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Juro pessoa física sobe e bate recorde de 1995: 360% ao ano no cartão

Os juros cobrados pelos bancos nas operações com pessoas físicas, excluindo o crédito imobiliário e rural, subiram pelo quinto mês seguido em maio e atingiram 57,3% ao ano, segundo informações divulgadas pelo Banco Central. A taxa média de juros cobrada pelos bancos nestas operações, de acordo com o BC, registrou aumento de 1,2 ponto percentual no mês passado e 7,7 pontos percentuais no acumulado de 2015. Em abril, os juros bancários estavam em 56,1% ao ano.

O patamar de maio, de acordo com o BC, é o maior desde o início da série histórica, em março de 2011, ou seja, em pouco mais de quatro anos. Até então, a maior taxa de juros já registrada para pessoas físicas nas operações com recursos livres havia sido registrada em abril deste ano.

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, informou que, em 2006, os juros bancários para pessoas físicas estavam maiores do que os registrados em maio deste ano – mesmo sem haver uma série histórica mais ampla, com dados anteriores a 2011, disponíveis para consulta.

A autoridade monetária mudou, no início de 2013, o formato de registro dos dados relativos aos juros bancários e, ao mesmo tempo, também desativou a série histórica que vigorava anteriormente – informando, na ocasião, que os dados não eram mais comparáveis. "Na série curta (de 2011 para cá), é a taxa de juros mais alta para a série. Se olharmos a série antiga (não disponível para consulta), já tínhamos tido juros mais altos do que isso”, declarou Maciel.

O aumento dos juros bancários acompanha a alta da taxa básica da economia (Selic), fixada pelo Banco Central a cada 45 dias para tentar conter as pressões inflacionárias. Desde outubro do ano passado, o BC vem subindo os juros ininterruptamente. Naquele momento, a taxa estava em 11% ao ano. No fim de maio, já havia avançado para 13,25% ao ano, um aumento de 2,25 pontos percentuais.

Os números mostram que os bancos elevaram suas taxas de juros ao consumidor de maneira mais intensa. Em setembro do ano passado, antes do reinício do ciclo de elevação dos juros básicos pelo Banco Central, os juros bancários para pessoas físicas estava em 49,2% ao ano, avançando para 57,3% ao ano em abril – um aumento de 8,1 pontos  percentuais, ou seja, mais do que três vezes a alta da taxa Selic.

Segundo um levantamento feito pela consultoria Economatica para a BBC Brasil, apesar de desaceleração econômica, a rentabilidade sobre patrimônio dos grandes bancos de capital aberto no Brasil foi de 18,23% em 2014 – mais que o dobro da rentabilidade dos bancos americanos (7,68%).

Cheque especial e cartão de crédito

Os juros do cheque especial e do cartão de crédito rotativo, duas das modalidades mais caras do mercado financeiro, continuaram avançando em maio.

De acordo com o banco, os juros do cheque especial avançaram 6 pontos percentuais de abril para maio, para 232% ao ano. Com isso, permaneceu no maior patamar desde dezembro de 1995 – quando estava em 242,2% ao ano – ou seja, no maior nível em quase 20 anos.

Os juros cobrados pelos bancos, nesta linha de crédito, tiveram forte aumento nos últimos meses. No fim de 2013, estavam em 148,1% ao ano. O crescimento, portanto, foi de 83,9 pontos percentuais nos últimos 17 meses.

Já a taxa de juros média de crédito de todas operações (pessoas físicas e empresas), ainda somente com recursos livres, ou seja, sem contar crédito habitacional, rural e do BNDES, subiu de 41,8% ao ano em abril para 42,5% ao ano em maio deste ano – também o maior patamar da série histórica, que tem início em março de 2011.

A taxa das operações de pessoas jurídicas, com recursos livres, avançou 0,3 ponto percentual em maio, para 26,9% ao ano. Em abril, estava em 26,6% ao ano. O nível de março é o mais alto desde julho de 2011, quando somou 27,6% ao ano.

Inadimplência

Segundo o Banco Central, a taxa de inadimplência das pessoas físicas, nos empréstimos bancários com recursos livres (sem contar crédito rural e habitacional), que mede atrasos nos pagamentos acima de 90 dias, subiu de 5,3% em abril para 5,4% em maio. É o maior patamar desde novembro do ano passado (5,5%).

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