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COTIDIANO

Esta é a minha presunção

Com uma só palavra eu inicio esta crônica. Chama-se presunção. Eu presumo que muitos já a conhecem. E certamente aqueles menos afeiçoados ao termo, ou já deduziram ou foram logo nos dicionários, no google ou wikipídia. Bonito vocábulo porque também sign

Com uma só palavra eu inicio esta crônica. Chama-se presunção. Eu presumo que muitos já a conhecem. E certamente aqueles menos afeiçoados ao termo, ou já deduziram ou foram logo nos dicionários, no google ou wikipídia. Bonito vocábulo porque também significa vaidade. Sua origem é o latim vulgar e traz o sentido de ideia antecipada, de conhecimento prévio, suposição ou hipótese. Por exemplo, se eu vou testemunhar a favor de uma pessoa ou defendê-la em determinada demanda, independentemente de seu crime, se doloso ou culposo, eu tenho a presunção de ela ser gente boa, etc e tal. Defendo-a convictamente.

Nesses termos foi o que fizeram os nossos notáveis juízes do STF. Ops! Tenho que ater-me ao protocolo de tratamento. São ministros. E atenção! Não no sentido originário do verbete (latim). Ministru, servo, criado e servidor. Na Roma antiga, o ministro era um servidor como outros funcionários públicos. Eles trabalhavam como outros colegas e podiam até ser chamados por você. Os tempos são outros.

Mas, evoluímos e novas significações foram sendo atribuídas em nosso rico Português. Tem até um nome, semiótica. Na semiótica a semântica trouxe novos signos e definições. É o caso de mini-stros. Hoje, não importam os cargos que exerçam , têm eles muitos atributos, distinções honoríficas, poderes , prerrogativas, regalias. Eles são os mais iguais entre os outros desiguais.

Chamá-los de você, senhor, doutor enseja reprimendas vexatórias. O protocolo é sua (vossa) excelência, digníssimos, ínclitos, colendos, excelsos.

Um outro significado ganhou a palavra presunção. Entre eles: certeza, convicção, benesse, beneplácito, graça, perdão, liberdade. Com a presunção, isto é, a graça concedida, todos os presos condenados em 2ª instância (tribunal colegiado), serão soltos. Imagine a festa, as orgias etílicas e gastronômicas em outros horrendos tribunais, os do crime organizado, de corrupção, de lavagem de dinheiro, de peculato, de improbidade administrativa. Os primeiros agraciados estão sendo os ex políticos, ex autoridades e empresários da corrupção. Um festival da profanação.

O concreto é que nosso Egrégio STF deu uma nova exegese à justiça, às leis, ao código penal para criminosos recalcitrantes e contumazes. O sujeito foi eleito para algum cargo eletivo; ou se ministro e empresário; pode roubar, traficar, desviar dinheiro e receber propinas, à vontade.

Terão inquéritos, processos? Terão . Mas, aí entram os escritórios milionários de criminalistas. Protelações, postergações, recursos, blábláblá, sessões e julgamentos nos tribunais superiores. Passam 10 anos, os crimes caducam, prescrevem. Esculacho e escárnio no mais requinte de desfaçatez.

As coortes(grupelhos) de bandidos estão em polvorosa, em festa. Comemorem infamantes, apodrecidos e recalcitrantes brasileiros do crime. Homicidas, estupradores, estelionatários, latrocidas, feminicidas, caluniadores, traficantes, difamadores, divulgadores de sigilos de autoridades. Todas as vossas excrecências voltarão ao ofício do crime. Livres, leves e soltos. Serão julgados, talvez no dia de São nunca ou em data das calendas brasileiras.

A presunção que tenho é que a decisão vergonhosa e repugnante de nossa suprema Corte de Justiça, Guardiã maior da Constituição e das Leis, foi para proteger Gente Amiga e Graúda. Estes tais precisam de voltar aos ofícios onde possuem toda expertise: Roubo e corrupção. Novembro/2019.

João Joaquim médico e cronista DM