a procura é maior por condomínios horizontais do que verticais, pois promovem moradias em casa com segurança e conforto. A busca por esses empreendimentos tem aumentado, esses que agregam com áreas de lazer e favorecem a vida em comunidade. “Diversos empreendimentos foram ofertados para atender a demanda crescente. Cidades como Aparecida de Goiânia experimenta este desenvolvimento com empreendimentos localizados dentro da cidade e aproveitando toda a estrutura de comércio e conveniência de regiões já desenvolvidas”, explica Eduardo.

Mudança 

A médica veterinária Priscila Pyles sempre morou em casa convencional e após um assalto, teve que abandonar a casa onde morava há cinco anos e investir em um condomínio horizontal.

Priscila e sua família estavam indo para a igreja até que dois homens, armados, anunciaram o assalto. No desespero, o esposo da veterinária, Adão Alves Dourado acelerou o carro e os bandidos atiraram no veículo, perfurando porta-malas e pára brisa. Após o ocorrido, Priscila descobriu que estava grávida, isso deixou mais desesperada em saber que podia ter acontecido algo não só com ela, mas também com uma criança que estava por vir.

Após esse trauma vivido, Priscila e sua família tomaram uma importante decisão e foi em busca de um lugar para morar que garantisse tranquilidade e principalmente segurança. “É muito triste sair da casa que tanto planejamos para ser nosso lar, tanto trabalho, tanta dedicação, tantos custos, e agora temos que começar tudo de novo, ficamos presos em casa para que os bandidos fiquem soltos por aí”, lamenta.

Outro caso de violência que chocou a população foi o assalto a uma família na rua Tristão, no Jardim Atlântico, em Goiânia, levantou mais uma vez o debate sobre a insegurança na capital, principalmente para quem mora em casas convencionais. O fato ocorreu no início deste mês e foi filmado por uma câmera de segurança e as imagens circularam pelas redes sociais e pela imprensa. Além de ver sua esposa e filhos sob a mira das armas dos assaltantes, o pai da família acabou sendo atropelado e ficou gravemente ferido durante a fuga dos bandidos que levaram o seu carro. Após o ocorrido, os moradores da rua se mobilizaram para transformar o logradouro em condomínio fechado. Criaram um abaixo assinado, além de um grupo no Whatsapp.

A autorização para o fechamento de vias públicas deve ser pedida à prefeitura. Cada município tem normas próprias regulando o uso e ocupação do espaço. O grupo apoia um projeto de lei do vereador Anselmo Pereira (PSDB) criado no ano passado. O projeto permite a concessão de vias públicas para associações de moradores criarem loteamentos fechados, mas na época, o projeto não avançou.

No entanto, o texto do antigo projeto está sendo reeditado, vai especificar os tipos de vias que podem ser alteradas, e um substituto deve ser apresentado no próximo mês na Câmara dos Vereadores. Se for aprovado, a rua Tristão segue todas as condições contidas dentro da nova lei, onde as ruas deverão ser vielas ou sem saída, estar em área predominantemente residencial, além de todos os moradores estarem de acordo com as modificações.

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