Home / Cotidiano

COTIDIANO

Aprendizes da fraude

•  Fraudadores tinham tanta confiança que alunos só pagavam após a matrícula

• Polícia Civil desbarata esquema de aprovação em vestibulares de medicina que movimentou mais de R$ 5 milhões

A Polícia Civil de Goiás deflagrou ontem a Operação Monge, que desbaratou um grupo especializado em fraudar vestibulares de medicina em quatro faculdades em Goiás e Minas Gerais. Segundo o delegado Cleybio Januário Ferreira, adjunto da Delegacia Estadual de Repressão às Ações Criminais Organizadas (Draco), as investigações estão em curso desde setembro de 2016 e a Polícia Civil aguardou o melhor momento para prender os principais integrantes do grupo e evitar mais fraudes.

“O grupo criminoso tinha tanta certeza do sucesso da fraude que os alunos só pagavam após efetuarem suas matrículas nos cursos de medicina”, explicou o delegado. As investigações começaram após a reitoria da Universidade de Rio Verde denunciar que havia suspeitas de fraude nos certames de vestibulares em duas unidades: Goianésia e Aparecida de Goiânia. Além da UniRV o grupo fraudava vestibulares também na Universidade de Alfenas (Unifenas).

Um dos envolvidos no esquema fraudador, Fernando Batista Pereira, foi monitorado por agentes da Polícia Civil e descoberto quando comprava 10 aparelhos celulares no camelódromo de Campinas. Todos os aparelhos seriam utilizados em um vestibular que a quadrilha agiria em poucos dias. Uma agente da Draco se aproximou de Fernando a pretexto de também comprar uma vaga no curso de medicina e gravou toda a conversa.

As vagas nas faculdades de medicina eram negociadas em valores que variavam de R$ 80 mil a R$ 120 mil, dependendo da forma de como era feito o procedimento. Alguns poderiam receber o gabarito no celular e os mais caros procedimentos eram os de passagem direta, em que os estudantes deveriam apenas fazer a prova de redação. Curiosamente tiveram alunos que pagaram e foram aprovados nas provas objetivas, mas não alcançaram nota na redação e foram desclassificados. A estimativa da PC é que o grupo movimentou cerca de R$ 5 milhões no período.

Dinheiro 

As equipes de policiais prenderam o estudante Mateus Ovídio Siqueira, que fazia as provas em tempo recorde e passava por celular o gabarito. O empresário Rogério Cardoso de Matos, que já responde ação penal por fraude em vestibular, também foi preso e apontado como líder da organização criminosa. Além de dinheiro ele teve apreendido um carro de luxo.

Segundo o delegado Cleybio Januário aconteceu um vestibular recentemente na UniRV e na próxima segunda-feira aconteceria a matrícula dos aprovados. “Identificamos que 15 aprovados estavam incursos nesse esquema de fraude, o que renderia R$ 1,2 milhão para o grupo. Por isso foi antecipada a prisão do grupo”, explicou.

A Polícia Civil sabe que cerca de 110 estudantes foram identificados como envolvidos com a fraude. Muitos não passaram, mas estão incursos do mesmo modo. Todos eles e seus pais serão indiciados criminalmente. Os líderes da organização criminosa responderão pelos crimes de fraude em certame de interesse público, corrupção de menores e formação de organização criminosa.

Leia também:

  

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias