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As mais belas cavernas de Goiás

Alguns dos cenários mais espetaculares do Mundo encontram-se ocultos nos recessos escuros das grutas em câmaras por onde não perpassa nem a mais leve brisa, e que podem esconder rios e lagoas de águas lisas como vidro refletindo formações rochosas magnificas. Embora algumas das formas surgiram vida e movimento, são todas feitas de rocha calcária esculpida pela ação da água ao longo de milhares de anos.

Por vezes, o único som audível nestes mundos subterrâneos é o pingar incessante da água, que vai lentamente removendo o material de uma gruta e esculpindo as formações conhecidas como espeleotemas. Pouco a pouco a água dissolve a rocha calcária e o pingar do teto, a água evapora, deixando acumulados diversos minerais dissolvidos durante este processo. Com o  passar do tempo este acumulo de minerais vai formando as famosas estalactites, que lembram  uma grande cenoura pendurada no teto estas são as formações mais correntes nas grutas. Quando, antes de se evaporar, a água cai no pavimento da gruta, inicia outro tipo de formação: as estalagnites que são geralmente grossas e arredondadas, porque os pingos de água esparramas os resíduos minerais em uma área relativamente extensa. Uma estalactite e uma estalagnite podem crescer simultaneamente e unir-se formando colunas, que pela sua forma lembram as colunas estriadas de um templo grego, podem atingir proporções gigantescas. Sabe-se que numa gruta na Espanha havia uma coluna que media quase 60m de altura.

Na maioria, estas formas constituídas por sais de cálcio dissolvidos do calcário circundante, são brancas, com reflexos de outras cores, quase como que revestidas de uma camada de verniz. De vez em quando, nota-se nestas formações a presença de outras substâncias dissolvidas, como ferro ou cobre, que podem emprestar às formações da gruta belos tons de vermelho ou azul.

A formação das grutas


As grutas, na sua maioria abertas em formações calcárias, são geralmente escavadas pela água. Quando cai e é absorvida pela terra, a chuva reage com o dióxido de carbono e forma um ácido fraco. A água da chuva assim acidificada dissolve o calcário, alargando lentamente as suas numerosas fendas. Grande parte desta atividade ocorre nas camadas subterrâneas, no interior do lençol de água subterrâneo. À medidas que alargam, as cavidades podem passar a comunicar-se entre si e formar extensos labirintos cheios de água, a qual se move lentamente. Por vezes o lençol de água desce, em conseqüência de seca ou de movimentos da crosta terrestre drenando as câmaras e deixando as grutas secas. A água pode continuar a correr através de determinadas partes da gruta, sob a forma de um rio subterrâneo, embora o resto permaneça completamente seco.

Nem todas as grutas são abertas em calcário. Algumas são formadas por rios de lava. Habitualmente, a zona superficial da lava que escorrer por uma vertente arrefece e endurece antes da lava subjacente. Quando cessa, o jorro de lava pode deixar como que uma casca formando-se um longo túnel.

Algumas das grutas mais espetaculares foram abertas no gelo. Uma câmara existente numa gruta de gelo das montanhas Rochosas, na América do Norte media cerca de 75 m. de altura. Os cientistas supõe que as grutas de gelo são abertas principalmente pela água do gelo que se derrete ou talvez por ar quente que se infiltra por fendas.

Os habitantes das grutas


As grutas são preservadoras da Natureza. As suas vastas câmaras abrigam numerosas espécies animais que não são vistas à superfície da Terra há milhares de ou até milhões de anos, o que se deve ao fato de, ao contrário do que se passa na superfície, sofrerem apenas escassas alterações. Períodos glaciais começaram e terminaram, florestas se transformam em desertos, mas a vida subterrânea prossegue inalterável.

