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'Precisamos conversar': o difícil momento de abordar assuntos delicados

Psicóloga explica que, se não houver um preparo emocional, a falta de anunciar o que precisa ser conversado pode gerar traumas

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Término de namoro, casamento, demissão, morte, abordar estes temas difíceis com outra pessoa pode gerar ansiedade e calafrios, e as consequências psicológicas amedrontam quem está vivenciando este momento delicado. E podem ser vários os motivos que causem estes desconfortos.

Essas e outras “conversas difíceis” costumam ser evitadas, adiadas ou encaradas somente quando é inevitável. No entanto, deve-se levar em conta a responsabilidade emocional diante destes casos.

A jornalista Ednamar Dias dos Santos já passou por uma situação desagradável, em que recebeu uma notícia que nenhum filho quer ouvir.

Eu estava em casa com o meu filho de três anos. Minha mãe havia feito uma cirurgia no cérebro, sabíamos que era muito grave. Porém, ela havia melhorado e voltamos a ter esperança. No entanto, o telefone ligou, disseram que minha mãe estava na capela e perguntaram se a família já possui jazigo e plano funerário Ednamar Dias dos Santos

A jornalista afirmou que a situação a desolou, justamente, segundo ela, pela falta de preparo da informação da funerária sobre a morte de sua mãe.

"Diante do luto, a gente fica aéreo, não consegue pensar em mais coisas desgastantes", afirma.

"Eu devia ter feito algo. Foram momentos muito difíceis, uns três anos para resolver tudo dentro de mim. Nesse tempo. eu chorava demais, não cuidava da minha casa, não passava nem um batom para ir trabalhar", lamenta.

Segundo a psicóloga Nádia Santana, adiar ou evitar estas conversas pode gerar traumas.

“Falar sem pensar, na hora errada e de qualquer jeito pode trazer consequências irreversíveis, além de traumas, mágoas e ruptura de relacionamentos”, afirma a profissional.

Cada situação envolve estratégias específicas. Depende da situação, das saúdes físicas e emocional, várias coisas devem ser consideradas. Mas um ponto importante, que é geral, é que se há algo difícil para comunicar para alguém, é necessário anunciar o assunto Nádia Santana, psicóloga

Isto, segundo a psicóloga, já prepara quem irá receber a notícia, seja ela positiva ou negativa.

"Depois do anúncio, não se deve ficar rodeando. Não se pode ficar levando a pessoa a concluir aquilo. Deve-se falar diretamente aquilo que precisa ser falado", diz.

A comunicação nas outras áreas da vida

Tais comunicações são necessárias tanto em relacionamentos em gera, quanto no âmbito profissional,

"Uma não notícia ou uma dúvida ela são piores do que a notícia claramente em si", explica a psicóloga.

A pessoa vai enrolando e não comunica a outra, não dando direito de ela lidar com a situação. Então a melhor maneira é sendo claro: 'Olha, é por esse motivo, e a minha escolha neste momento é que a gente rompa essa relação' Nádia Santana, psicóloga

Nádia explica que dizer para o outro que tal decisão vai beneficiá-lo, como se houvesse uma proteção ao outro, não é o correto a se fazer. É necessário falar a partir de si, das próprias escolhas. A clareza e falar a partir de si são ferramentas importantes.

Em relação à quebra de contratos e demissões, a dinâmica deve ser a mesma. "Marque uma reunião, de preferência para pouco tempo depois, o mais rápido possível", explica.

Eu posso destacar o bom da pessoa, mas eu não preciso ficar meia hora falando de coisas boas. Um bom método é ressaltar que este momentos empresa precisa de uma pessoa com um perfil um pouco diferente, ou que decidiu por romper o relacionamento profissional. A gente precisa falar mais claramente o motivo Nádia Santana, psicóloga

"E sempre quando eu der uma notícia difícil, eu falo, espero que a pessoa processe aquilo, pergunto se ela tem alguma dúvida, deixo ela se expressar. Se a pessoa quiser fazer algumas perguntas, se quiser chorar, às vezes ela vai ficar brava comigo, eu primeiro espero a emoção da pessoa passar e falar: 'Olha, quando você tiver mais calma, eu posso esclarecer melhor", diz.

Por fim, Nádia ressalta que não se deve levar as emoções para o pessoal, mas sim questionar se pode ajudar de alguma forma com alguma informação.

"Esse posicionamento é o que mais demonstra empatia em todas essas situações que foram trazidas, um sistema de relacionamento, uma notícia ruim sobre alguma doença ou uma demissão", finaliza.

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