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Pena Branca

José Ramiro Sobrinho, musicalmente conhecido como Pena Branca, da dupla caipira Pena Branca e Xavantinho que fizera com seu irmão Ranulfo. Nascido na cidade de Igarapava em 1939, interior de São Paulo, foi criado em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Em 1958, José e Ranulfo davam início à parceria musical, que duraria a vida toda. O  início humilde permitia-lhes rápidas apresentações em rádios locais no Triângulo Mineiro. Já com dez anos de estrada, mudaram-se para São Paulo, em busca de maiores e melhores oportunidades na carreira artística. Filhos de trabalhadores rurais, a dupla e mais cinco irmãos também começaram a vida trabalhando no campo. A simplicidade da vida rural fora a maior inspiração das belas canções da dupla, que ilustrava com delicadeza o cotidiano do homem do campo.

A dupla recebeu reconhecimento e notoriedade internacional apenas na década de 1990, quando conquistaram o Prêmio Sharp de Melhor Música pela interpretação da música Cantado do Mundo Afora, composição de Xavantinho e Moniz. Premiação esta que abriu portas para a carreira internacional do irmãos, que se apresentaram até nos Estados Unidos. A musicalidade deles era tida como “raiz”, por representar a música sertaneja na essência, longe do estilo country norte-americano que  influenciou muitas duplas sertanejas na década de 1980.

Música

O primeiro LP veio no ano de 1980, intitulado Velha Morada, o álbum continha canções como Cio da Terra, composição de Milton Nascimento e Chico Buarque. Em 1981, apresentaram-se  no programa Som da Terra, comandado  por Rolando Boldrin, com quem  fizeram turnê posteriormente. Cantaram também ao lado de grandes nomes da música popular brasileira e da música caipira como Milton Nascimento, Fagner, Almir Sater, Tião Carreiro, entre outros. Interpretaram uma das mais belas canções da música sertaneja, Luar do Sertão, composição de João Pernambuco e Catullo da Paixão Cearense, no álbum Ribeirão Encheu, de 1995. E também

Vaca Estrela e Boi Fubá, de Patativa de Assaré.

Uma das canções mais conhecidas de Pena Branca e Xavantinho, Cuitelinho, um folclore recolhido por Paulo Vanzollini, expressa fortemente a humildade do brasileiro que migra atrás de melhores condições de vida. Com rimas vivas, cheias de sentimento e um coloquio tipicamente interiorano, com expressões como “navaia” (navalha), “atrapaia” (atrapalha) e “óio” (olhos). Regravada por Almir Sater, Renato Teixeira e Nara Leão. Foi tema também na novela Esperança, da TV Globo (2002).

A carreira apaixonada de Pena Branca chegou ao fim em 2010. Vítima de insuficiência respiratória, morreu aos 70 anos. Em 1999, seu irmão Ranulfo, o Xavantinho, já havia  nós deixado. Após a morte de Xavantinho, Pena Branca seguiu carreira solo, pois  nem a perda de seu irmão poderia calar a voz do sertão. A única coisa capaz de parar Pena Branca foi sua própria morte. Partiram deixando um legado magnífico de pureza e simplicidade da genuína música caipira, além da saudade  de suas belas vozes que graças à modernização do meio artístico estão eternizadas em 13 discos, dos quais três são apenas de Pena Branca e centenas de vídeos compartilhados na internet.

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