As espécies que habitam a gruta variam com as zonas. Na sua maioria as que vivem na entrada encontram-se também no mundo exterior. Musgos, líquenes e trepadeiras agarram-se às paredes. Várias aves nidificam-se em fendas perto da entrada da caverna, além de rãs, ratos e outros animais de pequenas dimensões que deslocam-se por entre a acumulação de folhas e gravetos. Muitas destas espécies como cobras, salamandras e numerosos grilos aventuram-se até a zona crepuscular, região com pouco luminosidade. Os habitantes mais conhecidos das grutas são sem dúvida os morcegos, que embora prefiram a zona crepuscular, regressam regularmente ao mundo exterior a fim de procurarem alimentos.

Os animais cavernícolas mais especializados são os que nunca abandonam o interior da gruta. Estes animais, entre os quais se encontram algumas espécies de peixes, lagostins-de-água-doce e outros crustáceos, além de vermes, assemelham-se aos seus homólogos do mundo exterior, embora muitas das vezes sejam albinos e cegos, em alguns casos até mesmo desprovidos de olhos.

O estudo da vida nas grutas é uma das ciências mais recentes. Aparentemente numerosos animais cavernícolas são verdadeiros fósseis vivos.

No mundo das grutas assim como em qualquer outro a vida depende da água, assim as grutas secas são desprovidas de vida, assemelhando-se a museus, onde se encontram freqüentemente plantas preservadas e animais mumificados.

O que se pode e não se pode fazer na exploração de grutas


Segundo afirmam os exploradores de grutas, chamados de espeleólogos, os maiores perigos debaixo da terra não são resultantes de acidentes naturais, mas de deficiência de equipamento e negligência. A primeira norma a seguir é nunca entrar em uma gruta sozinho, inscreva-se num clube de espeleologia ou encontre uma equipe de exploradores para fazê-lo.

Para garantir a sua segurança e a dos outros siga os seguintes passos:

1 - forneça a alguém que não vá participar da expedição todos os detalhes, inclusive o roteiro e o cronograma, garantindo assim o envio de socorros em caso de atraso;

2 - Certifique-se de sua condição física e reconheça suas limitações. Não explore uma gruta desconhecida se suspeita que essa exploração implica riscos que não está preparado para enfrentar.

3 - Confira se está levando todos os materiais: corda, mosquetão, freio, ascender, carbureto, lanterna elétrica, pilhas reserva, lâmpada reserva, velas e fósforos a prova d’água;

4 - Proteja a cabeça com capacete, use vestuário relativamente justo, que não se rasgue quando tiver de se esgueirar através de passagens estreitas;

5 - Leve consigo um mapa da gruta, se houver. Caso esta medida se revelar inviável, faça pequenas marcas com fita adesiva reflexiva, ao sair não se esqueça de retirar os sinais;

6 - Não inicie uma descida se não tiver a certeza de que será capaz de realizar a escala em sentido inverso;

7 - Nunca explore uma gruta com drenos ou em terreno baixo se houver possibilidade de chuva. Pode não haver saída possível de uma gruta inundada.

Espeleologia em Goiás


Antônio Carlos Volpone conhecido ambientalista é um dos pioneiros em Goiás na arte de explorar grutas e cavernas, há trinta e dois anos vem desenvolvendo um trabalho de educação e exploração nesta área. No ano de 1984, em parceria com Elton Jr. criou o grupo AECE - Associação de Exploradores de Caverna e Elevações e ao longo deste período vem auxiliando os órgãos governamentais no registro e cadastro destes ambientes em nosso estado.

A experiência do espeleólogo possibilitou a realização de parcerias com a polícia ambiental e os órgãos de fiscalização do meio ambiente como IBAMA e com a extinta Agência Ambiental do Estado de Goiás, realizando expedições e palestras para alunos de escolas e faculdades de todo o Estado apresentando as fascinantes belezas do mundo subterrâneo. Para Volpone a espeleologia é um estudo gratificante, porque revela uma infinidade de obras de arte da natureza, que são os espeleotemas (formações rochosas, como as estalactites, estalagnites, etc.) encontrados no interior das cavernas.

