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ECONOMIA

Açaí na terra do pequi

Bia Mendes Da editoria de Economia

Em meio às dificuldades surgem as oportunidades, principalmente para aqueles que têm uma visão otimista e empreendedora. Com a recessão na economia brasileira ter esse feeling e conseguir enxergar novas áreas para empreender é o desafio, no entanto, esse acaba sendo o momento em que muitas empresas se mostram despreparadas para enfrentar o que o mercado impõe e fecham as portas. Mas alguns empresários conseguem ver oportunidades e reinventam seus negócios, descobrindo nichos de mercado até então inexplorados ou dão uma nova roupagem para um mercado que parece saturado.

Em Goiânia, um ramo que tem se expandido a cada dia é o da alimentação saudável, com produtos naturais como o açaí. Em cada esquina é possível consumir as variações da fruta, como o tradicional açaí na tigela. Mesmo existindo na Capital há cerca de 10 anos, tal nicho de mercado, como explica a consultora do Sebrae Goiás, Luciana Rauber, continua em ascensão, apesar da crise na economia que tem afetado diversos negócios. “O ramo de alimentação também está sendo afetado, mas o açaí é bem singular. A pessoa que consome açaí não vai deixar de comer a fruta e continuará priorizando o que gosta”, aponta.

O advogado e agora empresário no ramo do açaí João Pedro Ribeiro diz que aliou uma paixão (o prazer em comer açaí) com o espírito empreendedor e se sente realizado ao abrir uma loja conceito na Capital, com pouco mais de 50 dias de funcionamento. O empresário ressalta que mesmo com esse período de recessão na economia não se intimidou para iniciar um novo negócio, vendo uma oportunidade de inovar em um mercado que, aparentemente, há grande concorrência na Capital. “É um negócio muito promissor. Criei um espaço aconchegante e confortável. Trata-se de um conceito diferente, que não existe em nenhum outro lugar”, explica.

A consultora Luciana destaca que o mercado do açaí em Goiânia e região não é um mero modismo, como de alguns negócios na área de alimentação que tiveram um “boom” e agora estão em declínio, como é o caso do mercado das paletas mexicanas – picolés recheados famosos no México. O analista de sistemas Thyago Ribeiro conheceu a novidade em uma viagem a São Paulo e pensou em empreender abrindo uma paleteria em Goiânia. “Já tinha criado mentalmente o plano de negócios, o investimento que faria e o retorno que teria com o comércio”, comenta. No entanto, ao voltar para Goiânia percebeu que sua ideia tinha sido a de muitos e acabou desistindo do negócio, visto que na Capital diversas paleterias foram inauguradas.

Inovar para agradar

No caso do açaí, mesmo sendo um mercado promissor, Luciana destaca que as empresas devem buscar inovar, seja na forma de atendimento, nos produtos, promoções, etc. A consultora aponta que é preciso estudar o público-alvo e criar atrativos que chamem atenção, já que “não é uma tendência nova, mas a forma de comercializar tem sido o diferencial, principalmente para as pessoas que frequentam academias”. A consultora afirma que um empreendedor, antes de arriscar em um ramo como o do açaí, por exemplo, precisa fazer um plano de negócios para avaliar questões específicas do mercado, como “o ponto comercial, o valor de venda, os custos de investimentos, principalmente essa questão financeira, com uma previsão do que irá gastar e do retorno. Tudo deve ser avaliado quando se vai abrir um negócio”, aconselha.

Para João Pedro e seu sócio João Bosco, os dois estão no caminho certo não apenas no quesito inovação, mas pelo fato de buscarem uma cumplicidade com os clientes. O espaço diferenciado reúne em um mesmo ambiente gastronomia, música e arte, já que há uma minigaleria de arte no local, que conta com trabalhos de artistas goianos. A loja também realiza, todas as quintas-feiras, shows ao vivo, além de ter uma parede, com giz de cera à disposição, para que os clientes deixem mensagens e escrevam o que quiserem. “É um espaço que o pessoal se sente à vontade e, quando escreve algo na parede, sente que faz parte da loja. Em resumo, aqui é um lugar para ser feliz”, afirma João Pedro.

