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CULTURA

“Um vulto preto que aponta para mim”

Sexta-feira, 13 de fevereiro de 1970. Há exatos 46 anos o mundo ouviu pela primeira vez a sonoridade criada por Tony Iommi, Geezer Butler, Bill Ward e Ozzy Osbourne, formação clássica da banda britânica Black Sabbath. “Nós apenas entramos no studio e fizemos tudo em um dia. Tocamos nosso repertório de shows e foi isso mesmo”. Com essas frases o guitarrista Tony Iommi descreve o primeiro passo de uma das bandas de rock mais influentes do último século. O disco também é considerado o primeiro do Heavy Metal, uma raiz que hoje tem várias ramificações. Mas como tudo que promovo mudanças, o som do Black Sabbath não obteve reconhecimento no começo.

“Claramente os dias hippies de utopia e idealismo que dominaram a última metade da década de 1960 foram implodidos no despertar de um novo cinismo musical oferecido ao mundo pela banda Black Sabbath, uma pioneira”. Com essas palavras, Silly Puppy, resenhista do site Rate Your Music, define a forma como o lançamento de Black Sabbath (1970) é interpretado atualmente. O disco surge na ressaca do lisérgico e colorido movimento Flower Power, que via no rock um poder revolucionário. As ideias de amor livre e não violência podem até ter ensinado sua lição ao mundo, mas não foram eternos e contemplativos na materialização das revoltas internas dos obsessores que acompanhavam o Black Sabbath.

Impacto

Chuva e os sinos da igreja iniciam o álbum. “O timing deles estaria sempre errado. Muito tarde para o verão do amor, muito cedo para o genocídio roqueiro do glam, eles eram o Black Sabbath. E, não importa o que escrevam sobre eles um dia, eles sempre terão sido a banda mais insultada do planeta”. Esses versos estão impressos na primeira página do livro ‘Black Sabbath – A biografia’, lançada por Mick Wall em 2014, e vislumbra a divisão de águas causada pela banda liderada por Ozzy Osbourne, hoje consagrada como uma das responsáveis pela inauguração do metal, uma das vertentes mais estáveis do rock desde então.

Para Mick Wall, o barulho gerado em volta do Black Sabbath serviu para que o grupo fosse visto como uma espécie de câncer que surge no intervalo entre o auge do rock virtuoso (de conjuntos como Led Zeppelin e Pink Floyd) e o Glam Rock (uma autocrítica ao clima soturno das bandas de rock). Sem categorias, o Black Sabbath surge em meio às vaias e ao choque que causaram no cenário musical dos anos 70. “Desajustados que não conseguiam divisar nenhum futuro, presos a um passado do qual não sabiam como escapar. Intrusos musicais que seriam sempre lembrados disso, revelados pelo que sabiam que eram: os mais baixos dos baixos”.

Os críticos musicais de Londres não foram capazes de absorver a genialidade materializada em vinil, assim que o Black Sabbath surgiu com seu primeiro disco, em 1970. Os jovens da época, por sua vez, compravam a ideia, e bebiam da fonte como se estivessem provando a maçã do Éden. Mick Wall descreve a sensação: “Como fumar um cigarro no seu quarto com as janelas abertas; como roubar moedas da bolsa da mãe quando ela está fora, ou encontrar uma revista pornô debaixo da cama do pai; como uma primeira olhada nos frios fogos do inferno, o corpo oscilando com a sensação de que não há como escapar”.

Heavy Metal

Uma nova vertente do rock denominada ‘metal’ surge no fim dos anos 1960 e início dos anos 1970. A sede do novo estilo era o Reino Unido. Algumas bandas começam a difundir uma sonoridade com fortes influências de bandas ligadas ao blues e ao rock psicodélico que faziam sucesso na época, como Led Zeppelin, Rolling Stones e Deep Purple. No Rate Your Music (site que de abrangência mundial que faz médias de avaliações de discos e categorização de gêneros por votos de usuários), o grupo britânico Black Sabbath (com seu disco autointitulado lançado fevereiro de 1970), é considerado o primeiro a receber a classificação ‘heavy metal’ (340 votos a favor contra 36).

Pela inovação musical proposta em Black Sabbath, os membros do grupo também são considerados por grande parte dos fãs do gênero como os “pais do metal”. Outras bandas do gênero surgem na segunda metade dos anos 70. No livro ‘Judas Priest: Metal Gods’, o escritor Brian Bowe fala da banda britânica Judas Priest como responsável por uma reforma do metal. “Assim como o Black Sabbath deu início aos trabalhos, os membros do Judas Priest removeram o que restava do blues e caíram direto no metal”. Em um movimento chamado de ‘New wave do heavy metal britânico’, bandas como Mötorhead, Iron Maiden e Saxon conseguiram destaque.

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