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CULTURA

Rap Desde Nova Iorque até o cerrado

O rap é um som com origem nos bairros negros norte americanos, vindo da necessidade de uma música que pudesse ser a voz da juventude de periferia. A chegada de imigrantes jamaicanos em Nova Iorque, na década de 70, com suas influências musicais, foi o começo da construção desse gênero musical, que é também um movimento cultural.

O ápice do rap nos Estados Unidos veio na década de 80: a música do mercadomainstream de forma alguma contemplava quem morava nos guetos. Mas, a música negra que predominava na época era utilizada como base para novos sons. James Brown e outros nomes da Black Music ficaram muitas vezes de plano de fundo do rap, com seus arranjos mixados pelo Dj e uma nova letra criada por um MC (mestre de cerimônias).

Nas terras tupiniquins

No Brasil, esse tipo de ritmo chegou nos meados da década de 80, mas ganhou repercussão só nos anos 90, concentrado em São Paulo. Thaíde, hoje apresentador de TV, foi um dos precursores do rap por essas bandas, em parceria com Dj Hum (Humberto Martins) foram linha de frente do rap nacional.

Thaíde e Dj Hum foram influência para gerações posteriores, como mostra a letra do rapper Black Alien, ex-integrante do Planet Hemp “Nascido em São Paulo, sou cria do rap bamba/ Com walkman no ouvido, adormecia e bolava/ Sonhava em ser Thaíde, os cara um por um/ Black Juniors, Mc Jack, Dj Ninja e Dj Hum”

Nos anos 90 o som estourou nas periferias paulistas e muitos grupos surgiram, chamando a atenção até do mercado da música. Racionais MCs, Pavilhão 9, Detentos do Rap, Câmbio Negro, Xis & Dentinho são nomes das primeiras gerações de rap brasileiras, influências de um ritmo que foi tomando conta de periferias por todo o país.

Cerrado também é rap

O Rap na grande Goiânia já é parte da vida cultural da cidade, principalmente nos bairros de periferia. A maioria das regiões da cidade tem pelo menos um grupo que representa esse gênero musical. A cena cresce, e até nos grandes eventos de música independente já existe a presença do rap goiano, como no famoso festival Vaca Amarela.

Apesar da ausência de grandes eventos específicos de rap, o gênero está presente e crescendo na terra do pequi. O Rapper Vinícius observa “Não é tão difícil encontrar a molecada nas praças improvisando ao som do beat box. E até mesmo pela repressão sofrida nesses bairros e a precariedade na educação muitos jovens se inspiram no rap como uma forma de buscar conhecimento, contestar, expressar e se divertir”.

Conflito na Zona Oeste

Um dos representantes da Zona Oeste é o grupo Conflito Cotidiano, do bairro Vera Cruz, formado por Vinícius, Letícia e Alex. O grupo surgiu com a brincadeira de improvisar rimas nos “rolês” de skate entre Vinícius e Letícia que decidiram procurar alguém que pudesse completar o som que faziam “Fomos à procura de bases e encontramos o Alex que fortaleceu nas bases e formou o time” conta o integrante Vinícius.

Seguindo a tendência do gênero, as letras do Conflito Cotidiano relatam a vida longe dos bairros nobres, com todos os problemas e movimentos que acontecem nas periferias “Denunciando a opressão, o extermínio dos jovens, a ausência da Cultura, do lazer e de uma educação digna. Abordamos também a questão de gênero: Violência doméstica, misoginia, homofobia, xenofobia e muitos outros temas que nos intrigam diariamente” diz Vinícius.

O grupo trabalha no sentido de conseguir gravar um disco que vai conter entre 12 e 15 faixas, que pretendem lançar no início do ano de 2016. Rap de todas as partes da cidade continuam se unindo na realização de eventos como o “Vozes do Gueto” e o “Periferia Resiste”. Vinícius manda um recado para os artistas de toda a cidade “Um abraço em nome do conflito cotidiano para todos os manos e Minas que militam nohip hop. Continuem relatando o cotidiano dos fundões de gyn city”.

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