Para o casal Thathier Lopes e Nicholas Borges, que viram a decoração ao passarem pela rua e resolveram visitar pela primeira vez a loja, o que define o espaço é a originalidade. “É bem original, tem novos sabores e combinações bem criativas. É bem diferente, gostamos muito”, ressaltou o casal que experimentou os sabores Amor (açaí, leite ninho e docinho de leite ninho) e Felicidade (açaí, brigadeiro de colher no fundo e na borda e um brigadeiro em cima).

Benefícios do açaí

Originário da Amazônia, os efeitos benéficos do açaí para a saúde são vários. A fruta é rica em vitaminas do complexo B, C, além de ter muitos sais minerais, como o ferro, cálcio e potássio. O açaí também é rico em antocianinas, substâncias responsáveis pela circulação sanguínea. Mesmo fazendo bem para a saúde, o açaí é muito mais calórico: cada 100 gramas têm, em média, 160 calorias. Dessa forma, o mesmo deve ser consumido com moderação.

O empresário João Pedro Ribeiro conta que uma das preocupações para iniciar o novo negócio foi a questão nutricional. Apesar dele mesmo ter criado os sabores que são servidos aos clientes, a loja recebeu a consultoria especializada de uma equipe de nutrição, que acompanhou a definição dos sabores, dando o aval nutricional, além de toda parte relacionada à cozinha, como armazenar os alimentos em temperaturas corretas.

Açaí gourmet: um novo estilo de consumir

Bia Mendes

O Brasil é o grande produtor mundial de açaí, responsável por 85% da oferta no planeta. Mas em cada região do País há uma maneira de servir e comer o açaí. No Pará, a fruta é servida com farinha de mandioca ou peixe. Em Goiânia, a forma mais tradicional é o açaí na tigela, servido com banana e granola. Mas outras combinações da fruta também já podem ser experimentadas na Capital, podendo ser considerada uma espécie de açaí gourmet.
Uma loja que fica no Setor Bueno tem um novo conceito quando se fala de açaí. Servido em uma taça, a iguaria é vendida em 10 combinações diferentes, mas o cliente pode montar seu próprio pedido, personalizando a taça. Há opções de açaí com nutella, brigadeiro, doce de leite, cupuaçu, leite ninho, chantilly e morango, sendo que cada sabor tem um nome especial. “Cada sabor tem um signifcado e reflete o estado de espírito da pessoa. Nosso cardápio é único e exclusivo, o que faz o cliente querer voltar para provar todos os sabores de açaí”, explica João Pedro.

Ideia
Aficcionado por açaí, o empresário João Pedro conta que a ideia para o negócio surgiu de sua paixão antiga pela fruta e da experiência de ter vivido fora do País, onde não havia o consumo de açaí. “No Chile eles não conhecem essa maravilha, então, ao voltar para o Brasil decidi empreender e na hora de escolher o ramo a paixão falou mais alto”, lembra. João Bosco conta que não queria uma loja como as que já existem, então optou por algo diferente. “É uma forma de sair do padrão fast e ir para um padrão conceito, sendo um lugar que o cliente usufrui do espaço e tem novas experiências”, destaca João Bosco.
João Pedro ressalta que a aceitação do público ao novo estilo de consumir açaí está sendo muito grande e acredita que os negócios só tendem a crescer, já que ele e seu sócio têm o projeto de expandir e criar uma rede de lojas. “Eu e meu sócio João Bosco trabalhamos incessantemente até ver esse sonho se realizar. Em breve seremos uma rede de lojas. Pretendemos ter seis unidades até 2017”, projeta.
O empresário também destaca que pelas redes sociais da loja é outra forma de interação com os clientes e que o público fica sabendo das novidades e voltam para experimentar os novos sabores ou conhecem a empresa por meio da internet. “Já estamos inspirando pessoas em outros Estados do Brasil e também no exterior pelas redes sociais. Pessoas de outros países seguem a nossa página”, comemora.

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