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Bon Odori: Festival de cultura japonesa chega a 13º edição em Goiânia

Culinária, arte, música e dança. São tradições japonesas que serão reunidas no Clube Kaikan, que fica no Conjunto Itatiaia, região norte de Goiânia. Serão dois dias repletos de atrações que tem suas origens do outro lado do mundo, no extremo oriente. O evento tem inicio hoje, a partir de 19h30. No sábado a festa continua no mesmo horário. A previsão para o fim das atrações nos dois dias é para meia-noite.

Segundo os organizadores do evento, a tradição da festa vem desde a primeira metade do século XX, quando as comunidades japonesas se instalaram na capital goiana, e realizavam suas festas apenas entre os próprios membros das famílias. “Internamente, a cerimônia ocorria desde os primórdios da instalação da comunidade da cidade no final da década de 40”. Hoje, na 13ª edição, o Bon Odori já conquistou espaço permanente na agenda cultural goianiense.



A estudante secundarista Amanda Hemille, de 16 anos, conta que o Bon Odori é um de seus eventos favoritos da capital. “É incrível ver todas aquelas pessoas vestidas à caráter, e saber que todos ali tem a mesma paixão que eu pela cultura do Japão, pelos animes, mangás, e esse estilo todo diferente, difícil de encontrar pela rua em Goiânia”. Victor Fonseca, de 23 anos, que trabalha com informática, diz que o modo de pensar a vida japonêses é o que mais chama sua atenção. “Eles pensam pra frente, não tem vergonha ou receio de viajar para o futuro”.

Atrações

A edição de 2015 do Bon Odori promete reunir atrações que já se tornaram marca registrada do evento, além de novidades bastante aguardadas por entusiastas da cultura japonesa. Apresentações como as do grupo Kioshin Daiko adulto e infantil Goiânia, Hikari Daiko de Brasília - atual Campeão brasileiro, estão entre os espetáculos aguardados. Além deles o grupo RKMD Ryuku Koku Matsuri Daiko estilo Eisã Okinawa, pioneiros ao trazer o estilo taikô à Goiânia, também apresenta-se com o milenar tambor japonês de batida forte e pausada.

Um dos momentos mais aguardados do festival é a hora das danças tradicionais, que convidam com bastante alegria os convidados do evento, que poderão contar com acompanhamento dos instrutores de coreografia do evento. O contraste entre tradicional e moderno acontece com o Matsuri Dance, estilo pop de dança e música japonesa, que sempre se renova, bebendo da fonte dos antigos e dos novos adeptos.



Amizade

Outro motivo para a celebração da presença da cultura nipônica no centro do Brasil é a comemorações dos 120 anos do Tratado de Amizade entre o Brasil e o Japão. Tal acordo, formalizado como ‘Tratado de Amizade, Comércio e Navegação’, foi oficializado na França, em 1895, marcou o início das relações diplomáticas entre os dois países. No ano de 1908, chegaram os primeiros imigrantes nipônicos às terras brasileiras. Foram 791 japoneses a navegarem através do navio Kasato-maru, e a desembarcarem no porto de Santos.

A maioria desses imigrantes era de agricultores, sendo sua contribuição na área agrícola de grande importância para o desenvolvimento do setor no Brasil. Produtos que hoje fazem parte da rotina de consumo dos brasileiros como o pepino, alface, maçã, caqui e pimenta-do-reino, foram introduzidos no mercado através dos japoneses. Em Goiás, a chegada de imigrantes se concretizou oficialmente no final da década de 1920.

O artigo científico O imigrante e a imigração japonesa no Brasil e no estado de Goiás, da autora Cecilia Noriko Ito Saito, relata a chegada de sete famílias japonesas ao estado em 1929. “Embora em alguns cartórios de registro civil constem nascimentos de descendentes japoneses antes da década de 19305 , a primeira caravana de imigrantes japoneses, que efetivou o processo imigratório chegou ao município goiano em 1929, trazendo cerca de trinta pessoas de sete famílias”.



No livro Meia volta ao mundo: Imigração japonesa em Goiás, da autora Fátima Alcídia Mota Costa, foram relatados problemas na regularização de famílias japonesas no estado, mais precisamente na atual cidade de Nerópolis. Um depoimento extraído do Livro, do Sr. Mikage Iwamoto, relata o descaso com que os japoneses foram tratados pelas autoridades no início de sua permanência no estado. “Aqui também os japoneses foram vítimas de golpes. Nem os chefes da colônia falavam direito para os japoneses, a verdade. Não contribuíram para legalizar nada”.

Segundo o livro, após o incidente em Anápolis, muitas famílias regressaram para o sudeste do país, de onde tinham vindo por propagandas publicitarias que ofereciam enriquecimento fácil. As que permaneceram no estado, estabeleceram se por conta própria em municípios próximos ao centro do estado. “Espalhando-se pelos municípios de Nerópolis, Anápolis, Inhumas, Goiânia e Goianápolis, os agricultores japoneses aí se estabeleceram com suas famílias dedicando-se ao cultivo da terra, onde buscavam desenvolver a policultura com vistas ao abastecimento do mercado em expansão”

Costumes

Através do depoimento do Sr. Toshika Koga, encontrado no livro livro Meia volta ao mundo: Imigração japonesa em Goiás, podemos entender um pouco do respeito às tradições incentivado pelos nipônicos. “O costume que a gente tem de por uma oferenda com arroz cozido é um agradecimento pela fartura. Se a gente encontra uma fruta bonita, põe também no oratório. No dia do aniversário da morte dos antepassados também fazemos oferendas... Respeitamos muito a memória dos antepassados. As pessoas, quando morrem, passam a viver em paz. Por isso é que a gente reza e tem respeito por eles e pede pelo seu descanso”.


Bon Odori 2015 - 13ª Edição do Festival da Comunidade Japonesa em Goiânia

Data: Sexta-feira, 21 e Sábado, 22 de Agosto de 2015

Horário: Das 19h30 às 0h.

Local: Clube Kaikan – Av. Planície S/Nº, Conjunto Itatiaia (ao lado do Clube dos Bancários, próximo ao Campus Samambaia da UFG).

Ingressos antecipados: R$35,00 – (62) 3226-0100 – Menores de 12 anos não pagam.

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