Home / Cultura

CULTURA

Rock honesto, de graça e de qualidade no Sarracenos

O rock goiano se diversificou. Uma parte aderiu à pequena indústria cultural e faz questão de parecer banda de grandes festivais, quer se integrar e colar no usufruto do dinheiro público, outra não está nem aí: toca em fundo de quintal, em garagens, em espaços alternativos e abertos ao público. É o caso da festança overdrive que ocorre hoje, 13, no Sarracenos Moto Clube, o motoclube mais musical de Goiânia.

A tendência de shows caseiros começou em Los Angeles, no final da década de 2000 e está em pleno vapor em Goiânia, nas apresentações em estúdios e casas dos próprios artistas.

Geralmente eles fazem os eventos sem sequer anunciar ou encaminhar releases. Esse aqui chegou de mão em mão por meio de um flyer digital.

A partir das 16h, na avenida Maurício Gomes Ribeiro, no Novo Horizonte [de frente para o Ginásio de Esportes tocado pela ONG +Ação], os músicos da periferia se reúnem para fazer música e ruídos.

A ideia de música está mais relacionada ao Júlio´s Passos & Blues, Falcões do Deserto e Anfetamanos – três novas bandas com maturidade e musicabilidade suficientes para ocupar grandes espaços.  A seção ruído fica por conta da EXDF [Exame de Fezes], banda lendária do underground com quase 30 anos de estrada e que toca absolutamente pelo amor ao ruído e protesto.

A galera do Anfetamanos é também experiente na arte de misturar rock com a pegada mais bem humorada. São filhos do encontro do Genival Lacerda com Simonal. Aí nasceu uma Grechten punk. O diálogo dos power chords (acordes de três ou quatro notas levemente distorcidos) com os dedilhados cafonas dá expressão ao estilo hard rock da banda.

Clássicos da MPB e do brega são destilados por Álvaro Neto (violão e voz), Jorge de Lima (guitarra) e Gretchen na, digamos, chupetinha. A banda diz que pretende apresentar o novo instrumento no palco do moto clube. “Apresentação musical alegre e divertida. Animamos velório, despejo, festinha para a perda de virgindade”, chama o grupo em seu flyer.

No mesmo dia, outros hormônios podem ser despertados na plateia: a Júlio´s Passos & Blues promete mexer lá no hipocampo dos presentes, com músicas setentistas e oitentistas. É a pegada mais retrô da noite.

UTOPIA

A Falcões do Deserto é outra pegada de rock clássico, com algumas inserções dos anos 90.  Mistura ecos e delays de Elvis, Johnny Cash,  Creedence, BB King e Black Label Society.

A Falcões está sempre em busca da “utopia do rock’n’ roll”: afirma em seu material de divulgação que deseja se expressar de maneira simples e sincera.  De fato, as apresentações da turma é sempre muito espontânea. Já estão acostumados com o espaços do Sarracenos, aberto aos diversos estilos que transitam do pop ao rock pesado.

METRANCA

Por último, para fechar a noite, o grupo derradeiro do rock goiano: EXDF. Comandada por cinquentões, a EXDF surgiu em meio ao cenário punk da Capital.  Ao lado da HC 137, é a banda punk de maior longevidade no cenário.  O estilo começou punk no final da década de 1980, mas logo engrenou para o grindcore – termo criado  em 1987 pelo Napalm Death.

Tecnicamente, duas características inserem a banda no estilo: o uso da batida especial conhecida como metranca [blast beats] e o uso de voz gutural – característica indefectível do (b)ocalista e poeta da banda.

É um grupo honesto, verdadeiro e que jamais entrou no rock para surrupiar dinheiro do Estado em projetos culturais que mais excluem do que incluem a população. A banda é militante em causas ambientais e realiza constantes protestos contra uma multinacional que emporcalha a região Norte de Goiânia.

O que esses aras podem fazer por você? Música de graça.  Dar algumas ideias para protestar e se posicionar diante da vida.  Fazer você rir diante de um país que cada vez mais nos faz chorar.  Longa vida ao rock and roll, como diria Dio no Rainbow.

Leia também:

  

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias