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CULTURA

Sob a direção do humor

Esse é o primeiro ano sem o diretor Carlos Manga, falecido em setembro do ano passado. O diretor completaria hoje 88 anos de vida. Porém dos seus 87 vividos a maior parte deles foi dedicado ao cinema, sua paixão desde moleque.

Carlos Manga veio de uma família clássica de boas condições financeiras. Filho de advogado até tentou carreira clássica como bancário, mas não deu muito certo, sua paixão pelo cinema falou mais alto.

Ele começou bem por baixo, como “badeco” mesmo, era o menino do almoxarifado do estúdio Atlântida. Manga não pensou muito em abandonar o curso de direito e meter a cara no emocionante mundo artístico.  Depois foi contrarregra, assistente de montagem e assistente de revelação.

Depois de conhecer muitas áreas do processo de construção cinematográfico chegou à direção de filmes, ele dirigiu 24 longas em sua carreira. Seu tempo-espaço era o cinema brasileiro da década de 50. A produção em alta da época eram as “chanchadas”, filmes com um teor humorístico bem tosco.

Na ocasião de sua morte o jornalista Artur Xexéu disse as seguintes palavras a respeito do trabalho de Manga "Ele é um dos legados da invenção da linguagem da chanchada. Principalmente o que satirizava o cinema americano. Você tinha uma susper produção como Sansão e Dalila e no ano seguinte o Manga dirigia  Nem Sansão e nem Dalila

Carlos Manga também estabeleceu nome da televisão brasileira. Manga ingressou na TV pelas mãos de seu amigo Chico Anysio. O primeiro programa sob sua direção foi O Riso é o Limite na já inexistente TV Rio. Depois disso esteve a frente de outros programas de humor e minisséries. Um dos programas que dirigiu foi o saudoso Os Trapalhões.

A ERA DE OURO DA CHANCHADA

A produtora Atlântida, na década de 50, descobriu que existia um bom mercado para esse tipo de produção. Tratava-se de um humor simples de fácil absorção por parte do público e Manga esteve a frente de muitos filmes desse gênero.

Os filmes da época ainda eram culturalmente muito dependentes do jeito estadunidense de fazer produções. Mas as “chanchadas” adaptavam esse jeito em enredos que apresentavam características do Brasil.

A Atlântida no intuito de manter viva a memória lançou 15 de seus filmes em formato de VHS nos anos 90. Dessa forma outras gerações poderiam sentir o gosto do humor ingênuo dos anos 50.

 Também estão disponíveis seis de suas principais chanchadas, no pacote Atlântida 65 Anos, da Europa Filmes que possibilita a galera da geração digital conferir parte do vigor da obra de Manga.

BANG-BANG À TUPINIQUIM

Um filme bem simbólico da época dirigido por Carlos Manga é Matar ou Correr, de 1954, o nome é referente a um clássico do faroeste norte-americano. O filme é estrelado pela dupla Oscarito e Grande Otelo, figuras marcantes do humor da época. O filme assim como outros do estio satirizava o cinema de Hollywood.

Matar ou Correr é a história de dois viajantes golpistas chegam a uma cidade do  Velho Oeste, City Down, dominada por bandidos. Eles se metem em uma briga de bar com o famigerado bandoleiro Jesse Godon e por sorte ganham o combate. Oscarito interpreta o forasteiro sortudo que acaba por ser nomeado xerife, sem ter ideia de como fazer o trabalho. O seu parceiro é interpretado por Grande Otelo.

Com essa cartada, a dupla Oscarito e Grande Otelo, Carlos Manga começou a ser reconhecido como um grande nome do cinema cinquentista. O primeiro filme que Manga dirigiu esses dois nomes históricos foi A dupla do barulho de 53. Neste filme, Oscarito e Grande Otelo são Tonico e Tião, artistas de teatro mambembe, que percorrem o país em busca do sucesso e da fama.




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