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CULTURA

De ameaça mortal a ponto turístico

Também conhecida como ‘estrada para a morte’ é o trecho de 56 quilômetros que sai do nordeste de La Paz (capital da Bolívia), para a região de Yungas. Em 1995 o Banco Interamericano do Desenvolvimento categorizou-a como a estrada mais perigosa do mundo. Em 2006 foi estimado que cerca de 200 a 300 viajantes eram mortos por ano ao longo da estrada. A via possui várias cruzes deixadas ao longo do caminho onde veículos caíram. Após a construção de uma via alternativa em 2007 esse número diminuiu. Por mais letal que seja a estrada, tornou-se um dos pontos turísticos da Bolívia para apreciadores de esportes radicais. Milhares de turistas descem de bicicleta o caminho que só tem três metros de largura e é margeado por precipícios e cachoeiras.

O Caminho para Los Yungas é uma das poucas vias que conectam a região dos Yungas até a capital. Após sair de La Paz, a estrada primeiramente ascende cerca de 4,650 metros até La Cumbre, antes de descer 1,200 metros até a cidade de Coroico, transitando rapidamente do terreno altiplano para a floresta tropical, a estrada serpenteia através de encostas íngremes e penhascos. Em boa parte com apenas uma faixa, a estrada tem poucas barreiras de contenção. Na maioria de seus trechos cabe apenas um veículo. Durante a estação chuvosa–que dura de novembro à março–a chuva e o nevoeiro podem dificultar severamente a visibilidade, e o escoamento de água pode transformar a estrada em um legítimo lamaçal.

Uma das regras de trânsito do local é que o condutor nunca deve se manter à direita da pista, o condutor deve se manter à margem esquerda da pista, ou seja, à beira do precipício. Isso faz com que o veículo mais rápido seja obrigado a parar para que a passagem possa ser negociada com segurança. Ao contrário da maioria das estradas da Bolívia, em Los Yungas o motorista é obrigado a manter-se à esquerda, pois isso dá ao condutor maior visibilidade da roda externa do veículo, o que torna a viagem mais segura. A via foi construída nos anos 1930, durante a Guerra do Chaco: um conflito armado entre Bolívia e Paraguai que durou de 1932 até 1935. Prisioneiros paraguaios foram usados como mão de obra para a estrada.

Turismo 

Desde os anos 1990, quando começou a ganhar visibilidade como uma das estradas mais perigosas do mundo, a estrada já recebeu milhares de turistas de todas as partes do mundo–inclusive do Brasil. A fama de estrada perigosa não afasta o público do desejo de observar a imensidão e o relevo presentes na paisagem que é muito bonita, apesar de assustadora. Existem inclusive empresas de turismo que se encarregam de guiar esses aventureiros com mais segurança. Darren Peterson, o gerente de uma dessas empresas, afirma que “Tem que descer com cuidado, não como um louco. Se for rápido demais ou com muito medo o ciclista pode sofrer uma queda grave. Mas quando a pessoa vai com calma e foca a atenção o tempo todo, a descida é fácil”.

Mesmo com todos esses cuidados e acompanhamento por profissionais experientes, a estrada continua sendo perigosa e exposta a várias intempéries. Cerca de 18 ciclistas morreram na rota desde 1998. A estrada foi “modernizada” durante um período de 20 anos que terminou em 2006. Em vários trechos a pista foi alargada de uma para duas pistas, ganhou camada asfáltica e uma nova sessão que liga Chusquipata e Yolosa, dando ao motorista a opção de evitar o trecho norte da pista original, considerado o mais perigoso. Atualmente, esse trecho foi quase totalmente inutilizado por viajantes, porém continua sendo uma atração radical para ciclistas. A nova rota possui múltiplas pistas, pontes e drenagem, e é considerada segura por quem transita.

Patterson garante que a beleza natural da região faz a aventura valer a pena. “É um dos lugares mais bonitos que já conheci. Dá para ver montanhas com mais de 6 mil metros de altura, glaciares e paisagens impressionantes. Passamos pela selva, por cachoeiras, rios e por um bosque que fica no meio das nuvens”, descreve. Os turistas também podem ver planícies nevadas, lhamas pastando e pequenas vilas. A maior parte do caminho (cerca de 90%) é composto por descida. Por ter tornado-se uma verdadeira atração, vários documentários televisivos já utilizaram a rota como cenário. Também já foi utilizada por uma marca de carros para a criação de uma propaganda publicitária para TV.

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