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De Hugo Zorzetti a Daniil kharms

Hoje o teatro goianiense reserva opções engrandecedoras para os apreciadores das artes cênicas. A obra de dois dramaturgos intensos, irônicos e ácidos estará em cartaz hoje na capital. No Teatro Sesc, a Cia de Teatro Martim Cererê encena “Cerimônia Para Personagens Estranhos”, às 20 horas, que é inspirada na obra do escritor e dramaturgo russo Daniil Kharms. Já no Espaço Cultural Novo Ato, também às 20 horas, será encenada a comédia do dramaturgo goiano Hugo Zorzetti “Crônicas de Motel”.

Dirigida por Marcos Fayad, “Cerimônia Para Personagens Estranhos” traz ao público a zombaria da realidade através do nonsense. Esta peculiaridade é, aliás, um dos carros chefes da obra de Daniil Kharms, considerado um dos precursores do chamado Teatro do Absurdo. (estilo que tem como um dos representantes mais famosos o dramaturgo e escritor irlandês Samuel Beckett).

Quando o público chega ao teatro para ver esta peça, já se depara os atores Saulo Dallago, Guerhard Sullivan, Edimar Pereira e Leopoldo Rodriguez sentados sobre em cadeiras colocadas em um quadrado vermelho no palco. E este quarteto tem a missão de trazer ao público, sob a estética e dinâmica do teatro de cabaré, 18 histórias que constam no livro “Os Sonhos Teus Vão Acabar Contigo: Prosa, Poesia e Teatro”, do escritor russo.

A montagem é ainda regada por coreografias muito engraçadas (criadas por Juliano Andrade) e uma trilha sonora com direito até a tango soviético, além de uns “bolerões estranhos”, como disse o próprio diretor. Estas características dão ainda mais charme a esta peça, que, apesar de se tratar de uma comédia, também foi feita para ser intrigante.

“Tudo o que ele (Kharms) escreveu reflete perfeitamente o absurdo do nosso tempo. As histórias parecem loucas… Mas hoje também as pessoas estão mesmo loucas. Portanto, tudo parece normal”, compara Fayad.

Comédia para adultos

A apresentação da comédia escrachada de Hugo Zorzetti, “Crônicas de Motel” vai marcar a última apresentação do Projeto Novo Ato EnCena. O espetáculo traz ao público diversas histórias interpretadas pelos atores: Luiz Cláudio e Marília Ribeiro, que trazem à plateia divertidas situações, com a história de três casais e suas fantasias bem incomuns, mas, que, certamente, prometem divertir o público.

No primeiro quadro “Um Solo de Violino na Suíte 63”, por exemplo, a protagonista ZeZé Bolcan O’Cornor, uma aluna que se encontra com seu professor de teatro Nilton em um quarto de motel, vê o relacionamento como uma excelente oportunidade para treinar suas habilidades cênicas. Para ela, tudo é fantasia e uma oportunidade de representar. Por outro lado, o professor Nilton tenta de todas as formas trazê-la ao ambiente onde estão, porém definitivamente não consegue, o que o irrita profundamente e faz com que a abandone no seu delírio.

A segunda esquete do espetáculo chama-se “A Fantasia”, e conta a história de uma senhora recatada, Ana Pereira Gonçalves, que–após 10 anos de investidas–é, enfim, seduzida por Tetê Rodrigues Faria. Mas, Ana Pereira Gonçalves entra em uma fantasia freudiana e quer ser sua mãe do pretendente. Desdobra-se daí uma série de situações cômicas, que acabam por p deixar Tetê complexado pelo resto de seus dias.

Por sua vez, o terceiro e último quadro intitulado “Baixaria na Suíte 22” traz à tona a relação do casal de terceira idade; Tereza e Wanderlan, que veem a vida conjugal ser naufragada pelo mar da rotina. Contudo, Tereza não se dá por vencida e começa a ter diversas ideias para salvar a vida íntima do casal.

Entre as três esquetes de “Crônicas de Motel”, entra em cena ainda a atriz Michelly Santana. Ela chega para dar vida a tipos muito engraçados, como uma noiva abandonada e uma camareira bisbilhoteira interessada mais em observar a vida dos hóspedes, do que trabalhar.

Gandhi  e Martin Luther King nos palcos de Goiânia

Além das peças teatrais que acontecem hoje, a Capital vai receber ainda diversas opções dramatúrgicas no final de semana. Duas delas têm em comum o fato de contar histórias baseadas em duas grandes personalidades mundiais: Gandhi e Martin Luther King.

Estrelada pelo casal de atores Taís Araújo e Lázaro Ramos, “O Topo da Montanha” será encenada na cidade neste sábado (27), no Teatro Rio Vermelho. Na montagem, na qual dividem ainda produção e direção, os atores trazem uma adaptação do texto da norte-americana Katori Hall, que teve como inspiração o último e mais famoso discurso de Martin Luther King: “I’ve Been to the Mountaintop”, em português: “Eu estive no topo da montanha”.

No entanto, a célebre fala do pastor norte-americano é ainda contemporaneizada para o Brasil atual. Mas, é fato que temas como a segregação racial e a luta pelos direitos civis vem à tona, mesmo porque ainda são questões a serem resolvidas por aqui.

Lázaro Ramos vive Martin Luther King, enquanto Taís a camareira e instigante Camae. Repleta de segredos, ela confronta o líder em um clima de suspense e deboche. Além de uma história que discute temas tão relevantes, como o preconceito, o entrosamento nos palcos dos atores–que também estrelam juntos o seriado global “Mister Brau”, tem sido elogiado pela crítica.

E neste domingo (28), será vida de Gandhi, que também vai chegar aos palcos de Goiânia, com o monólogo “Gandhi, A Ética Inspiradora”, que é estrelado por João Signorelli. A peça foi oncebida para abertura de um evento sobre recursos humanos (Fórum Líder RH) realizado em São Paulo, em junho de 2003.

No entanto, a apresentação foi tão bem sucedida que o monólogo se mantém até hoje, 11 anos depois, com poucas alterações. Em linguagem simples e direta, na peça, Gandhi conta histórias de sua vida pessoal, a relação com sua mulher e, ao final, fala sobre sua trajetória como líder, sobre a importância da conduta única e invoca a fé.

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