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Música sertaneja sofreu grandes mudanças, em quase um século de existência

Desde o seu início, do começo dos anos 1900, a música sertaneja vem sofrendo diversas alterações. O pioneiro do gênero foi o jornalista e escritor Cornélio Pires. Ele costumava leva para os grandes centros os costumes dos caipiras. Desde encenações teatrais a cantores de estilos como o catira.

Em 1912, o jornalista lançou um livro chamado 'Musa Caipira', que era composto por versos típicos. No início dos anos 20, uma instituição liderada por Mario de Andrade realizou uma semana para divulgação da arte brasileira. Lá, foi montado pela primeira vez um grupo intitulado de sertanejo, com instrumentos simples como a viola caipira, misturando alguns ritmos como o Catira, Moda de Viola, Lundu, Cururu, valorizando ainda mais o trabalho de Cornélio Pires.

Porém, o primeiro registro de um grupo de música sertaneja foi datado de 1924 (A Turma Caipira de Cornélio Pires). O grupo era formado por violeiros como Caçula e Sorocabinha e alguns outros artistas importantes da época.

O primeiro registro fonográfico do sertanejo aconteceu em 1929 quando Pires, desacreditado pela gravadora Colúmbia, decidiu tirar do próprio bolso o dinheiro para a gravação e edição do primeiro álbum, que em poucos dias de lançamento esgotou-se nas lojas brasileiras. Começava daí o interesse pelo estilo por parte das gravadoras.

Fases da Música Sertaneja 

A história da música sertaneja pode ser dividida em três fases, levando em consideração as inovações que foram introduzidas com o passar do tempo. De 1929 até 1944, como música caipira ou sertanejo raiz, denominado moda de viola, passou para o sertanejo de transição; de 1960 até os anos 2000, é conhecida como música sertaneja romântica. De 2009 em diante, o sertanejo que tem dominado as rádios é o chamado universitário.

Na primeira fase, os cantores interpretavam modas de viola e toadas, contando as histórias do cotidiano caipira, com uma pitada satírico-moralista, e poucos assuntos amorosos. Duplas ícones dessa variação são Tonico e Tinoco e Pena Branca e Xavantinho.

A segunda fase, chamada de época de transição, aconteceu de 1945 até meados dos anos 60. A dupla Tonico e Tinoco permanece famosa nessa época, com canções como "Chico Mineiro", de autoria de Tonico e Francisco Ribeiro. Essa música é um clássico caipira que narra a história de um boiadeiro que descobre ser irmão de seu vaqueiro (Chico Mineiro). Mas a descoberta só acontece após a morte de Chico. Nessa circunstância, ainda eram utilizados somente voz e viola para a performance da música. As narrativas típicas do inicio da música sertaneja descrevem as dificuldades da vida no sertão e o caráter reservado do sertanejo. Os personagens principais das canções caipira são ou vaqueiros, ou os animais com quem o vaqueiro lida no seu cotidiano. O caráter das músicas é épico nas narrativas que falam da vida, morte, e fatalidades da vida no sertão

Após a guerra foram introduzidos instrumentos como a harpa e o acordeom, estilos (duetos com intervalos variados) e gêneros (inicialmente a guarânia e a polca paraguaia e mais tarde o corrido e a canção ranchera). Surgiram também novos ritmos como o rasqueado, a moda campeira e o pagode, que é uma mistura de catira e recortado. Aos poucos a temática foi se tornando mais amorosa, mas, conservando, um caráter autobiográfico.

Alguns artistas que tiveram destaque na fase de transição são Cascatinha e Inhana, Irmãs Galvão, Irmãs Castro, Tião Carreiro (criador do pagode) e Pardinho e Milionário e José Rico, já na década de 70.

A fase romântica da música sertaneja teve início no final dos anos 70, com a introdução da guitarra elétrica e o chamado "ritmo jovem", com Leo Canhoto e Robertinho. O modelo da nova fase era a Jovem Guarda. Um de seus integrantes, Sérgio Reis começou a gravar o repertório tradicional sertanejo. Isso contribuiu para uma maior divulgação do gênero. O sertanejo romântico conta com a inserção de um ritmo de balada romântica, com temas do coração, uma clara inspiração urbana. Algumas músicas classificadas como sertanejas nas paradas de sucesso às vezes são interpretadas totalmente por uma pessoa, dispensando o recurso tradicional da dupla.

Os arranjos dessas músicas incluem instrumentos de orquestra além da base de rock, já incorporada ao gênero. "Soldado sem farda" de Leo Canhoto, é um exemplo típico: instrumentação básica de rock (guitarra elétrica, baixo elétrico, e bateria) e a batida chamada de ritmo jovem. A canção, escrita durante a ditadura militar, fala que o trabalhador rural é tão defensor da pátria quanto o soldado fardado.

Artistas que representaram esta última tendência são Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo, Zezé di Camargo e Luciano, Christian e Ralf, Trio Parada Dura, Chico Rei e Paraná, João Mineiro e Marciano, Nalva Aguiar e Roberta Miranda. Um marco na música sertaneja romântica foi a canção "Fio de Cabelo" de Marciano e Darcy Rossi, interpretada pela dupla Chitãozinho e Xororó.

Sertanejo atual 

E o atual sertanejo, que tomou força a partir de 2010, chamado de Sertanejo Universitário também tem músicas românticas, mas predominam as letras que falam de festas, ostentação e curtição, tendo a influência da sanfona, da música eletrônica e até do funk, como é possível acompanhar em algumas músicas de Guilherme e Santiago, Gusttavo Lima e João Lucas e Marcelo. Jorge e Mateus e Henrique e Juliano são, atualmente, as duplas sensação do sertanejo universitário.

A estudante Jhesyka Leandro, de 20 anos, prefere o sertanejo universitário: "Prefiro o sertanejo universitário porque ele hoje se divide em dois. O primeiro é mais romântico, e o segundo se mistura com o funk". Carolina Soares, apesar dos 16 anos, reconhece que o chamado "modão" tem mais história para contar: "O sertanejo raiz conta mais histórias antigas.Acho que as músicas tem mais a cara do pessoal sertanejo, que mora na roça". Alexsandra Lima, de 18 anos, também reconhece o valor do sertanejo raiz, mas explica porquê o sertanejo universitário lhe atrai: "Ao mesmo tempo que o sertanejo universitário é mais romântico, ele tem um ritmo de balada.

Eventos

Embalando o sucesso que o sertanejo universitário tem feito atualmente, acontece no próximo dia 6, no estacionamento do Estádio Serra Dourada, o Villa Mix Festival, considerado, atualmente, o maior festival de música sertaneja do Brasil. Esta edição do evento contará com dez atrações de renome nacional, inclusive astros do axé e do forró, representados por Ivete Sangalo e Wesley Safadão, respectivamente. Além disso, o evento traz grandes nomes do sertanejo como Jorge e Mateus; Luan Santana; Israel Novaes; Guilherme e Santiago; Humberto e Ronaldo; entre outros.

O palco do evento poderá entrar para o Livro dos Recordes.  A estrutura do palco, que é considerado um dos maiores do mundo, conta com 50 metros de altura, o equivalente a um prédio de 16 andares e é o que o viabiliza para uma tentativa de recorde. A atual marca listada no Guinness World Records é o palco de uma das turnês da banda U2, com 50 metros de altura e 2694m². No próximo dia 04 de setembro, uma equipe do ‘livro dos recordes’ virá direto da sede central, localizada em Nova York, para uma auditoria do palco e estrutura do festival de música sertaneja. Para que a marca seja conquistada, uma equipe com mais de 300 pessoas está trabalhando no projeto.

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