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O mago das areias - Pintor Auriovane D´Ávila celebra 30 anos de carreira

“Aos 12 anos de idade eu comercializava meu primeiro quadro de arte como artista plástico”, relembra com orgulho o artista que hoje, aos 42 anos de idade, completa 30 anos de carreira, consolidado como um dos mais talentosos artistas goianos de sua gera

“Aos 12 anos de idade eu comercializava meu primeiro quadro de arte como artista plástico”, relembra com orgulho o artista que hoje, aos 42 anos de idade, completa 30 anos de carreira, consolidado como um dos mais talentosos artistas goianos de sua geração, colecionando prêmios e exposições em galerias nacionais e internacionais.

Auriovane D'Ávila é natural da Cidade de Goiás, antiga capital do estado, berço da cultura goiana e Patrimônio Cultural da Humanidade. Foi na antiga Vila Boa, onde vive e mantém seu ateliê, que ainda na infância deu seus primeiros passos nos estudos na Escola de Belas Artes, fundada pela renomada artista plástica Goiandira do Couto. E foi da ilustre professora e artista que ele conheceu uma técnica, criado por ela nos anos 60, que determinaria os rumos de sua carreira: a pintura com areia sobre tela.

Ao dominar esse método peculiar, foi aperfeiçoando de forma extrema ao longo dos anos, onde o artista consegue manipular a matéria prima - areia, rochas e pedras coloridas - e transformar em obras extremamente complexas até mesmo para uma técnica a pincel. Ele faz toda está proeza com as pontas dos dedos, dosando porções exatas de areia colorida e cola, dando o efeito de sombreado preciso. 

Desde então consolidou-se com um dos artistas regionalistas da atualidade que vem se destacando no Brasil e exterior, com seu retrato das raízes da cultura goiana, despertou lembranças e momentos das mais diversas maneiras no público. 

Tudo na arte de Auriovane D'Ávila é raiz. A estética, as cores, a composição, a luz... Tudo remete uma harmonia e um bucolismo intencional. O artista impõe em sua obra um resgate histórico de costumes que há muito já se perderam no tempo. Sua principal fonte de inspiração está ao seu redor: o regionalismo dos costumes e o cotidiano da vida simples da antiga Vila Boa de quase três séculos de história.

A matéria prima, Auriovane encontra na natureza. É da vasta formação geológica da Serra Dourada por meio de uma coleta consciente que ele encontra pedras soltas. São dessas rochas que o artista extrai as centenas de tonalidades de areia. Depois anos de pesquisas e andanças pela Serra, hoje ostenta uma coleção de quase 500 tons naturais.  “A formação geológica da Serra Dourada permite que a extração das areias das rochas  alcancem cores e tons inimagináveis”, diz Auriovane. 

Artista inquieto de raro talento intuitivo, em seus 30 anos de carreira já se enveredou para outros campos das artes, com cinema e música. Mas foi nas telas de areias coloridas que sua obra atravessou fronteiras por ele inimagináveis. Curiosamente, durante a reclusão social em decorrência da pandemia de coronavírus, viu sua arte ser apreciada e procurada como nunca. “A quarentena fez as pessoas se despertarem para a importância da arte em suas vidas. Confesso que me assustei um pouco com a grande procura pelo meu trabalho nesse período. As redes sociais ajudaram muito nisso.  Mas é gratificante, é sinal que há 30 anos estou no caminho certo”, comemora o artista.  

Carro de Boi - 2012