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Banda goiana lança single pulsante

Atenção, atenção, fã de boa música!  O novo single “Sombra ou Dúvida”, da banda de rock psicodélico goiana Boogarins, faz perguntas importantíssimas que nos levam a vários questionamentos em tempos onde o antigo se vende como novo. Trata-se de um jogo de palavras cujo objetivo é gerar confusão através da lisergia que há em abundância no carro-chefe do quarto disco de estúdio dos goianos, que são destaque no cenário internacional e seguem corajosamente fazendo música de qualidade em terra de ídolos sertanejos.

Elogiada pelo crítico do jornal norte-americano New York Times, Bem Ratliff, o quarteto possui uma marcante identidade musical e nos últimos anos ganhou evidência no cenário independente nacional, moldando a assinatura artística do grupo e gerando críticas positivas em diversos jornais do País. Apesar de cair na glória desses especialistas, a sonoridade da banda ganhou reforço de sintetizadores e, com isso, mais ‘ruídos’ puderam ser notados na música do grupo mais internacionalizado da cena roqueira da capital.

Dessa forma, era óbvio que o novo trabalho do Boogarins ia gerar uma certa ansiedade nos fãs, e não poderíamos esperar outra coisa a não ser sensação de expectativa em quem estava aguardando ansiosamente o lançamento dessa nova música. Mas calma – ufa! -, vocês já podem ficar mais tranquilos. Isso porque “Sombra ou Dúvida” vem sendo ouvida em todas as redes sociais desde a última semana, bem como em plataformas de streaming – a onda do momento no que diz respeito ao consumo de música.

Pois é, são tempos modernos. E a banda sempre soube aproveitá-lo, tanto que os últimos discos foram divulgados massivamente nessas plataformas. Mas, se você está ansioso em saber quando o novo trabalho vai chegar nas lojas e não adianta nem tentar lhe confortar apenas com um single, eis que este escriba tem uma boa notícia:  o álbum “Sombrou Dúvida”, quarto disco da carreira dos goianos, chegará no mercado fonográfico no dia 10 de maio pelo selo americano OAR.

Ótimo, não é mesmo? Claro, ora. A produção desse disco confunde-se com o consagrado processo feito no trabalho anterior, o cultuado “Lá Vem a Morte”, de 2017, que foi produzido e mixado pelo guitarrista Benke Ferraz. Na época, a despretensão quase hippie com vibe sessentista da banda chegou ao TioSam onde ficaram instaladas em Austin, no Texas, e gravaram cerca de 15 músicas. Neste ano, a aventura da banda em terras estrangeiras continuou por duas semanas no estúdio SPACE ATX e o resultado podemos dizer que foi satisfatório.

Lá, os músicos criaram um projeto que chama a atenção do público e crítica especializada por conta de um material lisérgico peso pesado - ops, sorry pela redundância. Também conseguiram abrir espaço para um trabalho minucioso com colagens musicais (certamente o fator que priorizou o apelo eletrônico do single) e ruídos extras de Ferraz, trazendo à tona uma definição única para os vocais de Dinho Almeida com a dinâmica de Ynaiã e Raphael ao tocarem ao vivo.

Ao contrário do que alguns jornalistas escreveram quando a banda despontou nacionalmente, em 2012, as músicas não soam chatas e mostram que o quarteto segue firme e forte até hoje como um dos melhores - quiçá o melhor - conjunto de rock psicodélico do Brasil. As composições, totalmente elegantes em seus recursos sonoros que possuem pitadas Doors e Grateful Dead, é como uma viagem de ácido quando tudo o que queria era uma companhia ao lado para controlar a euforia.

Na muitas vezes tediosa e monótona cena roqueira da capital goianiense, tida há alguns anos como ‘Seattle brasileira’, a rapaziada do Boogarins consegue ser considerada um lapso de genialidade em meio a chatice colossal e estrutural que reina por aqui. Mesmo assim, ainda que tal constatação jamais possa ser interpretada como verdade absoluta, o quarteto psicodélico encontra certa resistência em determinados ciclos de nossa cidade.

Mas nada disso é importante porque o som deles de fato possui uma lisérgia necessária às nossas percepções caretas e caducas. Então, nada melhor do que encerrar esta crítica com uma frase pra lá de gostosa, e que parece servir como luva de pelica para o tal momento histórico pelo qual passamos. “Existe um desgaste do novo/ que se repete e dá nojo”. Por fim, a goianidade: “Eu desconfio dos hábitos/ Boto fé no vivo ávido”?

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