Home / Cultura

CULTURA

Karen, luz, caçarolas, fogão, tempero e ação!

Karen Couto é carioca, uma gourmet curiosa, determinada, que viaja o mundo em busca de cultura gastronômica. Trabalhou com os chefs mais incríveis e se dedica continuamente à arte de comer bem. Tem uma coluna de gastronomia Pé na Jaca no IG/Lu Lacerda no Rio de Janeiro. Tive o privilégio de conhecê-la em Abadiânia, na Casa de Dom Inácio de Loyola, em Goiás. Neste encontro com o médium João de Deus, começamos a falar de gastronomia. João gosta de comer bem e se aventura sempre que pode na cozinha. Ele passou uma receita de peixe com sal grosso e explicou como prepara um pirão. Imagina que delícia este momento gastronômico no centro do Brasil com a conceituada chefe de cozinha. Karen ouvia atentamente a explicação do João de Deus sobre a forma de cozinhar o peixe com escamas.

A sua humildade conquistou logo a simpatia do médium. A história da Karen Couto é especial. Ela saiu por um tempo do Rio e foi estudar Gastronomia na Europa. Foi ex-colaboradora do catering de ninguém menos que Ferran Adrià (chef espanhol considerado um dos melhores chefs do mundo). A paixão de Karen com as caçarolas vem de longa data. Atualmente, ela é mestre no preparo de iguarias saudáveis, de encher os olhos e dar água na boca.

Bailarina clássica, formada em Direito, Karen passou tempos trabalhando com marketing num programa de culinária. Daí,ela percebeu que queria estudar gastronomia e se aventurar no fogão. O tempo passou e Karen transformou a emoção de aprender com grandes chefs em Paris, Espanha e Itália, em trabalho. Assim se tornou famosa como chef de cozinha. Ela trabalhou em grandes restaurantes renomados e aprendeu muito na prática e sob pressão. Segundo Karen, “a cozinha deve ser democrática. Compartilhar conhecimento ajuda a engrossar o caldo”.

A vida da chef é repleta de cores, sabores e emoções. Karen viajou para alguns países para conhecer novas culturas e estar antenada com o que há de mais novo no mundo da gastronomia. “Na Itália, nada melhor que degustar um ossobuco acompanhado de uma boa massa fresca. Da culinária catalana, sou fã da esqueixada de bacalhau (bacalhau dessalgado e desfiado com a mão, com tomate e azeitonas pretas). Na Espanha gosto do arroz com jámon ibérico e camarões e, o steak tartar da França é delícia pura!”, conta ela.

A cozinha experimental de Karen é uma delícia: moqueca de camarão com espuma de batata e azeite de ervas ou galinha d’angola com redução de vinho do Porto e foie gras. As sobremesas? Brigadeiro esférico e crocante com doce de leite e goiabada com mascarpone e menta. É de comer rezando!

Pois é, Karen é também escritora e seu livro é sobre gastronomia integrativa, Você Pode Ser Mais Feliz Comendo – refere-se aos alimentos como a melhor ferramenta para a reconexão com o Ser e a convivência em unidade. O equilíbrio entre o físico/mental, o espiritual e o emocional proporciona uma grande oportunidade para o autoconhecimento e a consciência – as principais chaves para a disposição, a autoestima, a beleza e a saúde.

A apresentação é da Carolina Ferraz e o prefácio do nutrólogo dr. Marcio Bontempo. A obra conta ainda com depoimentos de Alinne Morais, Sérgio Kalil, VIK Muniz e Giselle Itié.

A chef é pós-graduada em gastronomia funcional e é graduada pela Escola de Hostaleria de Barcelona e já fez vários processos espirituais na Índia e no Brasil. É praticante de yoga e outras práticas físicas. Dedicou-se cinco anos ao projeto do livro, na intenção de influenciar as pessoas a terem um estilo de vida mais prazeroso e consciente, sem sacrifícios. Com exclusividade para a coluna Prazeres da Mesa, ela falou sobre o seu livro.

