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As novas periferias em Goiânia

O Instituto de Estudos So­cioambientais da Univer­sidade Federal de Goiás (IESA/UFG) desenvolveu estudo que investigou o crescimento da Grande Goiânia entre 2005 e 2016 e comprovou uma rápida expan­são “pelas franjas” da metrópole. De acordo com os dados da pes­quisa, o que impulsionou essa realidade foi a implantação de po­líticas públicas federais e estaduais como Crédito Solidário, Progra­ma de Aceleração do Crescimen­to (PAC), Minha Casa Minha Vida (MCMV) e Cheque Moradia.

Mesmo com o grande cresci­mento, o problema da moradia não foi sanado e as ocupações espontâneas seguem surgindo em bairros da Região Metropoli­tana de Goiânia (RMG). De acor­do com a gestora governamen­tal e autora do trabalho, Elcileni de Melo Borges, estes progra­mas construíram 101 mil uni­dades habitacionais entre os 20 municípios da RMG, significan­do um volume de recursos de R$ 7,4 bilhões em investimen­tos. ‘‘Conforme dados da Prefei­tura de Goiânia, somente na dé­cada de 2000 foram construídos 205 novos bairros na capital e no entorno. Esse foi o maior registro da história’’, afirma.

Borges conta que por meio de um pesado aporte de recursos de fundos estatais (como o Fun­do de Garantia do Tempo de Ser­viço - FGTS), especialmente a partir do lançamento do MCMV, o segmento econômico de imó­veis se voltou para a construção massiva de residências destina­das a consumidores com ren­da de até seis salários mínimos. Essa realidade fez a metrópole se difundir, e intensificou o cresci­mento urbano entre municípios vizinhos à capital, como Apa­recida de Goiânia, Senador Ca­nedo e Trindade e produziu o fenômeno da “periferização da verticalização”.

Pode-se ver durante a pesqui­sa que setores como Oeste e Bue­no nos anos 1980 e 1990, com a explosão de edifícios planejados para as classes média e alta, e o que ainda se nota ao redor de parques urbanos, com a “ver­ticalização de alto padrão”, foi perceptível também nos bairros populares, nas zonas limítrofes e até mesmo em áreas rurais da metrópole. “Se viu aflorar uma nova periferia e novos padrões de segregação residencial e so­cioespacial na Grande Goiânia”, constata a pesquisadora.

O trabalho de campo realiza­do por Elcileni Borges consis­tiu em percorrer 20 empreen­dimentos situados em sete municípios da RMG (Goiânia, Aparecida de Goiânia, Trinda­de, Senador Canedo, Goianira, Guapó e Nerópolis). Ao realizar visitas técnicas nas moradias, a pesquisadora buscou captar, en­tre outros fatores, o grau de satis­fação dos habitantes dos novos bairros. “Muita gente reclamou de se sentir isolada e não ter ser­viços por perto: escola, super­mercado, postos de saúde, pon­tos de ônibus etc.”, pontua.

Na tese “Habitação e Metró­pole: transformações recentes na dinâmica urbana de Goiânia”, El­cileni Borges revela consequên­cias como a fragmentação do ter­ritório e o surgimento de novas “manchas urbanas” (espaços va­zios em meio a áreas recém-ocu­padas). A predominância da cons­trução de moradias populares em áreas isoladas e segregadas, a ca­rência de equipamentos urbanos nos novos bairros e o difícil aces­so aos centros econômico e cívico também são apontados como re­sultados para o fenômeno da “ver­ticalização” das periferias.

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