Como os visitantes, em sua maioria são leigos, e não tem noção do que significa para a natureza esculpir uma gruta ou mesmo um pequeno espeleotema, (as estalactites ou estalagnites por exemplo crescem em torno de 0,01 a 0,3 mm por ano), e por este motivo acreditam que não estarão fazendo mal algum se levarem um "pontinha" do teto da caverna como lembrança, Volpone defende o registro de todas as grutas do Estado e a formação de guias qualificados para acompanhar visitantes em grutas que sejam adaptadas para receber turistas.

"Goiás é muito rico em grutas, temos no vale do São Patrício os municípios de Goianésia e Vila Propício que juntas formam um complexo espeleológico maravilhoso, com inúmeras grutas lindas, mas que necessitam de adaptações para receber o visitante. Além desta região, municípios como Ivolândia, Baliza, Cocalzinho, Paraúna e vários outros possuem grutas lindas. O que me preocupa é que a legislação que já não era muito protecionista agora ficou pior ainda, as grutas consideradas de baixa relevância podem ser destruídas pelas mineradoras. Como formações naturais milenares que ainda não foram estudadas podem ser de baixa relevância? O decreto fala em compensação. Como compensar a perda de uma gruta? Estão dilapidando nosso patrimônio natural e o governo ainda colabora com os agressores." Comenta A.C. Volpone.

Foto 1 - Caverna da Samambaia, para conhecer o local o visitante pode optar por descer através de estreitos tuneis ou desfrutar de um emocionante rapel com mais de 30 metros descendo pelas paredes do salão principal onde a imensa abertura no teto empresta à gruta luminosidade suficiente para a sobrevivência das grandes samambaias que dão o nome à caverna. Localizada no município de Goianésia em meio a um extenso canavial, a gruta é protegida pelo proprietário das terras, Otávio Lage Filho.

Foto 2 - A gruta conhecida como Ponte de Pedra, localizada no município de Paraúna oferece ao visitante a opção da pratica da canoagem, além de encantar a todos com sua beleza.

Foto 3 - Da esquerda para a direita, Isaias, espeleologo A. C. Volpone e o então vereador pela cidade Vila Propício, Jonathas, no ano de 2011, na entrada da gruta Três Marias, uma das muitas catalogadas junto aos órgãos ambientais graças a ação da AECE - Guerreiros da Natureza.

Foto 4 - Da esquerda para a direita Kadyjha, Cida, Camila e Cristina, todas integrantes da AECE visitam a gruta das incríveis figuras no município de Ivolândia. As figuras rupestres mechem com o imaginário dos visitantes, que tentam entender o que os povos primitivos queriam nos dizer com as mensagens deixadas na parede

Foto 5 - Gruta conhecida como a Caverna que Chora, no município de Caiapônia guarda um grande mistério, segundo relato dos visitantes, ao chegar no local o ambiente encontra-se em completo silêncio, que só é rompido pelo som das gotas caindo do teto como lagrimas. Reza a lenda que as "lágrimas" só caem quando o visitante entra na gruta, como se a natureza soubesse o perigo que o ser humano representa.

Foto 6 - Caverna de Ecos, localizada no município de Colcalzinho, a gruta, de grandes dimensões reserva ao visitante uma paisagem única, o lago de ecos, maior lago subterrâneo da América do Sul.

Foto 7 - Diferente dos espeleotemas mais comuns, a "rosa de pedra" é uma formação calcária que encanta os visitantes da gruta Três Marias, no município de Vila Propício.

Foto 8 - Caverna localizada na Serra do Roncador é um bom exemplo de como preparar o ambiente par receber visitantes, nesta gruta os locais abertos a visitação são marcados por dutos luminosos, e os espeleotemas são protegidos para não serem depredados, na ocasião, o local estava sendo visitado pela polícia ambiental do Mato Grosso.

Foto 9 - A parceria entre a AECE-Guerreiros da Natureza e o Batalhão Ambiental da PM Goiás, foi essencial para viabilizar o trabalho de identificação e registro de diversas grutas no estado de Goiás, sem o apoio das autoridades, dificilmente o grupo teria avançado tanto.

Foto 10 - Algumas grutas, como o Buraco Negro, localizado no alto da Serra da Portaria, em Paraúna, exigem técnica de rapel para que o visitante chegue ao seu interior.

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