Por que você resolveu escrever esse livro?

O meu pai faleceu quando eu tinha apenas 10 anos, de câncer de intestino (cólon) e, não por acaso, desde a minha infância, desconfortos estomacais e intestinais sempre foram frequentes. No período de oito anos em que estive vivendo na Europa, estudando Gastronomia, viajava bastante – investigando culturas, experimentando ingredientes, aprendendo e testando novas receitas. Numa dessas ocasiões, numa cidadezinha ao norte da Tailândia, conheci um diretor de cinema rico em consciência alimentar que compartilhou comigo um pouco do seu conhecimento e sugeriu: “Já que você sofre com tantos desconfortos que comprometem a sua saúde, por que você não utiliza a sua gastronomia para contribuir para o bem-estar das pessoas?”

O que você acha de dietas de desintoxicação (detox)?

Defendo a consciência e a educação/reeducação alimentar – que se aproxima mais do original sentido da palavra em grego (dayta) – regime de vida/regime alimentício. Popularmente, as dietas são entendidas, erroneamente, como algo finito, restritivo e sacrificante. Já vi pessoas praticarem dieta, mas, sinceramente, nunca as vi felizes e assimilando boas práticas alimentares na rotina. Entretanto, podem ser muito importantes num estágio inicial ou até mesmo em muitos quadros específicos. Cada caso é um caso e defendo o acompanhamento de profissionais especializados – médicos/nutrólogos, nutricionistas e outros. Contudo, organismos ‘inteligentes’ são ‘autolimpantes’–sabem o que absorver e eliminar. Acredito em inserir coisas na alimentação mais do que retirar. Substituir no lugar de excluir.

Quais são maiores equívocos/pecados da alimentação moderna?

O excesso de alimentos industrializados (carnes, refrigerantes, açúcar e cereais refinados, etc.) e de má qualidade – o corpo não os ‘entende’ e começa a se ‘defender’, enfraquecendo o sistema imunológico. Sem falar no baixo conteúdo nutricional, são alimentos vazios que debilitam o funcionamento do organismo. A falta de práticas físicas regulares compromete a oxigenação do nosso sangue e dos nossos órgãos. A má alimentação influencia os nossos pensamentos, as nossas emoções e os nossos hábitos e vice-versa. A ansiedade e o estresse (especialmente comer quando se está estressado). A ausência de conexão espiritual e ajuda ao próximo em nossas vidas também pode nos fazer adoecer.

Você nomeia alguns alimentos de ‘anjos da guarda’, poderia citar alguns?

Oxigênio de qualidade: respire! Preste atenção na sua respiração pelo menos em algum momento do dia. Medite e inspire-se. Água de boa procedência. Sono e descanso restauradores. Orar. Meditar. Perdoar.

Alimentos vivos como os germinados e vegetais – priorize frutas, hortaliças e legumes crus ou amornados, quando possível e outros. E fontes de gorduras boas como o abacate, o óleo de coco prensado a frio, as castanhas (oleaginosas), etc.

Por que você acredita que a espiritualidade influencia tão positivamente no bem-estar e na boa forma física? Quais práticas você sugere?

O autoconhecimento é fundamental para entendermos o funcionamento do nosso organismo. A espiritualidade é um dos maiores facilitadores desse processo. A meditação diária é fundamental, independente da prática ou da(s) prática(s) escolhidas por você. Sempre que posso vou a Abadiânia na casa do João de Deus, centros de meditação e outros e muita oração para estimular a minha conexão com o meu Ser superior.

Ficar sem comer emagrece?

Esse é um dos maiores equívocos que vejo a maioria das pessoas cometendo. Ao parar de comer o metabolismo diminui, o corpo faz reserva de gordura em lugares não desejados, o cérebro não funciona, etc.

7-2

Leia também:

  

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias